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Bragantino ganhou Asas

(Divulgação: ESPN.com)


O ano de 2019 foi marcado por um debate que movimentou os torcedores do futebol brasileiro.  O tal "Clube Empresa" mora nos sonhos dos fãs de clubes endividados e atormenta os corações dos românticos da bola.

O maior expoente desse conflito de ideias foi o Clube Atlético Bragantino. Após a realização do Campeonato Paulista do ano passado, a equipe de Bragança Paulista se associou a gigante empresa de bebidas Red Bull e, dessa união, nasceu o Red Bull Bragantino.

A fusão foi satisfatória no âmbito esportivo, o RB Bragantino conseguiu o acesso para a Série A do Campeonato Brasileiro sem dificuldades. Apesar da alteração do nome da instituição, a camisa da equipe do interior de São Paulo ostentava o brasão tradicional da agremiação, até as cores do uniforme não escapavam grosseiramente do modelo habitual do C.A Bragantino fundado em 1928. Porém, essa realidade mudou.

O antigo escudo do "Massa Bruta" foi extinto, o Red Bull Bragantino utilizará um novo brasão que destaca o simbolo da empresa de bebidas. A multinacional deu asas ao Bragantino, em troca lhe roubou a identidade.

Essa "troca" aqueceu ainda mais o debate acerca da transformação dos clubes brasileiros em empresas. Até onde você iria para que o seu clube se salvasse economicamente ou ganhasse recursos que lhe conferisse maiores chances de títulos?

O torcedor de Bragança Paulista pode nos mostrar um ponto interessante nesse debate. A média de público no estádio Nabi Abi Chedid (casa do Massa Bruta desde 1949) na série C de 2018 era de 1513 pessoas, no campeonato paulista de 2019 (antes da fusão com a Red Bull) a média era de 2234 indivíduos. Após a união entre as duas entidades, o RB Bragantino levou uma média de 5976 pessoas por jogo. 

Esses números apontam que, na cidade de 168.668 habitantes, encontram-se fãs do C.A Bragantino que não perderam amor pelo seu clube após a fusão e novos torcedores podem ter surgido na região para apoiar um clube de futebol competitivo que leve o nome da sua cidade (mesmo que secundariamente).

Com a alteração no escudo da equipe, vamos acompanhar o comportamento do torcedor do RB Bragantino. Será que essa mudança radical afastará alguma parcela "romântica" da torcida? Ou será que a tradicão pode ser substituída por competitividade?

Os apaixonados por futebol no Brasil podem odiar ou aplaudir a equipe do interior paulista. Porém, esses dois setores acompanharão de perto a temporada do RB Bragantino. 

Para alguns, esse modelo pode ser a salvação. Eles podem torcer par a sua equipe mesmo que todos os símbolos do clube mudem, para eles não há diferença. Para outros, este modo de gestão pode colocar em risco histórias do futebol nacional, os clubes ficam mais suscetíveis a mudanças drásticas como aquelas que ocorreram com o C.A Bragantino.

2020 mal começou e o futebol brasileiro já nos dá asas para um debate onde não há certo ou errado. "Dinheiro não traz felicidade" mas traz torcedor ao estádio para aplaudir uma marca de bebidas.

Enfim, que comecem os jogos.

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