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Brasil de Pelotas: Duas cores, muita luta e um só sofrimento

Foto: gebrasil.com.br
Fundado em sete de setembro de 1911, o Grêmio Esportivo Brasil surgiu após uma divergência entre dirigentes e jogadores da equipe chamada Sport Club Cruzeiro do Sul, dirigida por funcionários da antiga cervejaria Haertel.

Dois jogadores do antigo Cruzeiro foram praticamente obrigados a abandonar o treinamento. Tratava-se de Breno Corrêa da Silva e Salustiano Brito. Ambos seguiram até um terreno no centro da cidade, onde tiveram a brilhante ideia de criar um novo clube. O terreno, que foi o marco inicial da fundação da criação da equipe, hoje é habitado pelo Estádio Bento Freitas.

O tão querido Xavante, como é conhecido pelo torcedor, após muitas dificuldades, superação e festas, levantou sua primeira taça no ano de 1917. De forma honrosa, ficou com o título de campeão invicto da cidade. Em 1919, depois de conquistar o tricampeonato da cidade, teve a chance de disputar seu primeiro Campeonato Gaúcho, contra as principais equipes do estado.

O Xavante conquistou o tri-campeonato Citadino nos anos de 1917/18/19; (Foto: gebrasil.com.br)
A participação do Brasil de Pelotas na primeira edição do Gauchão teve uma história curiosíssima. O time precisava se deslocar até Porto Alegre, onde enfrentaria a poderosa equipe do Grêmio. Para tanto, o Xavante viajou por mais de 16 horas em um navio a vapor (isso mesmo!). O resultado da partida foi uma vitória justa e digna da equipe pelotense, pelo placar de 5x1. O Brasil foi, então, o primeiro campeão gaúcho da história e, lamentavelmente, esse foi o seu único título da competição até agora.

O grande feito de 1919 deu a oportunidade de a equipe jogar pela primeira vez uma competição nacional, no ano de 1920 no Campeonato Brasileiro, organizado pela CBF apenas com os campeões estaduais.

Excursão pela América do Sul e Central. (Foto: gebrasil.com.br)
A história linda da equipe Xavante começou ainda na década de 1950, com uma excursão pela América, jogando contra as principais equipes Sul-Americanas. Obteve grandes vitórias: 3x2 contra o poderoso Olímpia, uma goleada por 5x2 diante do Jorge Wilstermann, 2x1 diante do Arequipa, derrotou o Valdez por 3x1, España por 3x0 e aplicou um sonoro 4x0 no poderoso América de Cali.

No ano de 1984, o Brasil fez uma ótima campanha no Campeonato Brasileiro, com direito a uma vitória por 2 a 0 diante do poderoso Clube de Regatas Flamengo. Já no ano de 1985, a equipe viveu seu melhor momento em toda história, chegando a semifinal do Brasileiro e sendo obrigado pela CBF a jogar a partida na capital gaúcha, já que seu estádio não comportava a capacidade mínima. A derrota por 3x1 deixou a equipe com o terceiro lugar no nacional. A melhor colocação já alcançada por um time do interior gaúcho no campeonato.

Em 2009, uma tragédia manchou a história do Brasil de Pelotas. Três profissionais do clube não retornaram a seus lares. Nunca mais pisaram no Estádio Bento Freitas. Jamais voltaram a ouvir a charanga entoando seus belos cânticos. O ônibus, que levava a delegação voltava de um amistoso realizado diante do Santa Cruz no Vale do Sol, caiu em um barranco na cidade de Cangaçu, e provocou a morte do ídolo da torcida, Claudio Millar, além do zagueiro Régis Gouveia Alves e o preparador de goleiro Giovane Guimarães, deixando ainda 20 pessoas feridas.

A noite que não acabou. (Foto: gebrasil.com.br)
Agora imagine você: seu time sofre um grande e triste acidente. Seu maior ídolo falece. Outros dois dedicados profissionais também. Vários outros integrantes feridos e hospitalizados. E para piora a situação ainda mais (sim, era possível!), com apenas uma vitória, a equipe foi rebaixada para a segunda divisão gaúcha. E em 2010, a equipe foi rebaixada para a terceira divisão do estadual. A tragédia parecia não ter fim! Imagine o sentimento, a dor, o sofrimento do torcedor xavante. Em um dia, tudo estava bem, e no seguinte uma série de fatos terríveis começam a se suceder. O mundo é mesmo imprevisível, sobretudo o futebol. 

Mas quem disse que eles se entregaram? Como já diz o dito popular “não tá morto quem peleia!”. Eis que em 2013 ressurge o glorioso Xavante. Mais forte e motivado do que nunca. O retorno à série A do Gauchão ocorreu quando a equipe sagrou-se campeão da Série B vencendo o São Paulo de  Rio Grande. Desde então, a equipe pelotense tem feito excelentes campanhas na principal divisão gaúcha. Em 2014, chegou até a semifinal, quando foi derrotada pela equipe gremista. O título estadual não veio, mas a equipe sagrou-se campeã gaúcha do interior. No Gauchão de 2015, a equipe novamente chegou a semifinal, desta vez derrotada pelo Internacional. O bom desempenho garantiu ao time o bicampeonato gaúcho do interior. Um grande feito!

A apaixonada torcida Xavante.
"A maior e mais fiel torcida do interior gaúcho" é esse o slogan da torcida Xavante. E com toda razão! No último Gauchão, por exemplo, foi o terceiro clube com maior média de público, ficando atrás apenas de Grêmio e Inter. É impressionante a paixão dos torcedores. A vibração. O espetáculo que estremece a arquibancada e os adversários a cada jogo. A torcida é temida. Canta, pula e grita acompanhada da Charanga do Brasil, uma das mais antigas e tradicionais do país. A Charanga é o coração pulsante do estádio Bento Freitas. É simplesmente incrível e contagiante o amor de cada rubro-negro pelo clube da Baixada.

Não é só de glórias que vive um time. Isso é fato. O Brasil de Pelotas já viveu muitas dificuldades. E Superou-as com maestria. Voltou à elite do futebol gaúcho e, em um campeonato praticamente monopolizado pela dupla Gre-Nal, consegue mostrar sua força e ser respeitado. Mas a equipe quer mais: quer voltar a conquistar um estadual. Quer ser reconhecida em nível de Brasil. Quem sabe?

Janaína Wille | @jaanaw_
Marcelo Weber | @acfmarcelo
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