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Brasil Racista, Futebol Racista

(Reprodução: globoesporte.com)


Ontem, no Maracanã, o Fluminense bateu o Bahia e se distanciou da zona de rebaixamento. Essa é a visão desportiva sobre a partida, porém, o que acontecia fora das quatro linhas era a melhor história da noite.
Os bancos de reservas do "Maior do Mundo" foram ocupados pelos únicos dois técnicos negros do país. Esse retrato é como uma foto antiga. Entre o "preto e branco" que estampam a imagem do nosso país, a fotografia é tão clara que os negros desaparecem.
A população brasileira é 52% negra ou parda.  A porcentagem de técnicos negros na primeira divisão nacional é de 10%, a conta simplesmente não fecha. Para termos algum grau de comparação, há no "Brasileirão" 10% de técnicos estrangeiros, ou seja, os treinadores negros são estrangeiros em sua própria terra.
Na partida de ontem estavam representados dois estados brasileiros marcados pela escravidão. A Bahia tem em sua capital Salvador a "Roma Negra", epípeto enternizado na música "Reconvêxo" de Maria Bethânia. Ainda na capital bahiana encontra-se o Largo do Pelourinho, local onde os escravos negros eram supliciados pelos seus senhores.
O Rio de Janeiro mostra que o suplício dos negros continua. Esta região do Brasil já contou com o maior porto  negreiro do Brasil e  nesse ano a polícia desse estado matou 1249 pessoas, neste número a esmagadora maioria são de indivíduos negros.
Bahia e Rio de Janeiro, Esporte Clube Bahia e Fluminense Football Club. 4 entidades brasileiras que refletem o racismo estrutural que esse país negligencia. Espero que o jogo de ontem faça com que outras agremiações e instituições desse país reflitam sobre o que ocorre nessa nação históricamente fraturada.
Observação: Aconselho veementemente que os leitores dessa crônica pesquisem na internet as entrevistas coletivas realizadas ontem pelos técnicos envolvidos nessa partida histórica.  Nada que foi escrito aqui ilustrará com tanta clareza o que os negros desse país sofrem na pele.

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