Faça Parte

Miguel de Cervantes

(Foto: Lucas Merçon/ Fluminense FC)

"— Quais gigantes? — disse Sancho Pança.
— Aqueles que ali vês — respondeu o amo — de braços tão compridos, que alguns os têm de quase duas léguas.
— Olhe bem Vossa Mercê — disse o escudeiro — que aquilo não são gigantes, são moinhos de vento; e os que parecem braços não são senão as velas, que tocadas do vento fazem trabalhar as mós.
— Bem se vê — respondeu D. Quixote — que não andas corrente nisto das aventuras; são gigantes, são; e, se tens medo, tira-te daí, e põe-te em oração enquanto eu vou entrar com eles em fera e desigual batalha.
(Dom Quixote/I/VIII)
Na noite de ontem, os Tricolores foram encantados pela exibição da mais nova joia de Xerem. Miguel, um menino de 16 anos, enfrentou os "gigantes" como se estes fossem estáticos moinhos.
Miguel foi, ao mesmo tempo, Sancho Pança e D. Quixote.
Quem acompanhou o jogo pela televisão, olhava para a tela com curiosidade impar. Um garoto pequeno e franzino passava pelos homens maiores com muita habilidade. Miguel sabe que é menor que seus adversários, porém, ele tem ciência que os "gigantes" são lentos e enfrentá-los é como apostar corrida com um moinho. Miguel é Sancho Pança.
Miguel também é D.Quixote. Qual menino que sonha em jogar futebol não estaria realizado em atuar num gigante brasileiro em pleno Maracanã?
Miguel sabe que é mais rapido e habilidoso que os outros jogadores, o tamanho deles não o intimada. Todavia, ele entende a responsabilidade que carrega em seus fracos ombros fortes. Os moinhos são faceis de serem driblados, mas  estes existem e ele deve supera-los muitas outras vezes para se tornar um jogador relevante no futebol.
Miguel é Sancho Pança, Miguel é D.Quixote. Acima de tudo, Miguel é Cervantes.
Ele é um artista, autor da obra de sua vida, não um mero personagem criado. O camisa 30 do Fluminense ainda escreve a sua história no futebol e pode ser o personagem que quiser.
Cervantes criou D.Quixote e Sancho Pança, Miguel aplicou esses dois personagens na vida.


Postar um comentário

0 Comentários