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Esse time tem DNA vencedor, mas há ressalvas


Houve um tempo em que independente do nível de atuação, sempre acabávamos flertando com a derrota ou com empates em jogos em que a vitória se apresentava acessível, aquela bola vadia, na dúvida trilhava o caminho do nossa meta e nos tirava pontos, classificações e taças, é aquela fase em que não importa o que se faça, nada funciona, no futebol, alguns chamam isso de um time de "DNA perdedor".

Quando se trata de um gigante como o nosso rossonero, é difícil de se assimilar qualquer adjetivo relacionado à derrota, mas infelizmente, por alguns anos essa foi a nossa realidade. Nesses anos, nem sempre o planejamento foi péssimo como a tabela mostrou ao final da temporada, bons nomes simplesmente não emplacavam, técnicos identificados com o clube, nomes promissores, nada, praticamente nada deu certo, e isso criou um ambiente de insegurança no clube, e no futebol a insegurança é irmã da derrota. Claro que muitos erros foram cometidos, mas acima de tudo, vivemos uma pequena era perdedora.
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E por que digo isso? Exatamente porque o DNA desse time que está em formação é outro. É claro que apenas DNA não garante o sucesso, se na vida as escolhas têm peso grande na evolução, no futebol não seria diferente. E não foi a bela vitória contra o Bayern que me fez enxergar esse DNA, fizemos algo parecido com o Real Madrid em outra pré-temporada, mas a postura do time no jogo de hoje mesmo visivelmente longe de sua melhor condição física e técnica. Tudo bem que o adversário foi o fraquíssimo Craiova, quarto colocado do último campeonato romeno, de quem não se esperava que causasse maiores transtornos, mas o jogo foi importante para se observar alguns pontos.

O torcedor mais otimista, até pela euforia do momento, imaginava um grande goleada, mas é bom salientar que além dos poucos jogos feitos na temporada, onde ainda sequer estreamos todo mundo, nosso adversário já está a pleno vapor na liga nacional, em que ocupa o terceiro lugar com quatro jogos disputados.

Ricardo Rodriguez (à esquerda) comemora gol. Fonte: AC Milan
Voltando ao papo do time com DNA vencedor, começamos com Donnarumma. Ainda está fresco o imbróglio da renovação, mas ela se mostra acertada em defesas como a realizada aos 22 minutos do primeiro tempo, simplesmente sensacional e em um momento difícil do jogo, um tipo de bola que apenas os grandes defendem. Foi assim também com os desempenhos seguros de Musacchio e Ricardo Rodriguez, o segundo já mostrando estrela no gol de falta involuntário. Com Kessié, chamando o jogo e mostrando vigor e força surpreendentes para o estágio da temporada em que nos encontramos. E as ótimas surpresas, com as boas atuações de Cutrone, mostrando grande personalidade e boa qualidade técnica, e principalmente na boa partida de Bonaventura, há de se considerar o grande período afastado dos gramados e a atuação durante todo o tempo.

Bonaventura em ação. Fonte: AC Milan
Outro ponto, a tão cobrada variação de esquema tático do Montella frente às dificuldades. Vendo que o 4-1-4-1 do adversário impedia a ação do time, ainda sem a devida intensidade (mas tentando pressionar em alguns momentos, o que é ótimo), ele se voltou para um 3-4-1-2, com as entradas de André Silva, Conti e Antonelli, nos lugares de Borini, Cutrone e Abate. Dando oportunidade para o Bonaventura atuar como camisa 10.

Animador não pela bola apresentada, compreensível para um time em formação, mas pela mentalidade na construção do time, uma mentalidade vencedora, diferente da costumeira retranca para segurar os placares, as mudanças de hoje foram em busca do gol, ainda que não tenham surtido o efeito esperado pela queda de rendimento físico do time, buscou-se a vitória.

Cutrone acerta a trave. Fonte: AC Milan.
As ressalvas? Cairmos na mesma mentira de outras temporadas pensando que Niang e Zapata têm condições de atuar no clube e Abate de ser titular. Em que se pese o carinho de muitos pelo lateral, as boas atuações de Niang na pré-temporada e a aparente segurança do Zapata no dia de hoje, não devemos nos esquecer das temporadas de maus serviços prestados ao clube, sempre com um enredo parecido, de um início de temporada promissor para já após o primeiro trimestre do ano se apagar.

Alguns podem se perguntar se a corneta não soará para o lado do Montolivo sendo ele o responsável por quase entregar a paçoca do início da partida. Acredito que ele tem bola para ficar ao menos no elenco e ser útil, tendo revelado inclusive uma faceta "zagueiresca" recentemente, além de ser dado desconto por sua condição física.

Quanto ao Borini, fica clara a ideia do Montella, utilizá-lo como um "trabalhador ofensivo" que também ajude na recomposição e transição rápida. Pelo mostrado pelo Cutrone, talvez também possa atuar longe da área quando o André Silva tiver em melhores condições, assim como espero que o Niang esteja com os dias contados e apenas guardando a vaga do Çalhanoglu, que causará estragos pela esquerda junto com Bonaventura e Ricardo Rodriguez. 

O DNA vencedor voltou, mas com ressalvas...

Por Gil Costa

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