No início da atual temporada, o Nice começou
avassalador, conseguindo resultados e encantando a todos por um conceito de
futebol característico do suíço Lucien Favre: Paciência para trocar passes,
velocidade nas transições e qualidade direta da dupla de zaga na saída de bola.
Entretanto, após chegar a ter uma vantagem confortável na liderança, o time se
acomodou e viu essa diferença ir por água abaixo depois de atuações desastrosas
nos confrontos cruciais, especialmente diante de Mônaco e PSG no segundo turno,
onde obtiveram apenas um ponto em seis possíveis. Todavia, esse momento
conturbado fez com que Favre testasse diversas formatações táticas, alternando
a cada jogo as peças, conforme o adversário da ocasião. A partir do revés no
Stade Louis, foram utilizadas mais de cinco esquemas distintos, de inovar com
três defensores até mesmo apostar no já ultrapassado 4-4-2.
Mais uma partida atípica do que se espera de um time com a qualidade do Nice. (Imagem: L'Equipe). |
É válido ressaltar que contusões de jogadores vitais
dentro da filosofia do treinador e também a ida de Mika Seri (líder de
assistências do campeonato) para a Copa Africana das Nações atrapalharam o
seguimento da equipe em alto nível no ano, contudo algumas escolhas da
diretoria influenciaram tanto quanto. Uma sequência de jogos sem vencer
ocasionou a queda do clube para terceiro na liga e eliminações em copas locais,
o que decepcionou os torcedores que acreditavam em uma conquista nessa
temporada tardiamente há certo tempo sem vencer algo. Em viés de crise, a data
FIFA serviu como alento para o Nice reencontrar sua forma ideal, e na volta aos
gramados o time mostrou outra cara, se impondo sobre o rival e assim,
garantindo a tão sonhada vaga na próxima edição da UEFA Champions League.
Seri é imprescindível pro Nice, quando ele está num dia bom, o time funciona. (Imagem: L'Equipe). |
Para o jogo contra o Toulouse, fora de casa, na Cidade
Rosa, o gigante da Costa Azul foi quase completo, com apenas os desfalques de
Alassane Pléa (fora da temporada) e do bom meio-campista marroquino Munir
Obbadi, que chegou recentemente em janeiro vindo do Lille. Como de praxe depois
da grave lesão de Wylan Cyprien, os Aiglons foram a campo no 4-2-3-1:
Cardinale, Souquet, Dante, Le Marchand e Dalbert na defesa, Koziello e Seri
formando a dupla de volantes, com Eysseric, Ricardo Pereira e Belhanda
municiando, em tese, o veterano Le Bihan que barrou o pôlemico Mário Balotelli
no comando do ataque.
O JOGO
Logo nos primeiros minutos de jogo, o Nice já criava
chances de levava perigo a meta do jovem goleiro Alban Lafont. Com muita
qualidade no passe seja com Le Marchand ou com o brasileiro Dante, o time
apostava em lançamentos para a ultrapassagem dos laterais, que só na etapa
inicial, completaram mais de sete cruzamentos. No entanto, a oportunidade de
gol mais clara aconteceu em uma jogada totalmente avulsa: O Toulouse trabalhava
a bola na intermediária, quando o zagueiro Issa Diop (grande promessa do clube)
recuou infantilmente a Lafont, e antes de chegar nele, Le Bihan roubou e por pouco
não abriu o placar. O panorama era esse, Nice propondo o jogo e deixando muitos
espaços no sistema defensivo, enquanto os donos da casa ficavam a mercê de lampejos
de Braithwaite e Delort.
Na volta dos times após o intervalo, Favre trocou Le
Marchand pelo capitão Paul Baysse, que não jogava há exatos dois meses, perdeu
boa parte da temporada por uma lesão no joelho esquerdo. A sua notável falta de
ritmo prejudicou o time, aos dez minutos do tempo complementar, Somália cruzou
na área, zagueiros bateram cabeça, e na sobra, Corentin Jean fez. Toulouse 1-0
Nice. Curiosamente, o veloz ponta pertence ao Mônaco, está cedido por
empréstimo ao clube, e de certa forma ajudou os Monegascos. A reação do Nice
foi imediata, três minutos depois do gol que dava a vitória parcial ao
Toulouse, Eysseric se aproveitou de uma falha patética de Alexis Blin, dominou
e bateu com frieza, empatando o jogo. Sem muitas chances reais de virar o jogo,
e tampouco de voltar á frente no placar, Nice e Toulouse ficaram nisso mesmo,
empate modorrento que não muda a situação de ambos os times na classificação da
Ligue 1.
NOTAS/ATUAÇÕES
Cardinale - 5: Não foi
muito exigido e fez o simples quando necessário. Além de participar ativamente
da saída de bola do time, digamos, já que na ideologia do clube todos devem
saber jogar com os pés.
Souquet - 6:
Esforçado no apoio e consistente defensivamente como sempre, Souquet chegou bem
a linha de fundo algumas vezes, mas pecou na hora de servir o companheiro em
diversas oportunidades durante o jogo.
Dante/Baysse - 5: O erro
de posicionamento e desatenção dos bons defensores do Nice custaram caro ao
time, que crescia no jogo quando o adversário abriu o placar. Contudo, a dupla
de zaga ainda teve papel importante no funcionamento da equipe em si.
Dalbert - 6: Sempre
eficaz quando dá amplitude ao time, muita das vezes sendo o desafogo a tanto
congestionamento no meio-campo, o jovem brasileiro fez mais uma partida
regular.
Seri/Koziello - 7: A versatilidade desses dois impressiona. Seja armando o jogo,
ocupando espaços ou tentando deixar o companheiro frente a frente com o
goleiro, ambos fizeram um bom jogo, justificando todo o carinho da torcida em
cima dos mesmos. Acertaram mais passes (81%) do que qualquer outro jogador em
campo.
Belhanda/Eysseric/Ricardo Pereira - 6: Em questão de se movimentar e trocar passes
curtos, o trio de meias conseguiu um bom desempenho dentro de suas respectivas
características, no primeiro tempo especialmente deixaram os atacantes em
ótimas condições de marcar diversas vezes.
Le Bihan - 5: Partida
muito abaixo do que se espera do camisa 10 do Nice, que desperdiçou inúmeras
chances claras de gol, sendo substituído pelo garoto Anastasios Donis no
finalzinho da partida.
Na próxima rodada, o time comandado por Lucien Favre
receberá o Paris Saint Germain na Allianz Riviera, em uma partida que pouco
vale para o Nice, mas que pode ser a consolidação dos parisienses no topo da
tabela. Os Aiglons seguem na terceira colocação, com 74 pontos, com dois jogos
a mais do que PSG e Mônaco. A grande novidade para esse grande confronto entre
as equipe, será a inclusão de Balotelli entre os titulares, e possivelmente uma
volta ao 5-3-2, analisando as qualidades e defeitos do time de Unai Emery.
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