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O ato final – dissecando Juventus e Real Madrid

Pelos valores investidos, pelo trabalho de longo prazo e por feeling, em meu primeiro texto aqui no Linha de Fundo disse que as expectativas para essa temporada seriam: Título italiano, título da Copa da Itália e semifinal de Champions League. Pois bem, não apenas conquistamos os dois primeiros títulos como chegamos a final do maior torneio de clubes do mundo.

Os dois primeiros títulos vieram, representam uma sequencia que será lembrada e dificilmente alcançada pelos adversários e pela própria Juve, mas o assunto Campeonato Italiano e Copa Itália já foram tratados aqui por mim. O foco não é esse. O foco é dia 03 de junho de 2017, cidade de Cardiff, País de Gales-Reino Unido. O foco é analisar como chegam Juventus e Real Madrid para a disputa da ambição de todos os times europeus.

Começamos pelo time da capital espanhola, atual detentor do título. A fase do Real Madrid é ótima. Das últimas quatro edições (contando com esta) o time Merengue foi campeão de duas edições, com uma final (a de agora) e uma semifinal (saindo exatamente para a Juventus). Um retrospecto incrível, dada a exigência da competição.

Na edição 2013/2014 o comandante da equipe era o italiano Carlo Ancelotti. O italiano herdou um bom trabalho de Jose Mourinho, fez algumas modificações pontuais que a experiência lhe confere e transformou o time em “cascudo”. Com um time muito parecido com o de hoje, o Real perdia para seu rival Atlético até os descontos do segundo tempo. Após a cabeçada de Sergio Ramos, o resto virou história. Foi a décima conquista de UCL pelo Real Madrid, maior vencedor.

Após pífia passagem de Rafa Benitez, Zidane assumiu o time e deu outra cara a equipe. Promoveu a entrada de Casemiro ao time titular, dando maior estabilidade ao meio-campo, conferindo mais liberdade à dupla Modric-Kroos. O décimo primeiro título veio ano passado, contra o mesmo adversário. Desta vez a vitória veio nos pênaltis.

O time base do Real Madrid que provavelmente entrará em campo será: Navas, Carvajal (Danilo), Sergio Ramos, Varane, Marcelo; Casemiro, Kroos, Modric, Isco (Bale); Cristiano Ronaldo e Benzema. As dúvidas ficam na possibilidade de Carvajal e Bale não estarem em plenas condições físicas para a partida.

Por incrível que pareça, o primeiro faria mais falta que o segundo. Isso porque Danilo não vem substituindo bem o lateral espanhol. Já Isco entrou muito bem no lugar de Bale e deu um controle maior ao meio campo merengue, sendo um dos melhores deste ano. Arrisco-me a dizer que, mesmo se Bale tiver em condições para ser titular, Zidane entrará em campo com o espanhol.

Dybala e Casillas: Presente e passado de Juventus e Real Madrid. Foto: Juventus.com
Além da boa fase do time, Zidane ajudou o Real a quebrar um jejum de cinco anos sem título espanhol. A engrenagem montada pelo francês caiu como uma luva para um time já cascudo em competições europeias, mas que via seu principal jogador começar a sentir o peso da idade.

O impacto de Cristiano Ronaldo no Real Madrid é enorme. São 393 jogos e 404 gols. Cristiano tinha certa resistência em atuar apenas dentro da área, pensava que seus espaços diminuiriam e que não teria tanta liberdade para sua movimentação. Zidane encaixou o time de forma perfeita, fazendo com que Benzema caia mais pelo lado esquerdo, fazendo um serviço mais sujo de recomposição e CR7 mais próximo a área, onde foi letal contra Bayern e Atlético.

Além disso, Zidane pode contar com um banco de respeito. Para a final, se começar com Isco, terá, Bale, James e Morata como opções. Além dos bons jovens Asensio e Vasquez. Inquestionável a superioridade na montagem do elenco do Real Madrid se comparar com seu maior rival Barcelona, que, em tese, litigam pelos mesmos nomes no mercado.

O Real faz um torneio quase impecável até este momento. Sofreu pouco ou quase nada em todas as partidas. Talvez o momento mais delicado foi quando enfrentou o Bayern, em Munique e em Madrid. Algumas decisões diferentes por parte da arbitragem e se a penalidade de Vidal fosse convertida, talvez pudesse ter encontrado maiores desafios. Entretanto, nada tira o mérito do Real chegar a final. E o “se” não existe.

A Juventus também vem de boa fase em nível europeu. Das últimas três edições, são duas finais. O trabalho a longo prazo da diretoria bianconera vem dando frutos. Os acertos em contratações de técnicos e jogadores são muito maiores que os erros. Apesar de haver uma modificação maior no time que enfrentou o Barcelona em Berlim há dois anos, o perfil dos jogadores faz com que haja uma identidade e uma sequencia no trabalho.

Há dois anos entramos com: Buffon, Lichsteiner, Barzagli, Bonucci, Evra; Pirlo, Vidal, Pogba, Marchisio; Tevez e Morata. Marchisio entrou no lugar de Chiellini que se machucou na semana da partida. Uma perda quase que irreparável para o time de Allegri, que logo em sua primeira temporada já trouxe resultados consideráveis.

Para esta final, apenas Pjaca estará ausente por contusão.  Espero que continue assim! Provavelmente entraremos com: Buffon, Barzagli (Cuadrado), Bonucci, Chiellini; Dani Alves, Pjanic, Khedira, Alex Sandro, Mandzukic; Dybala e Higuain. A Juventus flutua, durante a temporada e nas partidas, por 4-2-3-1, 3-5-2, 5-4-1, 5-3-2, 3-4-3... Um futebol moderno e competitivo. Méritos totais para Massimiliano Allegri.

Lesionado há dois anos em Berlim, Giorgio poderá jogar sua primeira final de UCL. Foto: Juventus.com
Cuadrado atuou na maioria da temporada, mas Barzagli vem dando uma segurança maior nos jogos ‘pesados’. Com a contusão de Pjaca, é interessante ter Cuadrado no banco pra fazer uma fumaça no segundo tempo, caso necessário. Com Barzagli, Dani Alves tem mais liberdade e as atuações contra o Monaco e Lazio (final Coppa Italia) são reflexos disso.

Com as vindas de Pjanic e Higuain, o time da Juventus acrescentou profundidade e fez com que outros jogadores do elenco crescessem de produção. Khedira vem de ótima temporada e Alex Sandro assumiu de vez a titularidade da equipe, sendo peça fundamental. Após arrastada renovação, Dybala parece ter intenção de ficar por longo tempo em Vinovo e ser a peça mestra de toda a engrenagem bianconera.

É dispensável falar que Barzagli, Bonucci e Chiellini são ótimos. Os números dos defensores os credenciam a jogar mais esta final. Talvez o acorde final para os três, juntos em alto nível. É difícil imaginar que Barzagli consiga disputar mais uma final como titular. Se bem que de Andrea não duvido de mais nada.

Por fim, Buffon tem mais uma chance de vencer a UCL. A UCL tem mais uma chance de ser vencida por Buffon. O maior goleiro da história vai atrás daquela que é sua obsessão. Lembro-me bem da defesa que Gigi fez no chute de Dani Alves na final de Berlim. Já estava 1-0 para o Barça e um segundo gol poderia ter encerrado as chances bianconere. Se a Juventus ganhar, se Gigi ganhar, poderá satisfazer sua ambição e de quebra ser eleito o melhor jogador do mundo.

Serão quatro longos dias até Cardiff. Não há mais nada que impeça Juventus e Real Madrid de pensarem na final. A Juventus precisa vencer esta partida para apagar um pouco a dor das últimas perdidas. Pra mim, o Real é uma agulha a mais favorita que a Juve. Entretanto, de acordo com os palpites dos colunistas do futebol europeu aqui do Linha de Fundo, o panorama é outro:

Vejamos como cada um votou:

Gabriel Coelho, Liverpool - Juventus 1x2 Real Madrid - Higuain, C. Ronaldo e Morata
Paulo, Lazio - Juventus 1x0 Real Madrid - Higuain
Lucas La Torre, Norwich - Juventus 2-1 Real Madrid - Dybala, Higuain e C. Ronaldo
Bonapace, Juventus - Juventus 3-1 Real Madrid - Pjanic, Dybala, Benzema e Higuaín.
João Eduardo Gurgel, Southampton - Real Madrid 2 x 1 Juventus - C. Ronaldo (2) e Higuaín
Marcelo Júnior, Tottenham Hotspur - Juventus 1-1 Real Madrid - Dybala e C.Ronaldo (prorrogação, Higuain 2x1)
Gil, Milan - Juventus 1 x 3 Real Madrid - Bonucci , C. Ronaldo, Ramos e Benzema
Rodrigo Pedrosa, Manchester United - Juventus 2 x 1 Real Madrid - Dybala, Higuain, C. Ronaldo
Sergio Santana, Arsenal - Juventus 3 x 2 Real Madrid - Dybala, Chiellini, Pjanic ; Benzema (2x)
Matheus Moraes, Arsenal - Juventus 1 x 3 Real Madrid - Higuain, Benzema, Isco, C. Ronaldo
Gabriel, Chelsea - Juventus 2-1 Real - Dybala, Chiellini, C. Ronaldo
Thalles Monari, Arsenal - Juventus 2-1 Real Madrid: Dybala, Dani Alves, C. Ronaldo.
Vittorio Venturini, Juventus - Juventus 1x0 Real Madrid - Khedira.

Dos treze votantes, nove apontam uma vitória italiana e quatro apontam vitória espanhola. Isso significa que 69% acreditam em uma vitória bianconera. Com certeza é um número maior do que a realidade aponta. Nenhum colunista acredita em pênaltis e um colunista acredita em vitória da Juventus na prorrogação. Se tirarmos os dois colunistas bianconeri, que com certeza apontariam uma vitória nossa, ainda sim 63% acreditam em vitória da Juventus.

Algo me diz que Khedira e/ou Higuain estarão no protagonismo. Esperamos que determinantes para nossa vitória. Volto depois do jogo, independente do resultado o orgulho é eterno!

#ItsTime

Fino alla fine, FORZA JUVENTUS!

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