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Oito gringos e um FlaFlu pra ficar na memória

Foto: Gilvan de Souza / Flamengo

Esse FlaFlu tinha tudo pra ser somente mais um, dos vários que acontecem no ano e que sempre se mostra um jogo difícil de se torcer, jogar, apitar e viver. Time do Fluminense super limitado em todos os sentidos e o Flamengo tentando sair de uma crise e recuperando o bom futebol. O amigo que vos escreve já foi a uma penca de clássicos, de FlaFlus e como remete a letra do hino do Mais Querido, sempre é um "Ai Jesus!" Dessa vez a experiência foi um pouco diferente e contarei a partir de agora como foi o dia de Flamengo e de FlaFlu com oito amigos gringos aqui no Rio de Janeiro.

Tudo começa nas redes sociais. Gosto muito de ver fotos de estádios e torcidas mundo a fora e de pessoas que vão aos jogos de futebol e registram suas experiências em fotos e vídeos, assim como eu. Lá fora eles chamam isso de "groundhopping". Enfim, numa dessas eu conheci a Homefans, sempre acompanhei suas viagens pelo planeta e dessa vez eles estariam no Brasil para alguns jogos e justamente para o FlaFlu. Mandei uma mensagem meio que despretensiosa falando que esperaria eles aqui no Maracanã e fui respondido! Aí nascia mais uma amizade, daquelas que só o futebol proporciona. Começamos então a jornada do FlaFlu ainda na quinta feira comprando os ingressos no Maracanã, com o meu foram nove ao total. Conversando com o amigo Pedro da Homefans, que por sinal é brasileiro, ele disse que queria levar a galera gringa para ter uma experiência de torcedor local, como se fosse torcedor da Maior Torcida do Mundo, então traçamos um roteiro no dia do jogo para a gente se divertir com os amigos estrangeiros.

No sábado, a bola estava marcada pra rolar as 17h, então chegamos no Maraca às 14h e fomos para o tradicional Bar dos Chicos, onde a maior parte da torcida do Flamengo faz seu esquenta para as partidas. Como torcedor que vai sempre aos jogos do Flamengo, eu já estou acostumado com as coisas que podem acontecer com quem vai hoje aos estádios de futebol, como de qualquer time, ainda mais num clássico local. Ano passado, por exemplo, passei por situações no mínimo complicadas nos dois FlaFlus da Copa Sul Americana, como briga no meio da torcida do Flamengo e entre as torcidas na hora da saída do jogo. Contudo, nada comparado a esse FlaFlu. Lembra que falei sobre os gringos terem experiências de torcedor local? Então, enquanto estávamos no bar, do nada começou uma correria na rua. A primeira coisa que pensei foi que as torcidas organizadas do Fluminense vieram pra brigar com as do Flamengo justamente onde estávamos. Na verdade era uma tentativa de arrastão. Confusão generalizada e, apesar de estar dentro do bar, os amigos estrangeiros ficaram muito assustados já que praticamente todo mundo que estava na rua bebendo com os ambulantes pulou pra dentro do Chicos, voam cadeiras e mesa, copos e pratos quebrados. E como que a gente fazia pra explicar o que é um arrastão para os gringos? (risos)

Depois disso as coisas ficaram mais tranquilas, apesar de escutarmos notícias de várias brigas entre as torcidas no entorno do Mario Filho. Caminhamos até nossa entrada pelo meio da torcida do Flamengo e em pouco tempo já estávamos dentro do Maracanã. Sobre o jogo, o Flamengo de Dorival Junior é completamente diferente do Flamengo capenga das pernas que Maurício Barbieri deixou no último mês. Temos um time mais organizado e otimista, o novo técnico resgatou a confiança do elenco Rubro-Negro e recuperou jogadores como William Arão que há alguns jogos vem se mostrando fundamental nos resultados do Flamengo.

No FlaFlu, o Fla foi absoluto nos 90 minutos de partida. Tomou as ações da desde o primeiro minuto, anulou sem dificuldade as subidas do Flu e criou jogadas ofensivas com facilidade. A principal arma foi a bola alçada na área, tão criticada aqui, mas que foi eficiente. Os dois primeiros gols do time do Flamengo se originaram de cruzamentos, um de Uribe e outro de Léo Duarte. O centroavante Rubro-Negro precisava de um jogo assim para recuperar a confiança e foi um dos destaques da partida. O Fluminense teve muita dificuldade na criação pelo meio, e viu as subidas de seus laterais serem anuladas pela defesa Rubro-Negra. Já na etapa complementar, o Flamengo só administrou a posse de bola, enquanto o Fluminense, mesmo com alterações, não conseguia criar chances claras. Ainda assim o Flamengo marcou mais um com Fernando Uribe. Como falava com um português dos novos amigos que fiz, o Fluminense não foi perigoso em nenhum momento da partida. Eles elogiaram o Flamengo falando que foi o melhor time que eles viram aqui no Brasil, já que viram também alguns jogos em São Paulo. Diante de toda essa experiência, esse foi um FlaFlu pra ficar na nossa memória: pessoas de várias partes do mundo conversando sobre futebol, muita cerveja, troca cultural e um show do Flamengo em campo.

Foto: acervo pessoal

Já que a única competição que restou no ano do Flamengo foi o Campeonato Brasileiro, o Mais Querido entra em campo fora de casa no domingo contra o Paraná às 19h. Em terceiro lugar e na cola dos lideres Palmeiras e Internacional, cada jogo do Flamengo é uma decisão e cada +3 pontos é essencial na busca pelo título que é tratado como obrigação pela torcida, já que o ano de 2018 é um fiasco pelo investimento feito que não resultou em títulos que a Nação Rubro-Negra tanto quer e merece.

Sobre os amigos gringos, eu costumo dizer que os fãs de futebol compartilham uma linguagem universal que atravessa muitas culturas e muitos tipos de personalidade. Um aficionado do futebol nunca está sozinho e o futebol é muitas vezes a única coisa que temos em comum. O dia com esses caras foi incrível e teve de tudo um pouco e foi sensacional a experiência de poder dividir um dia de Flamengo com pessoas de várias partes do mundo, de diferentes línguas, diferentes culturas e diferentes costumes. Mas como eu disse, o futebol é tão incrível que, apesar de tudo, ele nos aproxima como se fôssemos um. (Pra quem quer conhecer a Homefans, é só entrar em https://www.instagram.com/homefans/)

No mais, saudações Rubro-Negras!

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