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Ungido

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Sou desses caras que cresceu ouvindo as histórias do time de 1981. Quando eu tinha uns 7 anos, meu pai me deu um DVD com a biografia do Zico, que tinha um depoimento do Jorge Ben Jor dizendo: "Aquele time era ungido. Ungido! Todo jogo a gente tinha convicção de que ia ganhar.".  Na época não entendia o que era aquilo. Hoje o Flamengo de Jesus me ensina. 1x0 aos 44 do segundo tempo com gol de moleque da base.

O jogo era chatíssimo, principalmente levando-se em consideração o entorno. Fora a mobilização infeliz - para dizer o mínimo - dos botafoguenses que colaram, na arquibancada dedica aos rubro-negros, fotos dos garotos mortos na tragédia do ninho do urubu no início, os clássicos com o alvi-negro tem ficado cada vez mais chatos pelo processo de apequenamento do Botafogo.

Falo isso como alguém que gosta do clube, apesar de rubro-negro. Os últimos anos de dificuldades financeiras, fizeram do Botafogo um time de pretensões menores que criou no Flamengo um inimigo muito maior do que deveria ser. Um dia talvez eu escreva outro texto com minha tese sobre o porquê disso. O fato é que a mobilização da torcida é maior - ontem foi o maior público do engenhão nesse brasileiro - e a dos jogadores também. 

E no péssimo trabalho de Valentim, que desmontou todo o trabalho de Barroca, só restava ao Botafogo correr tudo o que tinha, disputar toda bola como se fosse a última e ganhar na raça. Porém, pela falta de técnica ou por intencionalidade, o Botafogo baixou a pancadaria nos rubro-negros. O primeiro tempo foi triste. E o Flamengo, que entra mole nos jogos fáceis - já virou padrão - demorou uns 20 min para tomar o controle do jogo. Aí, era só questão de paciência até o gol. Depois da expulsão de Luiz Fernando no início do segundo tempo então...

Três coisas aumentaram: o jogo de ataque contra defesa; a soberba do Fla no imediato pós-expulsão em achar que o gol sairia a qualquer momento; a cera dos botafoguenses. Goleiro caído, Carlí protagonizando cenas patéticas e até técnico escondendo bola em saída na lateral. Que coisa medonha.

Dali para frente foi tiro atrás de tiro, e bloqueio atrás de bloqueio, e chuveiro, e chute de longe, e jogada ensaiada, e bola na trave. Tudo acontecia menos o gol. Em um Flamengo normal, em um time normal, era aquele jogo que uns 10min antes de acabar todo mundo percebe que vai dar em um 0x0 decepcionante.

Mas o Flamengo, como diria Jorge Ben Jor, está ungido de novo.

Jesus põe Lincoln e metade da torcida do Flamengo surta. Aos 44 do segundo tempo, jogada rápida puxada por Everton Ribeiro, cruzamento de Bruno Henrique e Lincoln, em um lance de considerável dificuldade, põe ela para dentro. Flamengo 1x0 Botafogo.

Explode a massinha de rubro-negros na arquibancada visitante e a festa continua. O time vence e continua com 8 pontos de liderança. São mais pontos do que rodadas de diferença para o vice-líder. É quase certo o título. E com esse Flamengo ungido, o mais provável é na verdade que a diferença aumente. Que delícia.

No mais,
Saudações Rubro-negras.

(Imagem: igesporte)

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