ESSE CAMPEONATO NÃO DEVERIA ESTAR
ACONTECENDO!
Essa foi uma semana estranha.
Tirando os jogos do carioca, fazia tempo que eu não me esquecia contra quem o
Flamengo iria jogar, que horas e qual canal transmitiria o jogo. Na quinta
feira me peguei indo olhar a tabela pra confirmar esses detalhes. Talvez essa
seja parte da ressaca de Flamengo que me bateu na virada do ano. Antes dessa
pandemia já havia decidido que em 2020 eu iria menos a jogos. A falta de vontade
que o time mostrou nos cinco primeiros jogos, aliada a loucura que é viver no
Brasil atual também ajudaram para que isso acontecesse.
Foi também nessa semana que, com
muito atraso, consegui terminar a série “All Or Nothing: Manchester City”. Ela relata
o dia a dia do time comandado por Pep Guardiola na temporada 2017/18 onde o time
conseguiu, dentre outros feitos, o recorde de pontos em uma mesma edição na Premier
League: 100. Contudo a temporada também foi marcada por mais um revés europeu dos
blues, agora diante do Liverpool. Um dos episódios mostra justamente esse confronto,
com destaque para o jogo de ida, onde em 30 minutos o Liverpool fez 3 a 0 e praticamente
matou o confronto.
Antes do jogo, em conversa com seus
auxiliares e com seus jogadores Guardiola destacou a força do trio ofensivo do
Liverpool, com suas movimentações e principalmente pela sua velocidade nos contra
ataques. Com 11 minutos de jogo, o Liverpool foi mortal justamente nessas
jogadas, com Salah acionado pela direita, driblando o zagueiro e batendo para o
gol. O rebote sobrou para Firmino que devolveu para o próprio Salah abrir o
placar. Ontem o roteiro parecia bem semelhante. O Santos parecia muito inclinado
a jogar assim, algo que já acontece desde os tempos de Sampaoli. E no segundo
minuto de jogo isso ficou claro. Marinho recebeu lançamento nas costas de
Filipe Luis, cortou pra dentro e chutou para a boa defesa de Diego Alves.
Se em Anfield o Liverpool fez
três gols em trinta minutos o Santos teve todas as chances de fazer o mesmo. Porém
havia um VAR no caminho. Aos nove minutos, em mais uma jogada pela ponta
direita, Pará cruzou e Raniel empurrou para a rede. Gol que foi anulado após o
VAR pegar impedimento do atacante do Santos. O detalhe é que o lance demorou
CINCO (!!!) minutos para ser anulado. Logo em seguida, mais uma jogada pelo
lado esquerdo defensivo do Flamengo resultou em falta para o Santos próximo a
intermediária. Bola levantada na área e ela vai direto para o gol. Diego Alves
toca nela mas não é suficiente. Novamente o protagonista da partida entra em
campo. O VAR. Foram QUATRO minutos para que o árbitro de vídeo analisasse o
lance. Como se não bastasse isso ainda foi necessário que o juiz de campo fosse
até o monitor para dar o veredito de final da jogada. Com mais seis minutos de
paralisação, outro gol anulado, outro impedimento na jogada. Resultado disso
tudo é que com 21 minutos de tempo corrido cerca de 10 deles foram dedicados ao
VAR.
Sou muito a favor do uso do árbitro
de vídeo no futebol, acho a ideia bastante boa e tem tudo para ficar. Porém do
jeito que ocorre no Brasil é completamente inviável. Em qualquer campeonato
europeu os mesmos lances não demorariam mais do que dois minutos para serem
resolvidos, talvez até menos. Além disso, contabilizando o tempo
das duas paradas, foram dez minutos em que a câmera da transmissão absolutamente focada no juiz. Nenhuma
pessoa que assistia o jogo em casa sabia o que se estava na analisando e também
não podia ter sua própria opinião sobre o lance em questão. É uma grande bola
de neve. O tempo parado tira o ritmo dos jogadores, que acabam se irritando com
a demora. Por consequência o jogo se torna mais lento e pior para quem assiste,
tendo em vista que os jogadores estão mais frios. Todos perdem.
Quando teve jogo no primeiro
tempo o que se viu foi novamente um Flamengo que não sabia o que fazer. Um meio
de campo absolutamente ineficiente, com Gerson, perdido na função de primeiro
volante tentando auxiliar a saída de bola junto aos zagueiros, e Thiago Maia e
Arrascaeta mais a frente. No ataque Bruno Henrique segue fora de sintonia,
Michael não consegue mostrar o mínimo dos fundamentos básicos do jogo (7,5
milhões de euros por 80% dos direitos) e Gabigol ainda tenta encontrar seu
espaço mais efetivo no campo. Apesar do gol incrível perdido pelo nosso camisa
19 aos seis minutos, o Flamengo não conseguiu se encontrar no jogo. Com tudo
isso, dá pra dizer que sair com o empate sem gols da primeira etapa seria
lucro. Pois bem, aos 50 minutos, numa roubada de bola e contra ataque armado, o aniversariante do dia, Gabigol, bateu forte e abriu o placar.
O segundo tempo veio e por menos
de dez minutos o Flamengo conseguiu controlar um pouco as ações da partida. Daí
em diante o jogo foi todo comandado pelo time da casa. Se a situação já não era
boa ainda tivemos que lidar com a perda de Diego Alves, substituído com uma
lesão no ombro. Dessa vez as mudanças promovidas por Dome foram melhores que
nos outros jogos. Gerson, Bruno Henrique e Renê (mais uma vez improvisado na
lateral direita e mais uma vez fazendo uma apresentação bastante correta) deram
lugar a Arão, Ribeiro e o estreante Isla, este que talvez tenha sido o único
destaque positivo do jogo. Por fim Diego entrou no lugar de Gabigol, também
contundido.
Na parte final do jogo, já com o
Santos lançado ao ataque de forma desesperada e com o meio de campo mais
povoado, o Flamengo por vezes conseguiu trocar mais passes, explorando muito
seus pontas e o avanço dos laterais, em especial pela direita. Por fim a
vitória veio, mas ainda muito longe do que se espera do Flamengo. Mais um jogo
abaixo da média e me levou a frustração máxima, tudo parecia errado no jogo. Do VAR, do juiz, das
faltas, da narração, dos comentários, do Flamengo, tudo parecia estar errado. O
gol de Gabigol foi aquele tipo de gol que você comemora revoltado, quase indignado
que aquilo aconteceu.
Após a partida, em entrevista
coletiva, Dome disse que o Flamengo jogou 30% do que treinou durante a semana
livre de treinos que teve. Além disso avisou que vai dar continuidade a ideia
de rodízio que vem sendo posta em prática. O conceito de jogo mais posicional,
tendo como base o 4-3-3 parece ser algo um pouco mais sedimentado, mas o
técnico ainda tem muito trabalho pela frente e precisa corrigir seus caminhos o
mais rápido possível. Torrent vai novamente enfrentar uma maratona de jogos
culminando com o retorno da Libertadores no dia 17, contra o muito bem arrumado
time do Independiente del Valle. Torçamos. Amanhã há de ser outro dia.
No mais
Saudações Rubro-negras!
@hgoes8
0 Comentários