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Ousadia e supremacia


Fluminense x Flamengo Foto: Staff Images / Flamengo / LANCE!

(Foto: Staff Images / Flamengo / LANCE!)

São anos ouvindo que o elenco do Flamengo é muito melhor que o dos rivais. Mas também foram anos vendo esse elenco melhor não se materializar em campo. Contra o Vasco, no último clássico, por exemplo, foi assim. Hoje, porém, foi uma das raras vezes em que isso aconteceu. Muito por conta da toada que vem vindo e pela ousadia dos garotos da Gávea, fazendo do Flamengo um time com supremacia. Tomara que sigam clássicos regionais assim.

Está certo que o Flu ajudou. Um elenco já reduzido teve de lidar com vários desfalques. Abelão foi a campo para não perder, não deixar o rubro-negro jogar. Montou o ônibus tricolor na frente da área, com seis homens no meio de campo.

O Flamengo porém começou a apresentar um padrão de jogo. Assim como contra Bahia e Corinthians começamos amassando o adversário no seu campo nos primeiros 20min. Tivemos dificuldade pra entrar, como era natural contra a retranca do Fluminense.

Até que um passe (não um cruzamento) de Everton Ribeiro encontrou Paquetá no meio da zaga. O desvio do garoto encontrou Marlos. O atacante só apareceu mesmo no jogo nesse lance, ao ser deslocado dentro da área. Pênalti. Dourado fez Flamengo 1x0.

Os minutos seguintes merecem um capítulo à parte. Com a vantagem no placar e jogando muito melhor, Paquetá e Vinícius Jr. protagonizaram jogadas de efeito e provocação aos adversários. E foram um pouco caçados pelos adversários, uma garotada que ficou naturalmente irritada.

Os idiotas da objetividade dirão que é desnecessário e que é feito só para humilhar. Mas reparem bem nos jogos do Flamengo. Os dois dão lençóis e canetas mesmo quando os jogos estão 0x0. Lembrem do moleque de 17 anos chapelando o veterano D'Alessandro ainda no primeiro tempo do jogo da quarta rodada do  campeonato, no Maracanã, com placar ainda inalterado.

Tais jogadas talvez prejudiquem apenas os dois. Primeiro porque muitas vezes trocam decisões corretas para o time por jogadas de efeito. Segundo porque mesmo quando sua ousadia tem efeito prático, os garotos são criticados pelos jornalistas. E até mesmo pela própria torcida. Após lençol que clareou o meio e abriu enorme espaço na frente da área para chute de Paquetá, veio a crítica de PC Vasconcelos, comentarista do canal Premiere. E no Maracanã não são raros os gritos de "Para de graça e joga bola, moleque!"

Nesse futebol físico e sério, o jogo tem ficado cada vez mais padronizado e sisudo. Os dribles dão curvas ao futebol quadradão. E que delícia, que beleza, que deleite para os apaixonados pela arte. São esses lances que caracterizam o futebol brasileiro. A ironia é serem os próprios jornalistas e torcedores brasileiros os primeiros a criticarem os garotos. Algo de errado não está certo.

O Flu só levou perigo ao gol de D. Alves nos acréscimos do primeiro tempo. Foi na etapa final que realmente ameaçou oferecer perigo, mas com o Fla controlando o jogo. Correu perigo apenas no início em chute de Jadson, com bela defesa do goleiro rubro-negro. No mais, atuação mais uma vez segura da defesa rubro-negra. Mesmo após a contusão bizarra de Rodholfo, Thuler entrou e sustentou a zaga.

O Flamengo esperava para o contra-ataque, uma maneira também de se poupar fisicamente em meio a essa maratona de jogos. Muitas vezes inclusive errou nas tomadas de decisão em suas puxadas. Quando acertou, colocou no barbante. Uma bela troca de passes da meia rubro-negra resultou belo passe de Everton Ribeiro para Vizeu, que colocou o goleiro tricolor no chão e pelota lá dentro.

Pausa. Vizeu é um atacante limitado. Mesmo assim, é uma diferença absurda em relação a Henrique Dourado. Qualquer atacante que consiga minimamente parar a bola e fazê-la rodar já é uma grande mudança, em um time que cada vez mais troca passes e roda a bola no campo adversário. Meu sonho é imaginar esse time que está jogando agora com Guerrero no ataque. Seria quase imparável. Tivemos lençol até de Renê no fim do jogo.

Segue o líder. 5 pontos de diferença para o segundo colocado. Quem diria? E mais. Jogando com a bola no chão pelo menos nos últimos três jogos, com todo mundo jogando bola. Defesa segura, goleiro firme, meio campo que trabalha, base que encanta e vitórias firmes sobre os rivais. Técnico que abandona uma tática defensiva para jogar com time aberto na ausência do seu camisa 10. Ousado e demonstrando supremacia sobre os seus rivais. 

Esse é o Flamengo que o povo gosta. Vai durar? Não sabemos. Temos mais dois jogos e uma parada para a Copa que pode mexer demais nas principais peças do time. Aproveitemos enquanto durar e trabalhemos para que esse momento dure. 

No mais, 
Saudações rubro-negras.

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