Há exatamente uma semana a National Football League iniciou mais uma temporada regular de sua história. E como estamos vivenciando um momento completamente diferente da história, ela retornava repleta de protocolos a serem seguidos visando a proteção de todos os envolvidos na partida (jogadores, comissões técnicas, imprensa e afins).
O jogo, que aconteceu na cidade
do Kansas, marcou o confronto entre o time da casa, e atual campeão do Super
Bowl, os Chiefs, contra o Houstou Texans. O duelo foi vencido pela equipe mandante,
mas o que chamou atenção de muitos foi a presença de público no estádio.
Hoje a conta oficial do Kansas
City Chiefs anunciou um dos 15.895 torcedores presentes no estádio testou
positivo para COVID-19. Quem teve a oportunidade de assistir a partida pode ver
que a questão do distanciamento social era meramente um detalhe. Vários setores
com muitas pessoas próximas, tornando aquele espaço de fato uma grande
aglomeração.
Isso nos remete a um episódio
semelhante há quase sete meses. No dia 17 de fevereiro Atalanta e Valencia se
enfrentaram pelas oitavas de final da Champions League ainda no jogo de ida. A
equipe da casa não pode mandar a partida em seu estádio oficial devido a
restrições de capacidade do estádio. Dessa forma, a partida foi transferida
para Milão, no estádio San Siro. Autoridade estimam que cerca de 40 mil pessoas
viajaram de Bérgamo para Milão para assistir a partida, que posteriormente foi
chamada de “bomba biológica” pelo prefeito de Bérgamo.
Somente agora em setembro a
temporada 20/21 está se iniciando na Europa e as principais ligas se mantem com
suas políticas de jogos com portões fechados, com exceção da França. Lá o público
tem retornado aos estádios ainda de forma bem acanhada. A título de curiosidade,
no jogo do ultimo final de semana entre PSG e Olympique de Marseille a
capacidade máxima do estádio estava reduzida a pouco mais de 10% do número total
de assentos.
No Reino Unido a Premier League e
seus clubes estão fazendo fortes pressões para o retorno de público aos
estádios, com a alegação de perdas financeiras para as equipes participantes da
competição. Enquanto isso, o governo britânico, que havia anunciado a volta de
torcida aos estádios para outubro, adiou o plano para novembro. Já a liga
deseja a volta dos espectadores na data inicial planejada.
Tais ações impressionam se
olharmos o contexto em que cada país se encontra. Não é preciso ir muito a
fundo para buscar dados. Atualmente os EUA detém o recorde de casos e mortes por
todo mundo. Além disso, parece que a Europa vive o que ficou sendo chamado de “Segunda
onda” de contaminação de COVID-19. Pensando por esse lado, achar uma boa ideia
retomar a participação de público nos estádios ainda parece ser extremamente prematura
e um tanto quanto irresponsável.
Retomando a NFL para o centro das
atenções, há também pontos positivos a serem destacados. O protocolo de
testagem da liga tem se mostrado bastante efetivo durante todo o processo de
pré temporada e vem seguindo assim até o momento. Antes da partida de abertura
da temporada a liga anunciou que após mais de 64 mil testes, com um total de 2.500
jogadores submetidos a testagem, somente cinco foram casos positivos.
Comparando com o Brasileirão, até
o dia 02 de setembro haviam sido registrados um total de 147 casos dentre os 20
times da Série A da competição. Lembrando que a NFL possui 32 equipes e o
elenco de cada clubes é consideravelmente maior, mais ou menos o dobro. A Copa
Libertadores, que retornou nessa semana, viu um de seus maiores clubes, o Boca
Juniors, registrar 18 profissionais com COVID. O número por si só já é absurdo,
mas fica pior quando se descobre que o Ministério da Saúde paraguaio autorizou
esses jogadores a viajarem para o país, enfrentar o Libertad.
A NFL merece ser elogiada pelo
que tem feito com relação aos protocolos de testagem de jogadores e comissões
técnicas, de fato. Contudo, também precisa dar atenção a questão do público. Apesar
de conhecer todo o histórico estadounidense e sua política federalista, hoje
são 9 times que permitem que haja público nos estádios durante a partida, cada
um de acordo com as devidas autorizações das autoridades locais. Por exemplo,
no próximo final de semana o estádio do Dallas Cowboys irá receber 25% da sua
capacidade total, o que equivale a 20 mil pessoas.
Se a liga tem condições de interferir
e regular a questão de testagem e levá-la para diversos estados e cidades, o
mesmo deveria servir para regular a questão do público nos estádios. Isso
porque além da questão óbvia de saúde pública, há também a questão de desvantagem
de torcida, para aqueles que jogarem em casa e de fato receberem público.
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