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Sair do Galo é o melhor que Cazares pode fazer

Foto: Bruno Cantini/Atlético

Cá estou eu, fazendo mais um texto sobre Cazares. Acho que deve ser o terceiro e espero que seja o último, pois, apesar de eu ser fã do equatoriano, acredito que precisamos superar esse assunto e focar na briga pelo título brasileiro. Mas antes do seu ciclo se encerrar no Galo, algumas coisas precisam ser ditas.

Cazares chegou ao Atlético em 2016, aos 24 anos. Logo nos seus primeiros jogos, demonstrou ser acima da média e ganhou muita simpatia da torcida. Por outro lado, seu extracampo também começava a aparecer. Inclusive, o técnico da época, Diego Aguirre, o barrou do time titular por isso e foi duramente criticado, uma vez que o meia já era um dos melhores do time. Fomos eliminados da Libertadores nas quartas, fizemos um Brasileirão irregular (apesar da boa colocação) e chegamos na final da Copa do Brasil à duras penas, tendo Diogo Giacomini como técnico no jogo da volta, já que Marcelo Oliveira havia sido demitido após a partida de ida. 

No fim disso tudo, Cazares fez 42 jogos, 10 gols e deu 8 assistências. Bons números pra um meia em sua temporada de estreia.

Em 2017, Roger Machado era o treinador, e o começo daquele ano foi bem empolgante. Fomos campeões mineiros e fizemos a melhor campanha da fase de grupos da Libertadores. E Cazares, claro, jogava muito. No entanto, tudo desandou. Roger caiu, Micale chegou e saímos nas oitavas para o gigantesco Jorge Wilstermann. Oswaldo de Oliveira foi contratado e nos deixou numa broxante 9ª posição. 

Porém, mesmo nesse caos todo, Juani manteve o bom nível, fazendo 60 jogos, 9 gols e 17 assistências.

O começo de 2018 foi turbulento. Sérgio Sette Câmara assumiu com a promessa de cortar gastos e isso refletiu na qualidade do elenco, que caiu consideravelmente. Oswaldo de Oliveira foi demitido após empatar com o nosso xará do Acre (ou por tretar com o Leo Gomide, como queiram) e Thiago Larghi assumiu. Perdemos Mineiro, Copa do Brasil, Sul-Americana, patinamos no Brasileirão e o treinador caiu. Levir Culpi voltou e, no sufoco, nos levou à Libertadores.

Com mais uma dança de treinadores e com um elenco de qualidade questionável, Cazares fez 51 jogos, 11 gols e deu 11 assistências.

Em 2019, a zona se repete. O time começa muito mal, cai na fase de grupos da Libertadores e Rodrigo Santana entra no lugar de Levir. O time é ainda mais fraco, a diretoria comete mais cagadas e somos obrigados a encerrar a temporada com Vagner Mancini nos salvando do rebaixamento e nos colocando num lamentável 13° lugar. 

Com toda essa tempestade de b*sta, Cazares fez 51 jogos, 10 gols e deu 11 assistências, sendo fundamental na nossa permanência na Série A.

Resumindo: o problema do Cazares não é a bebida, a farra etc. Mesmo com toda a sua boemia, o equatoriano conseguiu entregar bons números e, ao assistir os jogos, era visível o seu talento e sua superioridade técnica em relação aos demais. E tudo isso poderia ser maior, se tivéssemos uma diretoria competente e um elenco a altura da qualidade de Juani. Afinal, deve ser complicado armar uma puta jogada pra Di Santo ou Ricardo Oliveira desperdiçarem.

E por causa do seu estilo de vida, que incomoda os mais conservadores, Cazares é literalmente perseguido por parte da torcida, inclusive com críticas carregadas de racismo, uma vez que já o acusaram de usar drogas e até de cometer crimes (!!!). Não sei vocês, mas se fosse um jogador com a fisionomia do Nathan, por exemplo, eu duvido muito que teria essa marcação da torcida.

Não estou aqui para santificar Cazares. Inclusive, penso que ele poderia ter tomado suas decisões de maneira diferente. Porém, essas coisas só dizem respeito a ele. Porque devido a paixão e o fanatismo que estão presentes no futebol, acabamos esquecendo que o jogador também é um ser humano que pensa e faz escolhas de acordo a sua vontade. Se o cara prefere tomar sua cervejinha em vez de treinar igual maluco, e daí? Haverão consequências, é claro, mas é o que o deixa feliz. Não é justo criarmos na nossa cabeça um arquétipo de jogador e ficarmos furiosos quando ele não é correspondido na realidade.

Pra encerrar: Cazares sente as críticas. É visível sua chateação com toda essa situação. Por isso, eu digo que ele precisa sair do Galo o quanto antes. Se não for pro Corinthians, que faça um acordo com a diretoria e antecipe o fim do seu contrato. Ninguém merece ouvir e ler o que parte da torcida fala sobre ele, de forma injusta, descabida e que extrapola completamente as quatro linhas. Por isso, eu espero sinceramente que ele seja feliz em outro lugar. Aqui não dá mais.

@victismo | @LF_Site

Estatísticas do Cazares: Galo Digital

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