-"Assim sendo, Declaro vaga a PresidĂªncia da RepĂºblica!"
Tancredo Neves:
- "Canalhas! Canalhas! Canalhas!"
(Congresso Nacional, Madrugada do dia 2 de abril de 1964)
Dia 1º de abril de 1964, data infame na histĂ³ria do nosso paĂs, o dia que todos gostarĂamos que fosse mentira mas foi uma verdade que nos assolou por anos. Com o golpe militar jĂ¡ organizado, os legisladores que apoiavam o novo regime buscaram dar um ar de legalidade ao movimento para que este se tornasse mais palatĂ¡vel ao povo brasileiro.
Para ludibriar uma naĂ§Ă£o que estava perdida, o senador Auro de Moura Andrade tomou a palavra e fez um discurso mentiroso que apontava uma fantasiosa fuga de JoĂ£o Goulart para o Uruguai (ele estava em Porto Alegre naquele momento) para mostrar que o paĂs se encontrava "acĂ©falo" e aquele abandono em momento de crise mostrava que o presidente eleito estava abandonando o povo brasileiro. Enquanto Auro cuspia suas mentiras uma voz ao fundo gritava "Canalhas! Canalhas! Canalhas!", a voz era do tĂmido e respeitado deputado Tancredo Neves que repudiava o golpe eminente.
Essa breve histĂ³ria Ă© importante para mostrar como as leis e os regulamentos no Brasil sĂ£o frĂ¡geis. O que estĂ¡ acontecendo na FERJ nesse momento Ă© aquilo que Tancredo nĂ£o teria pudor em chamar de CANALHICE.
Enquanto o Brasil vive a maior pandemia de sua histĂ³ria, o presidente da Ferj, Rubens Lopes, trabalha nos bastidores para que o futebol no Rio de Janeiro volte o mais rĂ¡pido possĂvel. A sua funĂ§Ă£o cobra esse esforço, porĂ©m, ele o faz de forma atrapalhada, imprudente e, acima de tudo irregular. Desde o momento em que Landim e Campello foram adular o Presidente da RepĂºblica com souvenirs de Flamengo e Vasco, Rubens iniciou um processo de retomada do futebol carioca como se fosse um joguete dos dirigentes supracitados.
Se aproveitando da miserabilidade que assola os "Clubes de Menor Investimento" deste estado, Rubinho jĂ¡ sabia que conseguiria o apoio desses times para que ocorresse mudanças nas datas dos jogos do "CariocĂ£o". Gananciosos e MiserĂ¡veis eram os votos certos, faltava ele acertar a sua manobra legal com os outros dois que restavam na VĂ¡rzea que ele preside.
PorĂ©m, Fluminense e Botafogo nĂ£o aceitaram a irresponsabilidade sanitĂ¡ria e moral que os outros clubes estavam organizando no momento em que as mortes nĂ£o paravam de crescer nesse estado. Impaciente com a postura dos protagonistas do "ClĂ¡ssico VovĂ´", Rubinho passou a organizar o campeonato carioca a revelia destes dois clubes, uma atitude canalha e irregular.
Para que se mude o modelo e as datas do CariocĂ£o, Ă© necessĂ¡rio que TODOS os clubes estejam de acordo com as alterações, 18 de 20 nĂ£o Ă© "Todo". JĂ¡ impaciente e pressionado pelo mandatĂ¡rio do Rubro-Negro, Rubens começou a fazer troça com os presidentes de Fluminense e Botafogo no grupo de Whatsapp que trata a volta (ou nĂ£o) deste campeonato espetacular. A tĂ¡tica digna de um aluno de 6º ano do ensino fundamental nĂ£o funcionou e os "rebeldes" abandonaram o famigerado grupo.
A Ăºltima cartada de Rubinho foi organizar o campeonato sem o consentimento dos presidentes de Botafogo e Fluminense. O Flamengo jĂ¡ sabe que dia irĂ¡ atuar, enquanto isso, MĂ¡rio Bittencourt soube atravĂ©s da mĂdia tradicional que amanha serĂ¡ realizada uma reuniĂ£o para que as novas datas sejam confirmadas. Rubens Lopes lançou um ditatorial "Ame-o ou deixe-o", os dissidentes que se adaptem ou sofrerĂ£o quantos "Wos" forem necessĂ¡rios.
Assim como o Congresso Nacional foi palco de um acontecimento vergonhoso naquele 2 de abril de 1964, amanhĂ£ o "Conselho Arbitral" do Campeonato Carioca serĂ¡ o cenĂ¡rio de mais um golpe. O regulamento, assim como a ConstituiĂ§Ă£o hĂ¡ 56 anos atrĂ¡s, estĂ¡ sendo pisoteada por infames que sĂ³ pensam em seus balancetes e ignoram aqueles que podem sofrer com suas atitudes.
Nesse cenĂ¡rio golpista em que os "vencedores" jĂ¡ foram avisados do resultado, nos resta nĂ£o fazer o papel de Auro de Moura Andrade" e ficarmos servindo como marionetes dos patifes. Os Tricolores devem ser aqueles que entrarĂ£o para a histĂ³ria do futebol carioca lutando por seus direitos e chamando seus detratores de:
CANALHAS! CANALHAS! CANALHAS!
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