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Luz amarela: É hora de convencer

O futebol é fascinante. Essa é uma verdade que poucos ousariam refutar. E um dos fatores desse fascínio é a capacidade de - entre clichês e lugares comuns - surpreender em um campo que, paradoxalmente, a surpresa é um dos elementos mais presentes. O Bahia foi a Bragança Paulista sábado passado sem nunca ter vencido a equipe da casa no estádio Nabi Abi Chedid – nem no tempo que ainda era chamado de Marcelo Stéfani.  Mas, talvez a briga pela liderança da Série B, somado ao mau momento da equipe alvinegra tenha assoberbado o Esquadrão. Há motivos para crer nisso. Entretanto, resumir o tropeço a apenas isso é desprezar elementos importantes que me parecem evidentes.

O capitão Titi – de atuação ruim nesta partida – deu uma declaração que é bastante plausível: “A gente sabia que, nesse começo principalmente, a gente iria dar uma oscilada na tabela”. Sim. Era esperado. Isso porque o time vinha de uma maratona de decisões com ritmo forte mês passado, e emendou sequência de jogos com a Copa do Brasil e o início da série B. Acabou perdendo seus dois principais jogadores de ataque neste período. Se você lembrar-se do Ceará, por exemplo, que passou por situação parecida, perceberá que o saldo tricolor é positivo se comparado com o campeão do Nordestão e nosso próximo adversário. Posto isto, é preciso destrinchar os motivos desta queda de rendimento e de que forma o time pode superá-la.

Momento em que o Paraná pressiona a saída de bola no campo ofensivo, forçando Pittoni a lançar 
Desde o confronto contra o Paraná, na Fonte Nova, o Bahia não consegue imprimir a intensidade característica do time de Sérgio Soares na temporada. A equipe paranaense teve muitos méritos: Adiantou a marcação, sufocou a saída de bola, congestionou o meio. Jogou no erro tricolor. Individualmente vários jogadores do Bahia foram mal, contusões mudaram o plano de jogo, mas coletivamente o comportamento da equipe não foi tão ruim. Permitiu poucas chances claras ao adversário e aproveitou um rebote de bola parada para vencer. Mas teve pênalti perdido, pênalti não marcado e gol mal anulado. Venceu apertado, mas sem sufoco. Não convenceu.

Macaé marcando bem atrás da linha da bola, dandos espaços para poder usufruir do contra ataque


Quatro dias depois, jogo contra a boa equipe do Macaé no Rio de Janeiro. Sem Pittoni, Sérgio optou pelo jovem Yuri, que faz temporada elogiável, enfim em sua posição de origem. O Macaé é uma equipe mais leve, de bom toque no meio comandado pelo melhor jogador da Série B até aqui: Juninho. Diferente do Paraná, o Macaé preferiu marcar atrás da linha de bola, até para melhorar a compactação do seu time que não prima pela recomposição defensiva. Cedeu espaços ao Bahia para que o tricolor avançasse e deixasse sua intermediária defensiva desguarnecida. Foi um time mais perigoso que o Paraná. O Bahia teve menos volume que no jogo anterior, mas assustou em lances esporádicos. Só que, novamente, faltou intensidade. A equipe tem abdicado da marcação alta e da aproximação para conseguir superioridade numérica por setor. Sem velocistas, o time sofre pela falta de profundidade e contundência no ataque.

Bahia aproxima pouco e facilita a marcação adversária. Não há superioridade númerica no setor
Contra o Bragantino todos esses problemas ficaram expostos de maneira mais visível – e irritante. A saída de Zé Roberto da equipe agravou os problemas de movimentação e recomposição no último terço do campo – Maxi voltou completamente sem ritmo e Léo Gamalho é a personificação da indolência. Tiago Real enfrenta seu pior momento técnico no ano, e isso não se deve à mudança de posicionamento já que com o retorno de Souza e Pittoni ele atuou na faixa de campo em que mais rende, um pouco mais avançado. Aliás, é preciso deixar isso bastante claro: Os problemas da equipe não decorrem do sistema tático usado, já que o 4-2-3-1 encaixou bem, minimizando até os problemas de espaço no meio que o 4-3-1-2 apresentava. É problema de padrão, modelo que o Bahia deixou de seguir. Talvez por excesso de confiança, talvez por falta de disciplina para aplicar o que tem sido acertado/treinado. O Bahia é a 5ª equipe que menos desarma – o que é compreensível pela característica do time. Porém é quem menos dribla; a que tem mais impedimentos e a 5ª com mais perda de posse. Isso ratifica o que é possível observar nos jogos: A equipe é pouco contundente no ataque, sofre com a rara aproximação dos jogadores de meio e insiste demais em jogar pela faixa central do gramado. Falta um atacante velocista, de lado de campo, que possa ser opção no elenco. E falta principalmente, retomar o padrão de jogo que fez desse time um dos favoritos à vaga da Série A 2016. Sábado, em casa, é uma boa oportunidade para dissipar esse mau momento. Falaremos sobre isso ainda essa semana.

Bahia pouco contundente, sem profundidade e preso no meio de campo: Previsível 
Dados: Footstas || @footstats

   
Alex Rolim || @rolimpato #BBMP

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