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Na Visão do Rival: O Verdadeiro Libertador: Gabigol e a América Rubro-Negra

(Foto: Luka Gonzáles/ AFP)


O início do Séc.XIX foi marcado por uma série de conflitos que resultou nas independências de diversos países que compõe o continente americano atualmente. Diversos chefes militares lideraram colonos que não queriam mais viver sob o jugo de uma potência européia.

Nomes como Simón Bolívar, José de San Martín e Bernando O'Higgins até hoje aparecem nos livros de história e são a fonte de inspiração para a maior competição da América do Sul: A Taça Libertadores da América. Aparentemente, o Flamengo de 2019 quis reescrever uma história secular e um novo Libertador contrariou seus pares históricos.

Simón Bolívar ("El Libertador"), escreveu no ano de 1815 um dos documentos mais importantes da história: "A Carta de Jamaica". Exilado na ilha caribenha após uma derrota militar, Bolívar elaborou uma série de teorias sobre o futuro dos países que estavam se tornando independentes no continente americano e previa os seus respectivos futuros. Para o general, as nações recém-formadas deveriam se unir e formar uma só Federação, porém, ele alertava que o Brasil (Ainda sob domínio português) não poderia fazer parte dessa união devido as suas diferenças culturais.

Toda vez que um clube brasileiro vence a Taça Libertadores da América, o grito de "CAMPEÃO!" faz com que Bolívar se remexa em seu túmulo na cidade venezuelana de Caracas e o seu sonho seja sepultado junto com ele, nós não somos convidados para "Fiesta de los Libertadores" desde 1815 mas insistimos em criar nossos ídolos nesse torneio e Gabigol foi um deles, sem dúvidas. 


Gabigol foi o herói que o Flamengo precisava na decisão contra o River Plate, em 3 minutos ele calou os gritos espanhóis que eram entoados pelos argentinos e trouxe a glória para a equipe da Gávea. O artilheiro Rubro-Negro rasgou a Carta de Bolívar e mostrou que o Brasil não só faz parte da cultura desse continente, como é o protagonista da região. O Flamengo de 2019 foi a melhor equipe do Cone Sul, Gabriel foi o Libertador de uma nação de mais de 40 milhões de torcedores e só de pensar que a exclusão proposta por Bolívar fosse executada, Gabigol mostra que a sua vontade superou os sonhos do general morto.


Quando o apito foi assoprado e aquela final terminou em Lima, os torcedores do Flamengo estavam extasiados e os adeptos  dos times rivais ainda se encontravam atônitos com aquele final de tirar o fôlego. Entre os festejos e a perplexidade, mais uma vez a história estava sendo reescrita, um Libertador trouxe a alegria ao seu povo e nem precisou mover tropas para fazer isso, Gabigol fez em 3 minutos mais do que Bolívar sonhou em fazer 204 anos.


O sonho de uma "Federação de países Hispânicos"  foi suplantado por uma coisa maior, a "América Rubro-Negra". Bolívar pode continuar se remexendo de raiva no seu túmulo que os torcedores do Flamengo não precisam de outro Libertador. Eles já tem um que está vivo e que escreve uma bela história em campo, um roteiro bem melhor que uma carta rabiscada na Jamaica há mais de 200 anos atrás. 

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