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O meio termo vazio: Um Flamengo sem cara.

 

ESTE CAMPEONATO NÃO DEVERIA ESTAR ACONTECENDO.

Mais uma quarta feira, mais uma frustração. O Flamengo até começou bem a partida, conseguindo trocar bons passes e construir bem jogadas. Tudo isso passava muito pela melhora – até porque não consigo imaginar algo pior do que estava ocorrendo – na atuação de Gerson e principalmente de Everton Ribeiro. Nosso craquinho mais uma vez demonstrou seu talento em pelo menos três momentos. Um chapéu de chaleira lindo em Cortez, um passe sensacional para João Lucas e mais uma jogada individual ao melhor estilo do camisa 7 da Gávea.

Infelizmente essa magia durou basicamente metade do primeiro tempo. A partir daí o Grêmio conseguiu se colocar no jogo e passou a sofrer menos pressão e teve possibilidade de se lançar mais ao ataque. O Flamengo começou jogando no 4-3-3 com Arrascaeta por dentro como um falso 9 tendo Bruno e Gabigol pelas pontas. Ontem era o jogo perfeito para essa formação, que já havia dado certo no ano passado contra o mesmo Grêmio no Campeonato Brasileiro. Contudo, com um meio de campo ineficaz, ficou impossível qualquer êxito. Na metade final da etapa Gerson voltou a ser o jogador displicente dos jogos anteriores, Everton não conseguia mais encontrar tantos espaços e Arão parece ser a personificação do Flamengo atual. Não é nem o Flamengo de Jesus nem o Flamengo de Dome. Hora aparece entre os zagueiros para a saída de bola, hora fecha um triangulo no meio. Em muitas das vezes não faz nem um nem outro.

Numa jogada onde vimos todo sistema defensivo do Flamengo bater cabeça, Rodrigo Caio tendo que quase empurrar João Lucas – que vinha fazendo até boa partida – para a posição correta, Gerson largando a marcação e só olhando a bola e uma linha de impedimento completamente torta que Pepê abriu o placar para o Grêmio aos 45.

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Foto: Alexandre Vidal/Reprodução Twitter Oficial/Flamengo

A segunda etapa foi menos atrativa que a primeira. O Flamengo tocava mais a bola, ameaçava menos e o Grêmio dependia de contra ataques. Nos dois que teve criou perigo, com Diego Souza aos 2 e Isac aos 29. Nesse meio tempo nada aconteceu além da lesão de João Lucas, que fez com que Renê entrasse como lateral direito improvisado, fazendo até boa partida e mostrando mais uma vez o motivo pelo qual é um jogador extremamente útil ao elenco, sempre segurando diversas bombas.

Eis que aos 39 minutos Vitinho, que entrou no lugar de Everton Ribeiro e é assunto pra daqui a pouco, arriscou de fora da área e a bola pegou no braço de Kannemann. O VAR foi chamado e marcou pênalti. Gabriel bateu e empatou pra acabar com a seca de sete jogos sem gols. Na comemoração, ele foi até o banco abraçar o técnico, numa forma explicita de apoio ao catalão. O Flamengo se animou, até tentou algo mas o jogo acabou empatado. Agora são 4 pontos em 12 possíveis e poucas mudanças foram apresentadas.

E porque continuamos sem ver mudanças? Como dito, o Flamengo se mostra exatamente num processo de transição, não consegue concatenar as ideias de Jesus com as de Dome, afinal é possível dizer que nenhuma das duas tem sido treinadas nos últimos tempos. São 4 jogos em 10 dias. Na saída de campo, Gabigol deu entrevista e novamente foi bastante lúcido e consciente nas palavras “Estamos treinando nos jogos”. Esse é o principal argumento para que eu ainda não esteja absolutamente irritado com nosso técnico. Para efeito de comparação com Jesus – e infelizmente elas serão comuns, não há como apagar os feitos dos últimos 12 meses – o seu quarto jogo também foi um empate, por 1 a 1, com o time fazendo uma partida bem mediana.

Por outro lado, não há como eximi-lo de toda culpa. Não há como apagar o fato de que ele tirou de campo, com mais da metade do segundo tempo para ser jogado, o melhor e mais lúcido jogador do time. Não há como esconder que mais uma vez o técnico terminou o jogo sem gastar todas as suas substituições disponíveis. Tendo um elenco farto de opções como o Flamengo tem, esse trunfo deve ser usado.

E porque é necessário que as mudanças sejam feitas? Porque parece que alguns jogadores não retornaram da parada da pandemia. Bruno Henrique e Gabigol estão tendo dificuldades em fazer o básico que se exige deles, Arrascaeta erra exatamente as mesmas jogadas que em 2019 saiam com extrema naturalidade, Gerson não consegue ser o meio campista dinâmico que se espera e Rodrigo Caio tem que desdobrar na defesa porque Léo Pereira não consegue passar o mínimo de segurança no sistema defensivo. Não acredito que a diferença de postura a beira de campo seja algo que deva ser levado como fato primordial para essa queda de rendimento, se você só trabalha bem quando há alguém gritando no seu ouvido, o problema é de quem está ouvindo.

Acho que falta aquele jogo que mostre para os jogadores que tudo que eles treinam dá certo em campo, apesar da eliminação na Copa do Brasil, Jesus ganhou todos quando seu primeiro jogo no Maracanã foi um 6 a 1. Ver tudo que se treina durante a semana funcionando na hora H é o ápice para quem está em campo.

Esse momento vai chegar, o time é bastante forte e os jogadores realmente parecem estar ao lado de Dome. O abraço dele com Gabigol e a conversa que o técnico teve com Diego Alves ao final de jogo mostra a disposição de todos em melhorar a situação. O flamenguista otimista em mim diz que esse time vai evoluir e retomar os grandes momentos que já viveu, mas é preciso ainda um pouco de paciência, coisa que a torcida do Flamengo tradicionalmente não tem, ainda mais vindo de um ano glorioso como foi 2019. Vai chegar, vai chegar.

 

No mais,

Saudações Rubro-negras!

@hgoes8

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