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O clássico das contradições

Me desculpe quem discordar, mas Fla-Flu é o maior clássico do Brasil. Isso é um fato. Há possibilidade de um clássico ser maior que um criado 40 minutos antes do nada? Acho bem difícil, parceiro. Fla-Flu é envolto numa mística que nem mesmo Nelson Rodrigues conseguiu explicar - tricolor fervoroso e que admirava o Flamengo  sem vaidades clubísticas. E não há palco melhor pro maior clássico nacional a não ser o Maracanã que dispensa comentários, e já com ingressos mais compatíveis com a realidade do torcedor carioca.

Foto: Gilvan de Souza / Flamengo

Zé Ricardo mais uma vez elogiou o time que conseguiu reagir, mas não basta ter brio, vontade e sangue nos olhos, o que o time mostrou melhorar nos últimos jogos. É preciso ter futebol, porque ter brio, vontade e sangue nos olhos é obrigação de um cara que tem um salário de jogador de time grande, ainda mais em dia. É importante mas não é o bastante.

Fluminense com um time muito mais jovem foi melhor dentro da sua proposta do jogo. Já o Flamengo continua muito dependente do abafa e de cruzamentos, aliás, se tornou a tônica do time rubro-negro. Voltando ao ano passado quando arrancou até brigar pelo título brasileiro, praticava um futebol mais elaborado, com mais troca de passes, chegando na área, trabalhando jogadas pra finalizar. Hoje é um time que basicamente depende de cruzamentos: foram 30 quarta feira contra a Ponte Preta e os dois gols saíram de bolas cruzadas na área do time de Campinas, e contra o Fluminense foram 33 cruzamentos. Flamengo cria muito pouco.

Olhando para o lado tricolor, Scarpa faz dois passes furando as linhas rubro-negras, colocando os companheiros em condição de finalizar: no primeiro gol e na jogada que resultou no pênalti, um ótimo passe com muita liberdade. Agora, quando vemos uma jogada assim no Flamengo? Nem mesmo o Diego está fazendo e sem dúvidas o time regrediu muito.

A cada jogo fica uma sensação de que o Zé Ricardo não consegue fazer o time progredir. Mudou peças no time como a boa entrada de Cuellar, que se mostra mais regular e eficiente que seus companheiros de volância, e consequentemente a saída de William Arão que teve uma queda brusca do seu futebol desde o final do ano passado. Porém, ainda é no mínimo discutível a insistência em Márcio Araújo, que embora tenha feito boas partidas no início do ano, é bem limitado a somente marcar, cobrir espaços e recompor na defesa e quando é exigido a se projetar mais e arriscar passes lá na frente é praticamente nulo, muito pouco pra um cara ser titular absoluto de um time que tem outras opções para aquele setor.

Foto: Gilvan de Souza / Flamengo

Até que deixar o Arão barrado foi um acerto. Uma hora a consciência dele tinha que pesar pro mal futebol que vinha mostrando. Bancou, entrou no segundo tempo e jogou bem dando o passe pra Éverton que na sequência resultaria no gol de Diego.

E se 2017 não tem sido até agora um bom ano para o Flamengo, pelo menos nos Fla-Flus o retrospecto é bom: 5 jogos, 3 vitórias, 2 empates e 1 título. Nesse domingo, Flamengo empatou o jogo no abafa depois que Trauco acertou um canudo de longe, aliás, depois do desvio consciente da mística envolvida no clássico. Não te falei?

Flamengo agora encara a Chapecoense, quinta-feira às 21h na Ilha do Urubu e como disse Rodinei - o incansável - no fim do jogo contra a Ponte Preta, nunca dá pra falar de alívio no Flamengo, porque o Flamengo é o maior time do Brasil e vai estar pressionado sempre pra ter bons resultados, seja com qualquer adversário. Flamengo sempre tem que entrar pra vencer, então só importa e nos interessa a vitória! Vamos Flamengo!


Matheus Morais
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