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Incompetente e displicente: O jogo que sintetiza o Flamengo de cima a baixo.


Reprodução: André Durão/Globoesporte.com

Frustrado. Cabisbaixo. Desacreditado. Foi assim que me senti ontem após o juiz decretar o final do jogo. O pênalti cobrado e convertido por Fabricio Dominguez foi só a pá de cal numa noite que já estava clara que não seria feliz.

Esses sentimentos também estiveram no pré jogo. Conversando com um amigo e falando sobre nossas reações durante e depois das partidas, comentei como é diferente assistir um jogo no estádio, no bar ou em casa, pelo menos pra mim.

Ver no estádio significa estar muito mais conectado com o jogo mas principalmente com a torcida. É nela que eu me pego encarando em vários momentos, seja ganhando ou perdendo, é a forma de extravasar o sentimento. Lá, dizia eu, quando o Flamengo perde eu saio muito mais triste do revoltado.

Ver jogo num bar seria exatamente o meio termo entre o estádio e a casa de cada um, mas inexplicavelmente é onde, em mim, a revolta bate mais forte. Todo jogo parece uma final de Libertadores e cada lance parece o último. Tapas, socos, xingamentos se tornam muito mais naturais.

Em casa esse sentimento o distanciamento é maior. Ali é você, a TV e hoje em dia o celular, eventualmente um ou outro amigo, mas existe muito mais uma relação de individualidade, cada um com seus ritos e rotinas. Assim, não há a mesma paixão nem vibração que haveria nos dois lugares acima.

Ontem foi um desses dias. Com a pandemia – que fique bem claro ainda não acabou! – os jogos desde março são todos vistos pela TV e as emoções estão muito menos afloradas. O apito final só trouxe resignação.  Resignação de certa forma esperada. Se em 2019 o rubro-negro tinha absoluta certeza que passaria do Emelec mesmo tendo que reverter um dois a zero, o mesmo não poderia ser dito do jogo confronto com o Racing.

Primeiro de tudo porque o Flamengo que estamos vendo é um time incompetente e muito displicente. Começando pelo seu técnico. Um técnico que enche a boca para falar que quer tentar ao máximo repetir o que foi feito em 2019, mas na primeira chance que tem faz o que o técnico modelo só fez uma vez, e nessa vez perdeu o jogo. E não, não vai ser a demissão dele que vai resolver esse problema.

É incompetente pois absolutamente todas as pessoas sabiam que o time iria tomar um gol, então a suposta vantagem do gol fora de casa não era nem pra ser levada em conta. É incompetente e displicente porque o melhor zagueiro do time, voltando de quase dois meses parado, já com cartão amarelo, arrisca a tomar o segundo cartão e deixar o time com um a menos.

É incompetente e displicente pois cria diversas chances mas parece ter aversão ao gol, pois age com desdém. Acha que a qualquer momento pode resolver o jogo. Não vai. É displicente como seu camisa 8, que tem como função principal o passe e parece estar mais interessado em cavar faltas no meio de campo, carregando a bola muito mais do que deveria. É displicente como seu camisa 11, que não é capaz de tomar uma decisão certa durante um jogo inteiro.

Mas não se engane, o problema não está no Ninho do Urubu, no banco de reservas, na área técnica ou nos onze que entram em campo. O problema começa no alto, pois o Flamengo é o clube, e o clube começa com sua diretoria. Que é incompetente pois e displicente pois nega a necessidade de acompanhamento psicológico a jogadores que tem o mundo nas costas, pois não busca resolver o problema de um gramado que já fez vítima o principal nome do time e tem um departamento médico recheado de coleguismo.

Enquanto isso, o cabide de empregos na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro está garantido. 

No mais,

Saudações Rubro Negras


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