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A síntese do futebol Heavy Metal

Passaram-se quatorze minutos do segundo tempo. Até o dito momento, Liverpool e Manchester City empatam em 1 à 1. Os, até então, invencíveis comandados de Pep Guardiola haviam sido neutralizados por boa parte do jogo, mas um grupo tão espetacular de jogadores só precisa de um momento de desatenção para lhe fazer pagar e assim o fizeram, com Leroy Sané, pouco antes do fim do primeiro tempo. Até o dito momento, o Liverpool fazia um ótimo jogo, mas isso não era o bastante para vencer quem estava do outro lado. Mesmo em constante controle, seria necessário algo a mais. E aí, Alex Oxlade-Chamberlain recupera a bola no campo de defesa e parte com a bola dominada. Roberto Firmino mede meticulosamente o tempo de sua corrida, é acionado, tira John Stones da jogada num ato de imposição física e no movimento seguinte demonstra toda a delicadeza do mundo para tirar a bola do alcance de Éderson. Assistir o movimento da bola depois disso é mágico... Um gol que encapsula tudo que Klopp deseja de seus jogadores, e de quem mais poderia ser, se não do jogador que mais representa o alemão em campo? A inteligência da projeção, a força física para vencer suas batalhas e a técnica para terminar o movimento de forma brilhante. Um gol perfeito. 2-1.

Divulgação: Foto/Liverpool FC

E aí o City está nas cordas, como nunca esteve antes essa temporada. Atrás do placar, com mais de 50 mil torcedores contra eles, cantando de forma ensurdecedora e vendo 10 homens de vermelho - 4 em particular - partindo pra cima deles com velocidade, inteligência, força e objetividade. Como um predador que espera uma brecha, o Liverpool foi paciente, mas quando viu uma janela de oportunidade, mirou na jugular. Sadio Mané acerta a trave na primeira tentativa, mas na seguinte quase fura a rede com uma pancada. Mohamed Salah se aproveita de um erro de Éderson e o encobre quase do meio-campo. Eles piscaram e estavam três gols atrás antes mesmo de poder assimilar o que havia acontecido.

Uma explosão controlada, o caos planejado e, de repente, os Azuis estão derrubados. A campanha perfeita e irretocável tem uma mancha. Um L no meio de vários Ws. Eles vão ser campeões, com certeza. Não há dúvidas de quem é o melhor time da terra da rainha. Mas quando a temporada acabar, a coluna onde deveria ter um "0" terá um "1". Eles podem vencer todos os jogos remanescentes, mas existe ao menos uma equipe que os fez inferiores.

A vitória de hoje é a síntese do Heavy Metal. Caótico, barulhento, feito para incomodar e perturbar a ordem e a perfeição. Pep é o mestre de uma grande sinfonia. É um privilégio poder acompanhá-los, mas enquanto eles encantam muitos olhos e ouvidos, existe uma legião de outros fãs que não foram feitos pra isso. Não somos como eles, nem podemos ser. Somos barulhentos, somos caóticos, somos designados para badernar e causar e, eventualmente, chegar ao topo, apenas para incomodar ainda mais. Se não podemos ser perfeitos, pregaremos contra a perfeição até que ela sucumba e o caos se torne a ordem do dia.

O primeiro passo está completo: A perfeição de Guardiola foi desfeita e seu grande castelo de vidro tem uma pequena rachadura. Isso não o fará desmoronar, mas com certeza incomodará. Essa rachadura é a primeira conquista e marca a ascendência do Heavy Metal. Continuaremos rachando, arruaçando e destruindo tudo que se assemelha a perfeição até que o caos tome conta e chegue ao topo das paradas. Junte-se a nós enquanto pode! A banda de Jürgen Klopp está na cidade, logo estará em todo o país e por toda a Europa!

Por: Luiz Felipe Gomes Santos / @MakeUsDreamBR

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