Salve, salve, nação atleticana! Ontem o Galão da Massa
recebeu o América no salão de festas pela quarta rodada do nosso tão surrado e
criticado Campeonato Mineiro, saiu com os três pontos e a única campanha 100%
do campeonato até aqui.
Na arquibancada e no gramado, nunca se viu tanta
criança naquele estádio. Uma iniciativa diferente e muito bacana do Galo, que,
ao que parece, acordou de vez para o marketing. Não foi 100%, é verdade, porque
o pessoal se esqueceu que criança consome (e muito) no estádio, principalmente
picolé, água e pipoca, e não havia vendedores suficientes para dar conta do
recado. Mas o espetáculo foi muito legal e foi só a primeira vez, tomara que
nas próximas isso melhore.
Fonte: Superesportes |
No campo, o Galo galgou mais um ou dois degraus na
longa escadaria da nova mentalidade/esquema tático. Escalação repetida, time foi escalado no
4-4-1-1, com Giovanni, Rocha, Leo Silva, Gabriel e Fábio Santos na primeira
linha; Otero aberto na direita, Elias e Carioca alinhados na meia cancha e
Danilo aberto na esquerda formavam a segunda linha; com Cazares e Fred
posicionados mais a frente.
De maneira geral, acredito que o Roger tenha feito um
bom resumo do jogo quando disse que o “o
placar não refletia o quanto o clássico tinha sido disputado”. É verdade, foi disputado mesmo, principalmente na
primeira metade do primeiro tempo e nos quinze ou vinte minutos após o segundo
gol alvinegro (tanto que o América logo diminui), mas acredito que algumas
circunstâncias têm que ser consideradas nessa “equação”.
Em primeiro lugar, no início do jogo, quando os times
estão com 100% de energia para gastar e ainda se estudando e se entendendo
reciprocamente, é normal que a entrega e a disposição façam mais diferença, em
comparação com a tática, principalmente depois que o jogo já está “assentado”.
Foi o que aconteceu, o América se dispôs a não fazer um jogo só de defesa no
início, marcava mais alto, se entregava e criou alguns lances de perigo, mas
nada demais. A partir dos quinze minutos até o final do primeiro tempo o Galo
mandou no jogo.
Depois, no segundo tempo, o Galo continuou muito
melhor até fazer o segundo gol, quando acredito que aconteceu um “duplo
fenômeno”: De um lado, o Galo deu uma relaxada porque estava com dois de
vantagem e tinha dominado amplamente (eu diria quase que completamente) o jogo
desde o meio do primeiro tempo. E, de outro lado, o América percebeu que se
continuasse como estava a vaca caminharia para o brejo de forma lépida e
faceira, dando aquele “plus a mais”. Resultado:Gol do América, que acreditou
que podia fazer algo diferente e se jogou cada vez com mais vontade em busca do
empate, até que o Galo, acertando dois contra-ataques mortais, acabou com o
jogo e deu números finais ao placar: Quatro a um.
Ou seja, concordo com o Roger que o jogo foi, sim,
muito disputado, mas acredito que em momento nenhum o Galo tenha sido inferior
ou sequer equivalente ao América na disputa tática. Naqueles momentos em que o
psicológico fez mais diferença, como dito acima, o América produzia mais, mas
foi só.
Fonte: Atlético; Bruno Cantini |
Do lado do Galo, algumas boas notícias quanto à
evolução do esquema tático. Duas me chamaram particularmente a atenção: Em
primeiro lugar, a marcação alta começando já na saída de bola do adversário. O
América não conseguiu sair jogando com a bola no chão praticamente nenhuma vez,
era sempre chutão do goleiro pro “bumba meu boi” lá na frente. Fred, Cazares e
Otero sempre se encostavam aos zagueiros. E, por outro lado, com o Galo foi o
inverso. Mesmo nos momentos em que o América se propunha a marcar a saída de
bola do Galo, nosso time conseguiu, em vários deles, sair jogando com passes e
triangulações, mesmo sob pressão. Isso foi novidade, não me lembro do Galo ter
tido confiança pra isso nos jogos anteriores, quando a marcação estava presente
já na saída.
De uma forma geral, o time começa claramente a
absorver o esquema de jogo e dá pra ver que os jogadores já sabem onde está o
companheiro, ou onde vai estar, em quase todas as situações. Isso faz com que o
jogo fique mais fluido, menos “mecânico”. Principalmente nos três primeiros
jogos do ano, a maneira como o time se comportava quando tinha a bola lembrava
um robô dos filmes dos anos 70 ou 80, se mexendo aos trancos, sem fluidez
nenhuma. Atribuo isso ao fato de que os jogadores, ainda não acostumados ao
esquema, terem sempre que gastar “meio
segundo” a mais pensando o que fazer com a bola. Vale a pena assistir aos
VT’s desses três primeiros jogos pensando nisso. Esse “meio segundo” matava
praticamente todas as jogadas do time, principalmente quando o adversário se
dispunha a pressionar na marcação. Daí a grande dificuldade, eu acredito, de o
time conseguir chegar ao gol do adversário naqueles primeiros jogos.
Fonte: Superesportes |
Nos últimos três, entretanto, as coisas começaram a
clarear de forma considerável. Ontem, o que se viu foi um time que errou mais
nos lances individuais (cortesia principalmente de Cazares e Marcos Rocha) do
que no coletivo. Aliás, como o próprio Roger disse ontem e já tinha dito antes
em outra oportunidade, o time ganhou o jogo no coletivo.
E, no coletivo, o Galo dominou amplamente o América.
Várias vezes conseguiu roubar a bola se valendo da marcação que começava já na
linha dos atacantes, e todos – repita-se, TODOS – os jogadores participaram da
marcação, inclusive Cazares, que errou mais na hora de produzir jogadas do que
no posicionamento defensivo. Até Marcos Rocha, que muitas vezes no passado
recebeu críticas por não defender tão bem, parece estar conseguindo se
encontrar no esquema e, no aspecto defensivo, não decepcionou.
Outra prova de que o time está quase eliminando aquele
“meio segundo” a mais é a quantidade de passes de primeira trocados entre os
jogadores do Galo, mesmo em lances onde o espaço não era tão grande. De novo,
basta assistir os VT’s dos primeiros jogos e comparar com o de ontem. A
diferença nos toques de primeira é gritante.
Nota de destaque também para a evolução física do
Galo. O time agora corre do começo ao fim e, ao que tudo indica, a era das
“lesões em série” ficaram para trás (você não está vendo, mas estou batendo na
madeira enquanto escrevo isso). Esse aspecto deve ter duas faces, uma pela
própria preparação física em si, que deve estar melhor, e outra porque no
esquema de “jogo apoiado”, como chama o Roger, os jogadores se desgastam muito
menos. Correm “certo”, por assim dizer.
No individual, o que se viu foi, acima de tudo, Fred
vivendo grande momento. Marcou gol de todo jeito e ainda deu uma assistência
para uma jogada que teve a assinatura do nosso Maico-infiltração-suel. Ainda me
surpreendo com a capacidade que ele tem de passar em espaços onde parece que
não vai dar.
Fonte: Globo.com |
Otero continua mostrando disposição e qualidade pra
não sair do time de jeito nenhum. O meio defensivo e a zaga me pareceram muito
bem colocados, o América praticamente só conseguiu chegar, quando chegou, pelas
laterais. Aliás, justiça seja feita, parece que as longas férias forçadas
fizeram bem demais ao nosso Léo Silva e ele, por sua vez, fez bem demais ao
time. Elias já estava mais ambientado, Carioca jogou muito bem. Fábio Santos e
Marcos Rocha melhoraram muito na defesa e no apoio ao ataque. Rocha errou
alguns passes e lançamentos bobos, mas se redimiu no final com um toque
excepcional que praticamente construiu o terceiro gol do Galo.
Em conclusão: O time continua a evoluir sob o comando
do Roger. Ainda não “chegou lá”, mas estamos no caminho. Jogo a jogo a gente
vai acompanhando o resultado dos treinos e eu acredito que temos razão de sobra
para alimentar esperanças bem altas para esta temporada.
Vai, Galo!
Por: @GalodeEsquerda - Aveztruzão da Massa e Equipe Vingadores LF
0 Comentários