O Derby não é, nunca foi e nunca será um jogo
qualquer. Ele tem proporções indescritíveis e inimagináveis, capazes de tornar
um ambiente tranquilo em crise e vice-versa após noventa minutos de jogo. Para
jogos especiais, textos especiais: Considerando as atuações negativas de
Palmeiras e, principalmente, do juiz, farei em modelo de perguntas e respostas.
Confusão marcou a patética expulsão do volante Gabriel. (Foto: Globo Esporte) |
E assim foi o primeiro Derby do ano centenário:
O Palmeiras mereceu perder?
Sim, bastante. Mesmo antes da lambança do juiz ao
expulsar erroneamente Gabriel, o Corinthians era superior ao Palmeiras,
especialmente nos primeiros quinze minutos. Depois o jogo até equilibrou, mas o
segundo tempo foi basicamente um time com vontade contra outro, no mínimo,
acomodado. Dentro da proposta de cada um, o alvinegro mereceu muito mais a
vitória.
A culpa é de Eduardo Baptista?
Eduardo escalou bem (nas redes sociais a aprovação foi
quase unânime), com ousadia e apenas um jogador de marcação, e acertou ao
colocar Guerra no intervalo. Seu pecado foi o medo na fase decisiva do jogo.
Contra um adversário tão fechado, a saída de Felipe Melo poderia ser
aproveitada de maneira mais ofensiva. É claro que ele pode e deve tornar o time
mais agressivo e menos estático, mas o problema maior foi de postura do que
qualquer outra coisa. Faltou o “sangue nos olhos”.
Então o culpado é o Guerra?
De jeito nenhum, muito menos por ele. Além de entrar
bem no jogo, foi um dos poucos que tentaram buscar o gol. Errou no lance
capital, assim como Vitor Hugo algum tempo atrás. Parece que muita gente não
aprendeu.
Felipe Melo ficou devendo?
Jogou uma partida muito correta e só frustrou quem
queria um cartão vermelho para fazer manchete nos jornais do dia seguinte. Não
se assustem se ver que ele “pipocou” nas redes sociais já que qualquer que
fosse seu comportamento seria criticado. Se hoje ele “pipocou”, seria
classificado como “violento” se tivesse sido expulso. Vale lembrar, apesar de
toda mídia que tem, sua função é de marcação e organizar a saída de bola, não
driblar três e fazer o gol da vitória – embora seja ótimo se um dia o fizer.
Keno teve uma atitude errada ao acusar Gabriel como autor da falta?
Em um mundo correto e sem interesses, sim. Acontece
que esse não é o mundo do futebol e a atitude do Keno foi rigorosamente a mesma
de um atacante que tenta simular um pênalti ou aquele jogador que faz a falta e
reclama. A única diferença é que foi em um jogo de destaque e que o juiz foi na
onda.
Aliás, é bastante comum “bolos” de jogadores em cima
do juiz cobrando a expulsão de um jogador ou outro, mesmo quando a falta é
simulada. De resto, é indignação seletiva: Depende do time e da situação vira
absurdo, em outras tantas é até elogiado como “malandragem” do brasileiro.
“Ah, mas o Gabriel já não deveria ter sido expulso antes”?
De jeito nenhum. O primeiro carrinho que ele deu no Dudu
era obviamente para cartão amarelo. O juiz, que já se mostrava perdido, não
deu. Em um segundo momento ele corrigiu aplicando o cartão amarelo em uma falta
que não era para cartão amarelo, compensando o erro. Portanto, não era para ele
ser expulso na segunda falta – que, diga-se, foi uma falta bem normal.
Por que o juiz não voltou atrás quando falou com o auxiliar?
A resposta em coletiva pós-jogo foi de que não ficou
claro entre eles quem teria feito a falta, mas parece muito mais uma desculpa
do que como fato. A interferência externa do Fla-Flu pode ter pesado, difícil
saber. Parece pouco provável tomar uma decisão de expulsar sem ter certeza.
Também é difícil entender como má intenção já que ele tinha deixado de dar um
cartão para o próprio Gabriel no começo do jogo e inverteu algumas faltas para
os dois lados.
E agora?
A única certeza sobre esse jogo é de que quem perdesse
ganharia uma grande carga de pressão. Com a expulsão bizarra do juiz, Carille
ganhou uma “carta branca” já que uma derrota precisaria ser minimizada pela
situação do jogo. O contrário também acontece: Eduardo volta a sofrer forte
pressão, maximizada pelo resultado. Um jogo ruim no sábado e haja corneta.
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