Os brasileiros nunca foram exatamente muito populares
na esfera futebolística inglesa. É verdade que nos últimos anos esse cenário
vem tomando uma nova forma, muito pelo fato da intensa globalização efetiva no
mundo atual, e aos poucos, os tupiniquins vêm conquistando um espaço maior no
futebol da terra da rainha, mas se formos olhar para algumas décadas atrás, a
parcela de brasileiros era praticamente nula. Com o Arsenal não foi diferente.
Em mais de 130 anos do clube, somente nove brasileiros
jogaram com a camisa dos Gunners. Aqui falarei um pouco sobre cada um deles.
Sylvinho (1999-2001)
Após uma boa passagem pelo Corinthians, Sylvinho (que
na época ainda era Silvinho) assinou com o Arsenal em 1999, em uma
transferência que custou quatro milhões de libras aos cofres do clube,
tornando-se assim o primeiro Gunner brasileiro. Nas duas temporadas que
disputou pelo clube, conseguiu se firmar como titular na lateral-esquerda do
time, somente perdendo espaço no fim de sua passagem, para o inglês Ashley
Cole. Sylvinho é lembrado por alguns torcedores até hoje por alguns golaços que
marcou, como sua pintura diante do Sparta Praha na Champions League. Em 80
partidas pelo clube, marcou cinco gols e faturou a FA Community Shield de 1999.
Individualmente, também obteve destaque, figurando no time do ano da Premier
League na temporada 2000-01.
Juan (2001-2004)
Sim, aquele Juan mesmo, que jogou por Flamengo, São
Paulo e mais recentemente, Coritiba. Juan chegou ao Arsenal muito jovem, 19
anos apenas, e com status de lateral-esquerdo promissor; e não passou disso.
Durante toda sua passagem, disputou só duas partidas, mas integrou o plantel em
uma fase vitoriosa do clube, que o possibilitou incluir quatros títulos em seu
currículo: Duas Community Shield, uma FA Cup e até uma Premier League (isso
mesmo Gerrard).
Edu (2001-2005)
O meia-central Edu chegou ao Arsenal em janeiro de
2001, também após se destacar pelo Corinthians. Seu começo, de longe, não foi
dos melhores; logo na estreia, deixou o campo lesionado após jogar apenas
quinze minutos e voltou a tempo de disputar somente mais quatros jogos na sua
primeira temporada. Na temporada seguinte, Edu voltou melhor, sua adaptação ao
futebol inglês foi bem fácil, e o meia conseguiu ajudar o Arsenal na caminhada
pelos títulos FA Cup e da Premier League 2001-02, sagrando-se o primeiro
brasileiro a vencer uma PL. Edu,em todo seu tempo como gunner, nunca conseguiu
se firmar como titular absoluto na equipe, muito por conta da grande
concorrência que existia na sua posição, mas sempre que era exigido, cumpria
muito bem o seu papel. Um futebol refinado aliado a um carisma inconfundível,
fizeram com que Edu ganhasse o coração dos torcedores e de seus companheiros de
time. Antes de rumar para o Valencia, em 2005, o brasileiro ainda participou
dos títulos de mais duas FA Cup, duas Community Shield e da Premier League
2003-04, onde o Arsenal foi campeão de forma invicta. Em 127 partidas, marcou
15 gols.
Gilberto Silva (2002-2008)
Unanimemente o maior brasileiro a jogar pelo Arsenal
até hoje, Gilberto Silva se tornou um Gunner em 2002, depois de conquistar a
Copa do Mundo com a seleção brasileira, onde foi titular em todos os jogos da
campanha. Gilberto chegou ao clube com moral, pois além da medalha de campeão
do mundo, o volante também se recusou a usar a camisa número 6, eternizada pelo
lendário Tony Adams, pois acabara de chegar, atitude reconhecida pelos
torcedores. Logo em sua primeira temporada, assumiu a titularidade na volância
do Arsenal. Gilberto era um exímio 'carregador de piano', era muito bom em fazer
o 'trabalho sujo', e isso fez com que se tornasse peça-chave nos esquemas de
Wenger durante anos, inclusive nos times dos Invencíveis, na temporada 2003-04
e no que chegou à final da Champions League 2005-2006. Em 2007, o volante
brasileiro recebeu a braçadeira de capitão da equipe, após Henry, que até então
a possuía, rumar para o Barcelona. Em seis anos de clube, foram 244 partidas,
24 gols e cinco títulos: Duas Community Shield, duas FA Cup e uma Premier
League.
Denílson (2006-2013)
Em 2006, chegou ao Arsenal, Denílson, mais um volante
brasileiro para o plantel. Denílson não teve vida fácil em seu começo pelos
Gunners; a concorrência por sua posição era muito forte, e o brasileiro teve
que esperar por oportunidades, até que em 2008, após alguns companheiros de
time seu deixarem o clube, elas enfim vieram. O volante agarrou com muita
vontade as chances que teve e conseguiu se firmar no time titular. Além de sua
qualidade defensiva, Denílson também era muito bom em chutes de média e longa
distância, o que o possibilitou marcar alguns belos gols com a camisa do
Arsenal. Problemas com contusões, aliados com a ascensão de Jack Wilshere
atrapalharam a sequência de Denílson, e as oportunidades como titular ficaram
cada vez mais raras a partir de 2010. Em 2011, foi cedido por empréstimo para o
São Paulo, encerrando seu ciclo pelo Arsenal, afinal, o brasileiro não voltou a
atuar pela equipe londrina. Em 153 partidas, o brasileiro marcou 11 gols.
Júlio Baptista (2006-2007)
Júlio Baptista já era sonho antigo de Wenger quando em
2006, chegou ao clube proveniente de um empréstimo do Real Madrid. A adaptação
do brasileiro ao futebol inglês foi complicada, e Julio não conseguiu fazer uma
boa Premier League, onde balançou as redes apenas três vezes em vinte e quatro
jogos. Entretanto, se o brasileiro não conseguia desenvolver seu futebol na
liga, pela Copa da Liga Inglesa a situação era diferente; seis gols marcados na
competição, quatro deles em uma única partida, um sonoro 6x3 diante do
Liverpool, de longe a melhor atuação do meia-atacante pelos Gunners. Ao fim da
temporada, Baptista voltou para o Real Madrid, terminando sua passagem pelo
Arsenal.
Eduardo da Silva (2007-2010)
O brasileiro naturalizado croata Eduardo da Silva (ou
só Eduardo) se tornou jogador do Arsenal em 2007. Sua adaptação ao estilo de
jogo local não foi demorada, e Eduardo teve um empolgante início pela equipe,
anotando doze tentos em vinte e dois jogos como titular em sua primeira
temporada. A frieza do atacante frente ao gol era algo louvável, característica
essa que o proporcionou ser considerado o melhor Gunner no quesito desde Ian
Wright. Todavia, tudo mudou depois daquela partida contra o Birmingham City... Foi
nela que Eduardo teve uma fratura exposta na fíbula após uma entrada criminosa
do defensor adversário. A lesão na perna deixou o jogador um ano fora dos
gramados, e quando voltou a atuar, infelizmente não conseguiu repetir o mesmo
futebol de antes e seu espaço no time titular foi diminuindo gradativamente. Em
2010, Eduardo deixou o Arsenal após sessenta e sete partidas, vinte bolas na
rede e um sentimento de 'e se?' na cabeça dos torcedores.
André Santos (2011-2013)
Em agosto de 2011, o lateral-esquerdo André Santos,
até então jogador do Fenerbahçe, assinou com o Arsenal. André vinha de alguns
bons anos, pois havia ido bem ao futebol turco e seu nome estava presente na
maioria das convocações da seleção brasileira. Contudo, pelo Arsenal
definitivamente não foi bem; disputou somente trinta e três partidas, onde
marcou três gols e recebeu críticas da maioria.
Gabriel (2015-atual)
Foto: Arsenal.com |
O zagueiro Gabriel é o único brasileiro presente no
plantel atual do Arsenal. Até o momento, são 57 partidas disputadas, com um gol
marcado. O brasileiro chegou ao clube após uma boa passagem pelo Villareal, da
Espanha, já pelo Arsenal, não conseguiu só repetir seu futebol apresentado
anteriormente, também apresentou uma grande melhora na parte defensiva. Mesmo
que não seja titular absoluto, não decepciona quando joga, independente com
quem fizer a dupla de zaga. É claro que não é só de rosas que vive Gabriel no
Arsenal, como qualquer jogador, vive alguns altos e baixos, mas de modo geral,
é uma boa peça para Wenger e só agrega mais força ao elenco.
Lembrava-se de todos? De fato já tivemos alguns nomes
muito bons e outros nem tão bons assim... Por hora, desejo toda a sorte do
mundo à Gabriel e espero que em breve essa lista possa ficar ainda maior!
Por: Matheus Moraes // Twitter: @mathmoraees
1 Comentários
Faltou o Wellington Silva, atualmente no Fluminense.
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