Reprodução: Twitter Botafogo |
O Botafogo iniciou a temporada 2016 sob desconfiança,
por parte da imprensa e principalmente por parte de seus torcedores. O clube,
então campeão da Segundona, tinha como objetivo principal para o ano manter-se
sem sustos na Série A do Brasileirão. Para isso, dispensou boa parte do elenco
que venceu a Série B e trouxe novos jogadores, muitos desconhecidos e que
haviam se destacado em times de menor investimento não só do Brasil, como por
exemplo, as apostas certeiras Diogo Barbosa e Joel Carli. Dentre os erros,
atletas como Salgueiro, Lizio, Anderson Aquino e Geovane Maranhão. A ideia era
montar um elenco competitivo, mas que fosse, ao mesmo tempo, barato, afinal, o
Alvinegro enfrentava uma situação financeira delicada, o que comprometia
bastante as finanças do clube.
Sob o comando de Ricardo Gomes, mantido após o bom
trabalho em 2015, o Glorioso teve como primeiro teste o Campeonato Carioca. Com
muita dedicação, os comandados do treinador conseguiram chegar à final do
estadual contra o Vasco. O Botafogo acabou mais uma vez sem o título, que de novo ficou com a equipe de São Januário, no entanto, a torcida pôde ver em
campo um time esforçado e que se doou ao máximo. O reconhecimento foi imediato.
Não havia tempo para lamentar a perda do Carioca, uma
vez que o clube estrearia na semana seguinte no principal desafio do ano, a
Série A. Já no primeiro jogo, o Botafogo foi derrotado pelo São Paulo reserva
pelo placar mínimo. Foi o suficiente para que muitos já decretassem como certo
mais um rebaixamento do clube. O primeiro turno do Alvinegro foi realmente
fraco, justificando todas as expectativas negativas. O Glorioso chegou a ocupar
a lanterna da competição. Quando não era o último colocado, ocupava a zona de
rebaixamento ou lutava para não integrar o grupo com os quatro piores times.
Com vários jogadores lesionados, dentre eles o ídolo Jefferson, e com um elenco
carente para a disputa do Brasileiro, a diretoria se viu forçada a trazer novas
peças que pudessem suprir algumas posições. Mais uma vez o departamento de
futebol acertou ao contratar jogadores como Sidão, Alemão, Victor Luis e Camilo,
que deram nova cara ao time e logo se tornaram titulares absolutos. O Botafogo
também dividia as atenções com a Copa do Brasil, torneio no qual o clube chegou
as oitavas de final, sendo eliminado de forma traumática pelo Cruzeiro.
Com jogadores chegando para reforçar o elenco, bem no
meio do Brasileirão, após o fim do primeiro turno, Ricardo Gomes resolveu
deixar o Glorioso para acertar com o São Paulo. A saída serviu apenas para
alimentar o negativismo de inúmeros torcedores e jornalistas, que insistiam em
cravar uma nova queda do clube. E foi aí que uma reviravolta surgiu. A diretoria
preferiu investir em Jair Ventura, que já fazia parte da comissão técnica. O
jovem treinador, filho do ídolo Jairzinho, assumiu o comando do Alvinegro na
vigésima rodada. Jair logo mostrou a que veio ao montar um Botafogo ousado e
surpreendente, improvisando jogadores e apostando em uma defesa sólida. Sob o
comando do novo técnico, o Botafogo escalou a tabela de classificação e deixou
de brigar pelo rebaixamento, passando a mirar objetivos maiores, como uma vaga
na Libertadores, que tornou-se viável após mudanças da Conmebol. De quatro, o
número de equipes classificadas para a principal competição do continente
aumentou para seis. O Glorioso passou então a emplacar vitórias seguidas,
algumas com gols nos minutos finais, como os triunfos sobre Figueirense, Santa
Cruz e Atlético-MG. Além disso, a defesa botafoguense foi a menos vazada do
segundo turno, com apenas nove gols sofridos em 19 jogos. Com um elenco
mediano, mas esforçado, o Botafogo, de forma merecida, concretizou o sonho que
parecia improvável. Após derrotar o Grêmio fora de casa por 1 a 0, o clube,
quinto colocado com 59 pontos, confirmou sua quinta participação na
Libertadores.
Reprodução: Twitter Botafogo |
O elenco montado e a efetivação de Jair Ventura foram
fundamentais para que o Botafogo obtivesse sucesso no final da temporada. Mas outro
fator, tão importante quanto os já citados, foi determinante: a Arena Botafogo.
Sem o Estádio Nilton Santos à disposição (entregue ao Comitê Olímpico), o
estádio da Portuguesa, na Ilha do Governador, tornou-se solução e virou a casa
do Glorioso durante boa parte do ano. Sem a necessidade de realizar viagens
desgastantes, a Arena era vista como pesadelo pelos adversários. Mais um ponto
positivo para a gestão de Carlos Eduardo Pereira, que mais acertou do que errou
em 2016. Além da classificação a Libertadores, a política de austeridade
adotada foi essencial para o equilíbrio das finanças. Salários foram pagos em
dia, muitas vezes antes da data. O clube, que tanto sofria com penhoras, voltou
ao Ato Trabalhista.
Bom, para 2017, o Botafogo tem um desafio ainda maior.
Com Carioca, Copa do Brasil, Campeonato Brasileiro e Libertadores no caminho,
um elenco mais forte, cascudo e com mais opções, deverá ser formado. Isso não
significa, porém, que a política de austeridade que vem sendo adotada, seja
esquecida. A base do Glorioso, que se sagrou campeã estadual e brasileira, é
mais uma interessante opção para Jair Ventura, que segue no comando. O clube
retornará ao Estádio Nilton Santos, que agora, terá de fato uma identidade
botafoguense. Com apoio da torcida, o processo de reconstrução do Alvinegro tornar-se-á
ainda mais eficiente.
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