Que a final da Copa do
Brasil seria uma verdadeira guerra, ninguém duvidava. O que surpreendeu, foi a
forma como o Grêmio monopolizou grande parte da partida. Um Grêmio forte, aguerrido e, ao
mesmo tempo, técnico. Uma junção do excelente toque de bola implantado por
Roger Machado, com a objetividade e consistência defensiva de Renato
Portaluppi. O Grêmio não teve uma, mas pelo menos quatro oportunidades claras
de marcar. Isso só nos primeiros 45 minutos. Marcou em uma, com Pedro Rocha. O
garoto, cara a cara com Victor, teve a frieza de desviar do goleiro. O gol foi
um golpe duro para o Atlético. O Tricolor continuou empilhando arremates a gol.
O jogo que prometia ser um ataque/Atlético vs defesa/Grêmio, acabou sendo um
baile ofensivo tricolor.
O resultado era injusto.
Cabia mais. Eis que, aos nove minutos da etapa complementar, Pedro Rocha
balançou as redes novamente, após deixar três adversários para trás. O
descontrole estava formado. Aparentemente nada estragaria a noite do Tricolor. Foi quando Pedro
Rocha levou seu segundo amarelo – o primeiro foi na comemoração do gol, quando
tirou a camisa. Aí o jogo mudou.
O Galo cresceu, impulsionado
pelos famigerados gritos de “eu acredito!”. Chegou ao gol em bola parada, com o zagueiro Gabriel, um problema
recorrente do time gremista. O gol colocou os mineiros mais ainda no jogo. Tudo
se encaminhava para uma reviravolta. Pedro Rocha quase foi do céu ao inferno.
Começou a guerra, que todo mundo esperava. O Grêmio deixou-se
encurralar. Deixou o Galo gostar do jogo – o que é extremamente perigoso, dada
a qualidade do time. Mas o Grêmio teve calma. Continuou fazendo uma leitura
clara das jogadas. Pedro Rocha foi absolvido com um gol de Everton. Geromel
pegou o Atlético desprotegido e formulou um contra-ataque fulminante, que
resultou no arremate certeiro do Cebolinha. Eletrizante. Foi uma noite
gloriosa.
Com mais qualidade individual, o Galo não foi páreo para o coletivo do Grêmio. O Tricolor teve algo que os mineiros não tiveram: organização. Dominou o meio
campo. Marcou bem demais. Fica de alerta, a quantidade de gols perdidos.
Poderiam ter feito falta. Mas agora é hora de euforia. A análise fica para
amanhã.
Espinosa e Renato, campeões
em 83, voltaram para trazer de volta os tempos gloriosos. Os homens que nos
deram o mundo, estão muito próximos de nos dar mais um título. Porém, sem essa história de pensamento mágico. Não é pelo que fizeram em 83 que nos enchem de esperança, mas pelo que fazem hoje. O Grêmio é um time bem postado e bem treinado. Confiante. Isso sem
esquecer do grande legado deixado por outro vitorioso: Roger Machado. O toque
de bola envolvente, a tranquilidade... Isso tudo é herança do trabalho de Roger. Renato complementou um belo trabalho que já vinha sendo feito.
Jogar sem soberba, sem
arrogância – como vem fazendo. Essa é a receita para quarta-feira. É uma baita
vantagem, sem duvidas. Mas falta 90 minutos. É hora de administrar o relógio.
Pegar o regulamento e colocar debaixo do braço. Aí, torcedor gremista, o Rio Grande
do Sul vai ficar pequeno para tamanha comemoração. Tantos anos sofridos, tantos gritos
de “é campeão!” engasgados na garganta há 15 anos. Falta Pouco. Uma semana será
uma eternidade. Os 90 minutos restantes idem. Mas nós estamos perto, muito
perto.
Janaína Wille, @janainawille
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