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O silêncio ensurdecedor

Foto: Flamengo
Hoje, como sempre, coloquei minha velha camisa rubro-negra e fui para o Maracanã, minha tão conhecida e acolhedora casa. Rezei por uma vitória no caminho, senti o clima da torcida e entrei pedindo por um dia que eu não esqueceria. E bem, não esquecerei.

A opção das torcidas organizadas para protestar pela volta dos cinco jogadores afastados foi ensurdecedora. O assustador silêncio foi a ordem, e aqueles que ousassem desobedecer e apoiar seriam ameaçados, atacados e xingados, como aconteceu mais de uma vez. Quarenta e cinco minutos de vazio por pura pressão, além dos outros quarenta e cinco tomados por palavras ruins.

Lembro-me de todas as ocasiões que ganhamos partidas graças à força da Nação. Por muitas vezes tínhamos elencos horrorosos, mas nem nos momentos mais difíceis nós os largamos. Porque? Pois, antes de tudo, estava o Flamengo. Antes de qualquer briga de egos e interesses políticos, estava o amor e a necessidade de nunca abandonar o clube do coração.

Meus gritos desesperados não eram apenas de incentivo ao time, mas um pedido de socorro que ecoava pelo estádio aos torcedores que não aguentavam mais ficarem calados. Olhei para os lados implorando pela Nação que me encantou tantas vezes. Vi, com lágrimas nos olhos, o laço de amor mais bonito e sincero rasgando-se aos poucos. E doeu demais.

Ao mesmo tempo, em campo havia um Flamengo quebrado internamente, mas que deixou as feridas abertas para o vestiário e mostrou serviço, mesmo que estivesse tudo errado do outro lado. Os inicialmente mais criticados tentaram se redimir como puderam e, mesmo assim, levaram vaias até antes mesmo da bola rolar. Não houve apoio – nem aos outros. Não houve reconhecimento do bom resultado. Não houve nada.

Quando o placar marcava 1-0 e eu ainda lutava internamente contra a vontade de ir embora, olhei para minha prima de seis anos. Ela me chamou e disse “quando o Flamengo fez o gol, meu coração bateu mais forte” e sorriu. Foi nesse momento que eu lembrei porque o vermelho e o preto colorem meu coração. O mesmo time que foi xingado o jogo inteiro era aquele que conseguia deixar uma criança cada vez mais apaixonada.

Não são cinco irresponsáveis que me farão abandonar meu time. Não são torcidas organizadas, que nunca se uniram para apoiar, que se juntam para criticar que vão me obrigar a vaiar e deixar os gritos de apoio para a hora que lhes convém. Eu vou ao Maracanã pelo Clube de Regatas do Flamengo. Todo o resto vai embora, só o meu Flamengo fica.

Protestar? Acredito que seja válido e muito, é inclusive necessário. Mas protesto não é agredir os outros, não é largar seu time do coração no momento que ele precisa. Cantamos sempre alto “vou te apoiar até o final”. Não é uma organizada que diz quando é o final. Meu apoio não é para cinco idiotas, é para a única certeza de felicidade no meu coração.

Foto: Flamengo
Vencemos e precisávamos vencer. Restam quatro jogos para o fim de um longo e tenebroso ano. O elenco está totalmente rachado, as eleições deixam tudo cada vez pior e as incertezas já pairam sobre 2016. O que esperar? Só peço minha felicidade de volta.

Mariana Sá || @imastargirl 

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