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Guia da Libertadores 2017 – Grupo 1


Após a emoção das fases preliminares, a principal competição de clubes da América finalmente chega à fase de grupos, onde entram os principais candidatos ao título. Dando início a série que preparamos, o Linha de Fundo traz pra você o primeiro texto do Guia da Libertadores, apresentando as perspectivas de cada um dos oito grupos.

Por ordem, iniciamos pelo Grupo 1, que é composto por Atlético Nacional, atual campeão, Estudiantes, Barcelona de Guayaquil e Botafogo, que foi o último a garantir sua vaga nesta fase. Se levarmos em consideração apenas a tradição, este certamente será um dos grupos mais equilibrados, contando com três finalistas da competição  sendo que dois deles, se somados, ostentam seis conquistas de Copa , além do tradicional clube brasileiro. Porém, o momento de cada time é ainda mais fundamental, para ter uma perspectiva de classificação. Veja como chega cada um dos quatro integrantes:

GRUPO 1: Atlético Nacional (Colômbia), Estudiantes (Argentina), Barcelona (Equador) e Botafogo (Brasil)

Por: Marcelo Júnior || Twitter: @marcelinjrr



Club Atlético Nacional S.A.

Fundação: 08 de março de 1947
Cidade: Medellín Colômbia
Estádio: Atanasio Girardot
Melhor campanha: Bicampeão (1989 e 2016)
Última participação: 2016

Vindo de um ano brilhante, o Atlético Nacional foi a grande sensação de 2016 – muito pela lição de solidariedade dada fora de campo, mas principalmente pelo futebol vistoso apresentado, culminando em boas participações em todas as competições que disputou –, considerado por muitos o melhor time da América. Nas competições continentais, chegou em ambas as finais, e é o atual campeão da Libertadores e, consequentemente, se garantiu também nesta edição.

Jogadores do Atlético Nacional comemoram título da Taça Libertadores (Foto: REUTERS/John Vizcaino)
O Atlético Nacional voltou a conquistar a América após 27 anos (Foto: Reuters/John Vizcaino)
O sucesso na temporada passada premiou o trabalho bem feito nos últimos anos. Ainda com Juan Carlos Osório, o verde já havia demonstrado força continental, sendo vice-campeão da Copa Sul-Americana de 2014 – eliminou o próprio São Paulo nas semifinais e perdeu a final para River Plate –. Antes disso, nas oitavas da Libertadores, eliminou o Atlético-MG, que era o atual campeão naquela oportunidade.

Contudo, o time colombiano não é considerado uma das forças do continente apenas pelo histórico recente, tendo conquistado também a competição em 1989. Além dos dois títulos, os Verdolagas ostentam algumas campanhas marcantes, sobretudo nas três oportunidades que foi finalista – perdeu apenas a decisão de 1995 para o Grêmio –. Sob suspeitas de envolvimento com o Cartel de Medellín no passado, o ano de 2016 serviu para mostrar o outro lado do time, que ganhou a simpatia de muitos.

Reinaldo Rueda segue no Atlético Nacional (Foto: AFP)
Passada a euforia, o maior desafio do time será manter a competitividade apresentada na temporada passada, já que muitos destaques do time saíram. Antes mesmo do Mundial, o promissor Marlos Moreno rumou para o futebol europeu, enquanto Jonathan Copete acertou com o Santos. Posteriormente, Alejandro Guerra (o melhor jogador da última edição) acertou com o Palmeiras, assim como Miguel Borja; Orlando Berrío, por sua vez, se transferiu para o Flamengo.

Em contrapartida, o elenco ainda conta com vários pilares da temporada passada, como o goleiro Franco Armani, o zagueiro e capitão Alexis Henríquez e o lateral Daniel Bocanegra, além do técnico Reinaldo Rueda, que chegou a ser especulado no Corinthians. Com a permanência, o treinador terá a missão de repetir aquilo que tem acontecido nos últimos anos, cujo clube tem suprido bem a saída de jogadores importantes. Aos 32 anos, Macnelly Torres, deverá ser ainda mais protagonista nesta temporada.

Os primeiros resultados de 2017 dão indícios que o time de Medellín ainda é uma das forças no seu país em termos de elenco: na terceira colocação do Apertura  cinco pontos atrás do líder e rival Independiente, mas com dois jogos menos, que o possibilitam assumir a ponta . Esta será a quarta participação consecutiva e em nenhuma delas ficou de fora do mata-mata. Levando em conta o histórico recente, entra como o grande favorito do grupo, onde terá base para saber se pode ou não almejar o tricampeonato.

Club Estudiantes de La Plata

Fundação: 4 de agosto de 1905
Cidade: La Plata Argentina
Estádio: Ciudad de La Plata
Melhor campanha: Tetracampeão (1968, 1969, 1970, 2009)
Última participação: 2015


O Estudiantes está de volta à principal competição da América. O tetracampeão continental não disputava a competição desde 2015, quando chegou ao mata-mata daquela edição, mas acabou eliminado para o Santa Fé nas oitavas. Desta vez, entrará como o segundo que mais venceu a principal competição do continente, atrás apenas do Penãrol – são quatro dos argentinos contra cinco dos uruguaios –.


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Verón é presidente e jogador do clube (Foto: Divulgação/Site oficial do Estudiantes de La Plata)
Devido ao título recente, o clube de La Plata certamente está na lembrança de muitos brasileiros, sobretudo dos torcedores celestes. Em 2009, fez a sua melhor campanha recente, foi algoz do time brasileiro e bateu o Cruzeiro na final, levantando a taça em pleno Mineirão. Antes disso, já havia conquistado a Libertadores em outras três oportunidades, todos de maneira consecutiva, nos anos de 1968, 1969 e 1970. Já em 1971, perdeu a decisão para o Nacional, do Uruguai, ficando com o vice-campeonato.

Além da tradição, as esperanças estão no desempenho no Campeonato Argentino, onde venceu oito dos dez primeiros jogos. A invencibilidade foi mantida até a décima primeira rodada, quando foi derrotado para o Banfield, por 3 a 2, jogando fora de casa. Após liderar por um período, oscilou nos últimos jogos, o que custou algumas posições. Ainda sim, é o quarto colocado atualmente, atrás apenas quatro pontos do líder Boca Juniors. O início é animador e mostra a qualidade do elenco.


estudiantes x rosario central (Foto: Divulgação / Estudiantes)
O Estudiantes espera repetir o desempenho no início do Campeonato Argentino (Foto: Divulgação/Estudiantes)
O atual técnico é Nelson Vivas, que é um dos que está há mais tempo no cargo entre os times da elite argentina, desde 2015 no clube. Em termos de elenco, o jovem treinador conta com a juventude de alguns jogadores, mesclada com a experiência de outros com passagens pela seleção albiceleste. Dentre eles, o goleiro Andújar, o atacante Lucas Viatri e, ninguém menos que, Juan Sebastian Verón, que também é presidente do clube.

Aos 41 anos, o ídolo remanescente da última conquista cumpriu a promessa de retornar aos gramados, podendo agregar mais experiência do que protagonismo – não será tão fundamental como em outros tempos –. Entretanto, a sua presença poderá ser importante para alguns jovens promissores, como é caso do volante Santiago Ascacíbar. Uma baixa importante é Carlos Auzqui, que vinha fazendo um bom Campeonato Argentino, mas acertou a sua transferência para o River Plate.

Apesar de ter uma camisa mais "pesada", os Pincharratas não entram como o principal favorito a se classificar como líder do grupo, uma vez que o sorteio colocou o atual campeão no caminho. Entretanto, tem tudo para superar até os próprios colombianos, desde que consiga repetir algumas boas atuações em determinados momentos da temporada.

Barcelona Sport Club

Fundação: 1º de maio de 1925
Cidade: Guayaquil Equador
Estádio: Banco Pichicha
Melhor campanha: Vice-campeão (1990 e 1998)
Última participação: 2015

O Equador também tem seu representante no Grupo A. Atual campeão nacional, o Barcelona carimbou a sua participação na fase de grupos, após vencer as duas fases do Campeonato Equatoriano. Este foi apenas o segundo título do time de Guayaquil nos anos 2000 e a conquista de 2012 foi histórica para o clube – desde 1997 não levantava o caneco –.

Apesar de ter perdido um pouco da soberania nos últimos anos, tanto pelo enorme jejum de títulos nacionais, quanto pelas boas participações continentais da LDU de Quito – que tornou o único equatoriano campeão da Libertadores em 2008 – e Independiente Del Vale – finalista e grande surpresa da última edição –, o Barcelona ainda é o maior campeão do seu país. Ao todo, são quinze títulos do Campeonato Equatoriano, além de dominar o número de participações. Desde 1957, quando se iniciou a era profissional, o clube nunca foi rebaixado.

Copa Libertadores de 1998 - Vasco x Barcelona
O Barcelona já decidiu a Libertadores duas vezes e uma delas foi contra o Vasco (Foto: Reprodução/LANCE!)
À nível continental, o clube equatoriano ainda busca afirmação, sem nunca ter conquistado uma das duas competições da Conmebol. As melhores campanhas na Libertadores aconteceram na década de 90, quando chegou às finais. Em ambas, perdeu para Olímpia e Vasco da Gama, em 1990 e 1998, respectivamente. Nos últimos anos, porém, não tem conseguido ir tão longe. A última vez que chegou as oitavas foi em 2004, quando foi eliminado para o time que viria a ser campeão, a grande "zebra" Once Caldas. Em 2016, participou da Copa Sul-Americana, onde foi eliminado para o Zamora ainda na primeira fase.

O atual elenco não possui grandes nomes, mas alguns já tiveram passagens pela seleção do país, é o caso do experiente goleiro Máximo Banguera. Jogar bem em casa é fundamental para qualquer time nesta competição e para os "Canarios" não é diferente. Um dos principais trunfos é o Estádio Monumental Banco Pichincha, onde certamente irá determinar o seu futuro no grupo. Uma ponderação importante, é que, diferente de outras equipes equatorianas, não terá a altitude a seu favor – a maior cidade do país fica à nível do mar –.

Embora tenha conseguido a classificação de forma direta à fase de grupos, o clube equatoriano pode ser considerado um franco-atirador, devido ao favoritismo de seus adversários. Tanto pelo investimento atual, quanto pelo retrospecto recente, é mais provável que não consiga passar da fase de grupos novamente.

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Botafogo de Futebol e Regatas

Fundação: 25 de julho de 1902
Cidade: Rio de Janeiro Brasil
Estádio: Nilton Santos (Engenhão)
Melhor campanha: Semifinalista (1963 e 1973)
Última participação: 2014

Nunca o Brasil teve tantos representantes na Libertadores. E um deles é o Botafogo, que fez uma campanha surpreendente no último Brasileirão, foi um dos beneficiados pela ampliação da competição e retornou à competição, ainda na segunda fase preliminar. Nos dois confrontos, teve que passar por adversários com tradição continental, o Colo Colo e o Olímpia – este tricampeão da Copa –, vencendo os paraguaios nos pênaltis.


O Botafogo está de volta à fase de grupos da Libertadores (Foto: Reuters)
Esta será a quinta participação do time da estrela solitária. As melhores campanhas aconteceram nos anos de 1963 e 1973, quando chegou até às semifinais, em formatos bastante diferentes do atual. Posteriormente, em 1996, caiu nas oitavas, onde enfrentou o Grêmio. A última participação havia sido em 2014, mas não conseguiu chegar ao mata-mata, após ser lanterna num grupo composto por Union Espanhola, San Lorenzo e Independiente Del Valle.

Desta vez, fortalecido pela sensação de dever cumprido nos primeiros desafios, o Glorioso terá que se superar novamente nesta fase, onde encontrará adversários ainda mais difíceis. Após a saída de Ricardo Gomes, o time segue com o promissor Jair Ventura, que já provou ser competente.  Do elenco do ano passado, Sidão foi a baixa mais significante, mas numa posição onde a equipe está bem servida.

Além do goleiro Helton Leite, a equipe se reforçou com o paraguaio Gatíto Fernandez, que foi herói em Assunção. O setor defensivo ainda ganhou um reforço inesperado: O recém-promovido da categorias de base Marcelo. O jovem, que está no seu primeiro ano como profissional, demonstrou maturidade a ponto ser útil na sequência, já atuou tanto como zagueiro, quanto na lateral direita. O volante Airton é sinônimo de segurança e liderança no time de General Severiano.


Camilo e Montillo Botafogo (Foto: Vitor Silva / SSpress / Botafogo)
Walter Montillo e Camilo ainda buscam o melhor entrosamento (Foto: Vitor Silva/SS Press/Botafogo)
O grande reforço da temporada também está no meio campo: Walter Montillo. O argentino poderá ser fundamental para a equipe, desde que consiga formar uma boa dupla com Camilo, o que ainda não aconteceu. E este é um dos principais desafios do técnico. Outro que precisa ser mais protagonista é o centroavante Gustavo Canales, que coleciona passagens por diversos clubes sul-americanos, mas ainda não mostrou a que veio. Até por isso, o jovem Sassá, artilheiro da última temporada e que havia se envolvido em polêmicas, foi reintegrado ao elenco – até o momento, há a indefinição sobre a sua inscrição na fase de grupos .

A inexperiência do clube na competição é algo que pode pesar – assim como foi da última vez – e fazer bem o dever de casa será determinante para garantir a sua classificação. Por ora, ainda é muito cedo a ponto de almejar uma boa campanha, dependendo de sorte na sequência. Contudo, é o elenco mais valioso do grupo, tendo condições de chegar ao mínimo no mata-mata.

Curiosidade: Em 2015, três dos quatro clubes que compõem o Grupo 1 deste ano se enfrentaram nesta fase, num grupo que também tinha um paraguaio, o Libertad. Na ocasião, Atlético Nacional e Estudiantes se classificaram, enquanto o Barcelona de Guayaquil foi apenas o lanterna. No duelo entre as duas melhores equipes, os verdolagas venceram em La Plata, por 1 a 0, e empataram em Medellín, em 1 a 1, garantindo a liderança da chave.

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