Uma característica muito legal dos clássicos está no
fato de que costumam contar histórias que transcendem os campeonatos aos quais
estão inseridos. O Choque-Rei foi mais um exemplo disso recontando uma história
que parece até repetida: Outra vitória larga do Palmeiras sobre o rival com direito a gol de cobertura, assim com
tinha sido com Robinho tempos atrás em outra vitória por 3x0.
Dudu comemora o primeiro gol do jogo. (Foto: Divulgação/Cesar Greco/Ag. Palmeiras) |
A semana anterior ao jogo também costuma ser divertida
já que os times gostam de pregar respeito e usar clichês que muitas vezes não
entram em campo. Foi a vez de o São Paulo usar o “jogaremos como estamos
acostumados” mesmo que fosse óbvio que não aconteceria desta forma.
Seria uma sandice que o time comandado por Ceni se
abrisse para atacar o Palmeiras, especialmente como visitante. Com um time
muito mais sólido defensivamente, o Verdão deveria ter ainda mais facilidade do
que teve para passar pelo rival nesta tarde de sábado, mesmo com ausências
importantes no time titular como Jean, Zé Roberto, Felipe Melo e Borja.
A partida acabou servindo também para entender o
conceito de elenco, que erroneamente foi ironizado no último clássico diante do
Corinthians. Mesmo sem quatro titulares (e há quem ainda conte Edu Dracena
nesta lista), o Verdão sentiu pouco e jogou bem. O São Paulo lembrou a todos
que tem um time razoável, mas um péssimo elenco: A ausência de Cueva
praticamente matou a criação ofensiva.
Acertadamente, o São Paulo cozinhou o jogo no primeiro
tempo. A bola ficou muito mais com os visitantes do que com o alviverde ao
longo dos primeiros quinze minutos. Se a posse era absolutamente inofensiva,
serviu para segurar uma eventual pressão que, como sabemos, o Palmeiras gosta
de exercer dentro do Allianz Parque.
Por outro lado, o adversário da tarde tinha enormes
dificuldades em acertar a saída de jogo e criar lances de perigo. Prass só
precisou trabalhar em um contra-ataque nas costas de Egídio. No restante da
etapa inicial, só apareceu em tiros de meta ou bolas paradas jogadas para a
área palmeirense. O Verdão, ao contrário, sempre que apertou um pouco a
marcação viu o rival errar passes ou apelar para a bola longa. Mesmo assim,
faltava capricho no último passe.
Capricho esse que não faltou em mais uma roubada de
bola no campo de ataque, desta vez com Egídio desarmando (acreditem se quiser)
e tocando para Dudu. O camisa 7 não hesitou e bateu dali mesmo, marcando outro
gol antológico contra o rival e abrindo o placar no final do primeiro tempo.
O gol simplesmente matou o rival. No segundo tempo, um
passeio. Exceção a uma falta e uma saída errada de Mina em que Pratto obrigou
Prass a defender, o Palmeiras mandou no meio-campo e no jogo. Tchê Tchê marcou
outro bonito gol e nova falha de Dênis possibilitou que Guerra também marcasse
o seu - de certa forma se redimindo do erro no Derby.
Tchê Tchê que, aliás,
lembrou a todos o quão importante é dentro de campo. Com ele, o criticado
4-1-4-1 funcionou bem. Com linhas mais próximas, o São Paulo tinha enormes
dificuldades de criar qualquer coisa. Sua movimentação impressionante e
incansável complica qualquer marcação - inclusive a análise tática já que ele
nunca fica plantado em um lugar do gramado.
Recuperado de lesão, Tchê Tchê voltou a marcar e foi fundamental na vitória do Verdão. (Foto: Divulgação/Cesar Greco/Ag. Palmeiras) |
A mensagem que o jogo deixa é de apoiar. Enquanto a
torcida estiver jogando junto, apoiando time e treinador, as coisas tendem a
acontecer com mais naturalidade. A boa apresentação nesta bonita tarde de
sábado reforçou essa importância de seguir caminhando junto, inclusive gritos a
favor do zagueiro Vitor Hugo, considerado o “vilão” da última partida.
No mais, olé para a torcida e algumas chances perdidas
que poderiam tornar o placar ainda mais elástico. A vitória no clássico era
especialmente importante para dar confiança para Eduardo Baptista, mas nem ele
mesmo imaginava tamanha facilidade para ter sua primeira vitória em jogos deste
porte pelo Verdão. Se repetir o desempenho na quarta-feira deve, enfim, ganhar
um pouco mais de tranquilidade e confiança para seguir o bom trabalho que faz
até aqui.
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