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O camisa 10 e eterno Roberto Menezes

Venho aqui através desta publicação mostrar a vocês, talvez o maior gênio de todos do futebol alagoano. Não irei escrever nada sobre o mesmo. Achei dois textos impressionantes sobre o jogador, do históriador Lauthenay Perdigão, e do jornalista Ricardo Morta.

Reproduzido po Ricardo Mota:

Fosse de um país importante da Europa teria ficado conhecido por um desses títulos nobiliárquicos tão caros aos cronistas esportivos: o Lord, o Kaiser…Sendo alagoano, de um pedaço escondido do Brasil, deixou-nos a saudade com o nome que era seu como jogador e engenheiro: Roberto Menezes. Um esteta! Não teve uma carreira longeva no futebol, mas quem o viu em campo há de carregar na memória os seus lançamentos milimétricos, o drible largo preparando o passe perfeito, e, claro, a elegância.
                              
Eu costumava, já adulto, brincar com Roberto quando o encontrava: “Jogou tanto tempo e nunca viu a cor de uma bola”, debochava. E era a mais pura verdade. Nunca viu porque nunca olhou para ela. Os olhos de Roberto Menezes só apontavam para o horizonte. Era para lá que ela, redonda e submissa, devia seguir até alcançar aquele para quem o craque mandava o recado: “Vai, faz o gol. É disso que o torcedor gosta”.
Eu gostava de muito mais. Queria vê-lo a cada domingo exercer o que era a sua natureza. Jogava futebol, o Galego, porque sabia o que ninguém havia lhe ensinado. Lembro da primeira vez que o vi a espalhar sua arte num gramado. Foi na Pajuçara – o Trapichão não havia, ainda, sido inaugurado -, ao lado do seu Luiz Mota, apaixonado torcedor do CRB e que sabia tudo de futebol (foi no acanhado campo do Galo que eu descobri que meu pai dizia palavrão). No jogo de “aspirantes”, aquele lourinho de cabelo eriçado chamou logo a atenção do meu companheiro de arquibancada: “Joga muito esse dez”, vaticinou o profeta. Jogou muito, que pena!, por menos tempo do que podia.
Poucos meses depois, já era, Roberto Menezes, o meu Pelé. Claro que eu, assim como todos os garotos da minha geração, amava o camisa 10 da seleção – mais do que os Beatles e os Rolling Stones. No meu universo de menino que andava de pés no chão, nas ruas do Centro ou na praia da Avenida, buscando sempre um bom “racha”, a bola consumia tempo e imaginação. Eu? Seria igual ao Roberto Menezes. Não fui, mas como fui feliz imaginando que podia sê-lo.
A cada sucesso do meu ídolo, eu matava o elogio no peito – bem dentro – e me arremessava para as nuvens. Chega a Alagoas o diretor do Atlético Mineiro e pede pela TV: “Convençam o Roberto Menezes a ir para Minas comigo”. O Galego, nem aí para os apelos. Era jogador porque ele e a bola se gostavam – e só.
 
Jogo do CRB contra o Flamengo, no Trapichão. João Saldanha – a quem eu escutava pela Rádio Globo -, o homem que montou a seleção de 1970, viu e rendeu-se: “Joga demais esse meio-campista do time local”. Meu caro Saldanha: seu Mota estava “apenas” prenhe de razão de há muito. O Flamengo – de Zico, Adílio e Cia. – ganhou por 5 X 2. Mas os dois gols do Galo tiveram a mesma origem: saíram de lançamentos perfeitos de Roberto Menezes. Com uma diferença entre ambos: em um, Roberto usou a parte interna do pé; no outro, inverteu, impondo a curva exata a alcançar Reinaldo, o atacante de estilo clássico.
 
Quando Roberto Menezes saiu do CRB, teve uma passagem pelo Vitória, voltou a Alagoas defendendo o CSA, mas não demorou para trocar os caminhos incertos da arte pela exatidão dos cálculos da Engenharia. Parou sem fazer alarde e sem saber que para mim o futebol tinha perdido um tanto da sua graça. Minha paixão clubística foi diminuindo, e hoje acompanho o “eficiente e eficaz” futebol dos treinadores pela TV. Claro que, de quando em vez, aparece um artista da bola para contradizer os pragmáticos defensores do futebol de resultado.
 
Saudosismo? Então, como esquecer aquele lançamento fantástico – na Copa de 70 – que alcançou Pelé em movimento, bola no peito e gol contra a Tchecoslováquia? Ah, não foi o Roberto Menezes quem deu rumo à bola? Tudo bem. Mas quem faria aquilo melhor do que ele?

Reproduzido por Lauthenay Perdigão:

Quem ficasse observando Roberto Menezes jogando futebol, certamente ficaria impressionado com a precisão de seus passes, a bola limpinha que entregava a um companheiro melhor colocado, a eficiência dos dribles curtos e sua colocação dentro do campo. Sempre foi regateano. Começou nos juvenis, onde conquistou títulos e sentiu suas primeira emoções. Quando Zé Júlio se transferiu para o futebol pernambucano, Roberto Menezes o substituiu e fez a torcida esquecer o craque que se foi. E começou com o pé direito com o pé direito. Logo no primeiro ano foi campeão em 1970.



Graças a suas atuações, ele começou a ser observado pelos grandes clubes do Brasil. Muitos tentaram, mas o CRB não queria perde-lo. O próprio Roberto não pretendia deixar Alagoas por causa de seus estudos na Faculdade de Engenharia. Mas, por uma boa compensação financeira, ele terminou cedendo as investidas do Vitória de Salvador. No rubro negro da Bahia não se deu muito bem. Dentro do campo, mostrava todo seu grande futebol. Extra campo era o problema. Sendo um dos maiores salários do clube, criava ciúmes de alguns companheiros. Quando o contrato terminou, Roberto voltou e queria jogar no CRB. Entretanto, os dirigentes não tentaram uma formula para traze-lo de volta.

Atencioso, amigos de seus amigos, interessado pelas boas coisas da vida, bom de dialogo, Roberto Menezes abandonou o futebol depois de passar por clubes de menor expressão no estado. Foi cuidar de sua vida particular como engenheiro. Roberto foi campeão pelo CRB nos anos de 1970, 1972 e 1973. Pelo ídolo que foi, pelo futebol que jogava, pelo homem que representava para a sociedade, ele foi homenageado no Cantinho da Saudade, no Museu dos Esportes no estádio Rei Pelé,  e será, sempre, uma figura de destaque na história do futebol alagoano.

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4 Comentários

  1. Orgulho do meu tio Roberto Menezes!
    Amor pelo CRB está no sangue!

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  2. POR FAVOR, IDENTIFIQUE OS JOGADORES DO TIME DO CRB DE CAMISA BRANCA POSTADA NO BLOG... HAROLDO, ADEMIR, ROBERTO MENEZES, VERMELHO, DESCONHECIDO E DESCONHECIDO. AGACHADOS. 7, 8, 9, RUBENS SALIM E SILVA

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    1. Haroldo, ademir, roberto menezes, Vermelho, Tadeu e altair. Agachados: Mano, Mário, ???, Reinaldo e Silva

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