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Iniciando mais um

Estava eu na Ilha do Urubu, tranquilamente no início do processo de muvucação da arquibancada. Era o primeiro jogo do estádio que não durou seis meses, mas a animação na época era grande com a possibilidade criar um mini caldeirão rubro-negro.


De repente, brota um senhor de uns 70 anos, com uma garotinho de uns 4 do lado (coisas que só a gratuidade possibilita. Me julguem). Já achei a cena muito legal. Torcedor se faz na arquibancada. Tava lá o vovô fazendo o rito de iniciação do seu netinho, mantendo uma tradição centenária.

Logo eu vi, porém, que o menino não conseguiria ver nada do lugar onde o avô estava. O avô, de muleta, tampouco ia conseguir erguê-lo.

Com a autorização do senhor, peguei o pequeno Luis Felipe e coloquei na barra de apoio, sentadinho, mas segurando no meu braço. A princípio, era só pra ver a entrada em campo, mas depois que o moleque Vinicius Júnior ficou endiabrado, não consegui abandonar o moleque e deixar que ele não visse o jogo.

Foram duas horas de:

"Quem é o branco? Quem é o laranja? E o amarelo?"

"-Quem é o Flamengo?
- O de branco.
- Mas todos eles são Flamengo?"

"- Que água estranha e amarela é essa que jogaram lá de trás?"

Fora o aprendizado do vocabulário característico do estádio que, como disse o vovô, "só pode aqui, hein!"

No fim de tudo, estávamos eu, Luis Felipe e o vovô felizes da vida. Combinamos  na semana seguinte, no mesmo bat-lugar.

O Flamengo naquela noite finalmente ganhou com autoridade. Mas quem ganhou a noite pra mim foi o menininho Luis Felipe, mais um iniciado na maior invenção da humanidade.

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