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Atlético 1 x 0 América TO – Valeu pela teoria

Salve, salve nação atleticana! Amigo leitor, sócio torcedor do Linha de Fundo. E o ano de 2017 começou para todos nós. Segundo os Chineses, 2017 é ano do Galo! Esperanças, sonhos e aspirações se renovam para uma temporada que promete muitas coisas boas. E foi assim, esperançosa e cheia de saudades, que a torcida atleticana parou na tarde de ontem as suas atividades para ver o Galo “versão 2017”.

Fonte: Portal Superesportes
O time que entrou em campo trouxe poucas novidades para o torcedor. O zagueiro Felipe Santana e o garoto Yago, cria da base, foram as novidades dentro das quatro linhas. Fora delas, o protagonismo ficou a cargo do nosso novo treinador, Roger Machado, e também dos novos membros da comissão técnica, temos um novo fisiologista, um analista de desempenho e Diogo Giacomini, técnico da base que se tornou auxiliar técnico fixo.

Da mesma forma que você acorda no dia 1º de janeiro ainda com toda a bagagem de 2016 nas costas, o Galo de ontem ainda mantinha alguns vícios da equipe do ano passado. A forma de jogar bastante verticalizada e alguns espaços na defesa, que fizeram alguns jornalistas do Eixo RJ-SP batizarem nossa forma de jogar, erroneamente, como estilo “Galo Doido”, ainda foram percebidas, mas algumas coisas novas e boas também foram vistas. Foi possível perceber um esboço de filosofia.

Na manhã seguinte ao Réveillon, você acorda (às vezes de ressaca), sai da cama e a partir daí vai começar a estruturar para depois materializar tudo aquilo que propôs de mudanças para o ano que inicia. Muitas vezes leva tempo até que saibamos por onde começar ou como colocar em prática aquilo que queremos e devemos executar. No futebol não é diferente.

Você não acorda no primeiro dia do ano rico, fitness, graduado, empregado, casado, maratonista ou mesmo falando um novo idioma. Ao longo do ano e à medida que você se dedica e trabalha é que aqueles objetivos que você almeja serão alcançados. Com o nosso time não vai ser diferente. O Galo começou o seu ano de 2017 disposto a alcançar objetivos que deixou para trás em 2016. Ao longo da pré-temporada, Roger e o elenco, começaram há estruturar o ano que vindouro, mas não foi no jogo de ontem, o “1º de janeiro” do time, que as coisas aconteceram na sua plenitude. E não era para acontecerem mesmo!

Fonte: Globo.com
A maior posse de bola, a tentativa de troca de passes, triangulações e o posicionamento defensivo mais compactado já se fizeram presentes no time de ontem. A fluência e naturalidade dos movimentos só serão percebidas com o passar dos jogos. Não se faz um time campeão da noite para o dia, assim como não se muda anos de um modelo de jogo. O Galo campeão da Libertadores de 2013 começou a ser construído em 2008. O estilo de jogo rápido e vertical imposto por Cuca e que caracterizou o time naquele ano ainda tem certas marcas na Cidade do Galo. Roger chegou com a missão de dar maior cadência e estrutura para um time que há anos é forte, mas que quase nunca joga na sua plenitude técnica por ser desequilibrado no elenco e desorganizado taticamente.

O jogo de ontem não agradou os olhos daquele torcedor ávido por um espetáculo, mas valeu pela teoria, pelas ideias.

O time foi a campo alinhado em um 4-4-1-1 com Giovanni no gol, Rocha, F. Santana, Gabriel e Fábio Santos compondo a linha defensiva, Clayton, Yago (melhor em campo), Carioca e Otero a linha de meio campo, Cazares atuando a frente, com liberdade como um autêntico ponta de lança, enquanto Fred era o atacante único, jogando muito mais como pivô, de costas para o gol.

Defensivamente o time funcionou como se esperava: Marcação obsessiva, compactação, com as linhas posicionadas a frente, sufocando o humilde América. Contudo no momento ofensivo o Atlético pecou nas infiltrações, no último passe. O time rodava demais, era horizontal demais e quando tentava uma infiltração a jogada não saia com a coordenação ideal, mas como já colocado, isso vem com o tempo.

O adversário, América-TO, não era do mais gabaritados, o placar de 1 a 0 conseguido com um penal que suscita discussões, para não dizer que foi daqueles penaltys que só o jogador brasileiro sabe cavar, parece pouco, mas creio que a satisfação do Roger em sua coletiva de imprensa é mais do que justa, pois o resultado foi alcançado e ele pôde ver os jogadores tentando pôr em prática, ainda de maneira incipiente, a sua filosofia de jogo.

Fonte: Globo.com; Estadão; Fernando Michel
Neste começo de temporada, alguns jogadores que ele não conhece deverão ser testados. Irrita-me ver o Hyuri em campo e acho que o Clayton não conseguirá aqui, pelo menos nesta passagem atual, ser sombra do jogador tão disputado pelos times brasileiros no início de 2016, mas entendo perfeitamente quando o Roger os escala, Clayton até como titular, para a primeira partida do ano, contra um adversário limitado e a pouco mais de três dias do maior jogo de Belo Horizonte, o seu primeiro como treinador do Galo, contra o segundo time de Minas Gerais (clássico para mim é contra o Flamengo).

Nós, torcedores, vimos toda a temporada de 2016 destes jogadores e sabemos de antemão o que podem ou não render, mas para o Roger, estas partidas, contra equipes de menor poder e expressão, servirão de laboratório para algumas peças do elenco. O jogador que não conseguir render neste tipo de partida, e estes dois claramente nada produziram enquanto estiveram em campo, provavelmente não terá espaço na briga por posições nos torneios mais importantes e possivelmente abrirá espaço no elenco para a vinda de verdadeiros reforços ou de crias da categoria de base. Vejo o jogo de ontem como uma partida que serviu para alguns testes e para tirar a “ferrugem” antes do confronto de quarta-feira. Ali acho muito difícil que o Roger faça experimentos. Vai com o que tiver de melhor para o seu primeiro desafio do ano.

O Galo de Roger Machado não será uma equipe afobada, a torcida, se quiser apoiar o time, também não pode ser. Devemos ter clareza para discernir entre controle de jogo e lentidão. O controle de jogo passa por uma estruturação que começa na defesa, passa pelo meio de campo e termina no ataque enquanto a lentidão decorre de uma completa incapacidade de propor o jogo. Por mais que alguns possam não gostar deste estilo uma coisa é indiscutível, quem tem controle de jogo e qualidade técnica dificilmente perde um jogo. Se quisermos ser competitivos em um Brasileirão de 38 rodadas e uma Libertadores de nove meses teremos que ser muito mais que uma equipe baseada em 15 minutos iniciais de pressão e correria apoiados nos gritos da arquibancada ou dependentes exclusivamente de um momento de brilhantismo dos nossos craques.

Exemplo claro deste modelo se deu há exatamente sete anos com a Espanha de Vicente Del Bosque, ali era o auge do Tik-Taka, contudo sem a genialidade dos estrangeiros do Barcelona (Messi, Ronaldinho, Eto’o, Henry, Suarez, Neymar, etc.). A seleção espanhola vencia seus adversários com 60, 70 e às vezes até 80% de posse de boa, ou seja, controle. Mas nem sempre tal imposição era traduzida em gols, o que tornava o jogo belo em alguns momentos, mas chato em outros tantos. Na Copa do Mundo da África do Sul mesmo a fúria não venceu com diferença maior que dois gols.

Roger pelas suas entrevistas, certamente bebeu desta fonte, contudo a arquibancada precisa ter alguma paciência para não queimá-lo injustamente por conta dessa “cultura” do vamos que vamos sempre presente no DNA alvinegro.

O elenco do Galo atual tem pedigree para render bem mais que isto, até porque nem todas as peças estão a ponto de bala, falta muita gente para entrar (Victor, Leo Silva, Elias e Robinho). Um time que se monta com a proposta de ser protagonista nas competições que disputa não pode tomar quase uma centena de gols por temporada.

O ano do Galo começou ontem, vamos ter calma e apoiar o trabalho escolhido pela nossa Diretoria para que ao final da temporada possamos tirar as conclusões necessárias. O desejo de vitória é enorme, mas um dos segredos do sucesso é sempre respeitar as etapas para alcançá-lo. Só corre uma maratona quem aguenta e sabe respeitar cada quilômetro da mesma.

Galo sempre!

Por Leonardo Moutinho e equipe Vingadores LF

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