Eu poderia falar de como o jogo contra o Liverpool foi
incrível, o que de fato foi, mas muito mais pela falta de vontade dos uruguaios
para atacar e aquele jogador querendo cavar vaga no Botafogo tentando bicicleta
de qualquer lugar, o problema é que fazer isso com a bola no chão e mirar na
nuca do adversário ainda não é permitido em campos de futebol ou pela Convenção
de Genebra. E o rascunho que fiz antes do jogo era tão cauteloso que soa
ridículo.
Mas hoje tive uma epifnia pensando na sequência
interminável de clássicos que valem virtualmente nada, pois se enfrentarão de
novo supostamente pra valer. Assim, teremos um Botafogo x Fluminense com times
reservas onde no fundo ambos querem perder, pra conseguir mais tempo para
treinar e descansar, competições mais importantes estão retornando. De fato,
entre os quatro semifinalistas, o único que brigará pra valer é o Vasco, tanto
porque eles estão disputando um título já na semifinal quanto pelo fato de que
se eles são eliminados, praticamente entram em intertemporada até o Brasileiro.
[Foto: Nelson Perez/FFC]
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Mas como se traça um paralelo entre um campeonato
deficitário e que vive de charme, tradição e de dar metade da renda de todos os
jogos pra federação com uma série de animação politicamente incorreta? Há um
episódio onde tudo o que as crianças querem é entrar de férias e há apenas uma
coisa impedindo: O campeonato de baseball, o qual elas disputam com má vontade,
jogando pra perder e conseguirem o sonhado descanso. Quem realmente se importa
com o campeonato são os pais, que ignoram as vontades dos filhos e a má vontade
nos jogos. Eles acabam chegando à final basicamente porque seus adversários se
esforçam muito mais pra jogar mal.
Dito isso, ao jogo de domingo. O time de reservas do
Fluminense está começando a se entrosar, ainda que seja o mesmo que perdeu de
forma humilhante para o Nova Iguaçu. O Botafogo está engasgado com a virada que
levou depois de um primeiro tempo onde Renato Chaves conseguiu fazer o Roger
parecer o Messi driblando. Até ontem eu poderia afirmar que eles tinham a
vantagem, mas com o Camilo criando caso e uma crise sozinho por não querer
ficar no banco, tudo ficou em aberto. E justo quando há reservas pedindo
passagem desesperadamente, Wendel, Calazans, Lucas Fernandes começaram a jogar
bem...
Espero que o surrealismo do campeonato ainda assim
proporcione bons jogos e públicos minimamente razoáveis. E quero ver vontade de
vencer, obviamente, mas certos paralelos são gritantes demais para se ignorar.
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