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Vovôs x Milhões: O Esporte Imita a Vida em meio a Pandemia



O Brasil enfrenta uma pandemia que já matou mais de 20 mil pessoas desde março, essa realidade catastrófica ainda se encontra em seu auge no território nacional e não há qualquer previsão de seu fim. Neste cenário, os "4 Grandes do Rio" travam uma guerra nos bastidores sobre a volta (ou não) das atividades futebolísticas na "Cidade Maravilhosa".

Fluminense e Botafogo se posicionam duramente contra o retorno das atividades ligadas ao futebol. Os protagonistas do "Clássico Vovô" afirmam que só retornarão aos treinos com o aval das autoridades competentes e dos órgãos que fiscalizam a saúde pública, essa visão parece ser bastante razoável mas não encontra eco nos dois outros rivais cariocas.

Flamengo e Vasco formam o famoso "Clássico dos Milhões", os dois clubes com maior número de torcedores no Rio de Janeiro se mobilizam nos bastidores para que o futebol volte rapidamente. Os presidentes dessas agremiações  chegaram ao ponto de se deslocarem até o Distrito Federal para buscar apoio de Jair Messias Bolsonaro, o chefe do nosso poder executivo serviu como uma espécie de lobista nessa luta pela volta do futebol em meio aos milhares de mortos. 

Bolsonaro é a ilustração dessa disputa, desde o início da pandemia, o presidente do Brasil minimizou a ação do vírus e defendeu o infame (e cientificamente ineficaz) "isolamento vertical". Nessa teoria, aqueles que não se encontram no "grupo de risco" deveriam manter as suas rotinas normais e os idosos deveriam ficar isolados em suas casas até uma data não sabida, a morte desses indivíduos será inevitável e a trilha sonora desses óbitos será um ensurdecedor: "E dai? Quer que eu faça o que?" 

Em uma ironia do destino, os "Vovôs" do futebol carioca se uniram de um lado e os "Milhões" se uniram de outro. O cenário do futebol carioca é um retrato de nossas vidas nesse momento: Há aqueles que zelam pela prudência e pela vida, e há aqueles que pensam em cifras e quanto estão deixando de arrecadar durante essa paralisação forçada e necessária. 

Ocorrerá amanhã mais uma reunião visando a volta do futebol no Rio de Janeiro, o líder executivo é outro mas o tema é o mesmo. Após Bolsonaro ter "passado a bola" da responsabilidade para a  volta do futebol na cidade para Marcelo Crivella, este se colocou aberto a ouvir os presidentes dos clubes cariocas sediados na capital fluminense. Os "Vovôs" já avisaram que não participarão dessa reunião porque não receberam qualquer evidência dos órgãos competentes de que é seguro o retorno de qualquer atividade que envolva o Esporte Bretão no momento. 

Enquanto os dirigentes travam essa "Guerra Fria" nos bastidores, os torcedores desses clubes olham com um certo ar de impotência para esse cenário. Há rubro-negros e vascaínos que discordam do posicionamento de seus mandatários e há tricolores e alvinegros que prefeririam ser dirigidos pelos presidentes rivais. Esses quatro clubes movimentam milhões de pessoas com posicionamentos diferentes, tratar de cada opinião pessoal é impossível. Dessa forma, avaliar o posicionamento dos presidentes nesse contexto é impreciso, porém, estes indivíduos se confundem com seus clubes durante seus respectivos mandatos, não há como escapar disso. 

Enquanto alguns colocam as mortes de idosos como "danos colaterais" para o salvamento da economia, os "Vovôs"mostram a importância da prudência em um momento de crise outros "Milhões" defendem as ideias dos dirigentes de Vasco e Flamengo e de seu lobista presidencial na Capital Federal. 

Não importa para qual time você torça, o debate que terá seguimento amanhã tem a ver com a nossa vida. Se você acha que o retorno do futebol é prudente e exemplar nesse momento, é um direito que lhe assiste. Eu ficarei ao lado dos "Vovôs", tanto aqueles que compõe o clássico carioca como aqueles que estão tentando sobreviver em suas casas e não devem ter o seu risco de vida prejudicado por causa de um esporte, mesmo este sendo o amado futebol.


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