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TRÁ TRÁ TRÁ: Bahia metralha fantasma da estreia

O torcedor do Bahia já estava acostumado: Estreia em Campeonato Baiano era sinônimo de sofrimento e mau futebol. Pelo menos tinha sido assim nas últimas cinco temporadas – inclusive com duas derrotas no bicampeonato 2014/2015. Ontem supersticiosos e pessimistas logo se sobressaltaram aos cinco minutos: Bola esticada pelo goleiro Tigre, defesa adiantada e lado esquerdo mal posicionado, saída atabalhoada de Lomba e pênalti convertido por Nino Guerreiro. Um a zero para Juazeirense no Metropolitano de Pituaçu quase vazio.

Apesar da desvantagem, o time de Doriva não se desorganizou. Conseguiu pressionar a equipe interiorana mantendo a bola no campo de ataque, ainda que com alguma dificuldade para infiltrar e finalizar. Time mostrava coordenação no meio-campo e ataque, mas pecava nas opções para concluir: Luisinho não conseguia vantagem pela direita e Edigar Junio arriscou dois chutes em momentos que o passe parecia melhor opção. A movimentação de Hernane abria espaços, mas apenas Danilo Pires aproveitava os espaços criados. Mesmo sem um ritmo forte o Esquadrão seguiu pressionando e teve ótimas chances em bola parada com Juninho e Danilo. O empate só viria no final da primeira etapa em nova escapada de Danilo dentro da área, que acabou abalroado pelo zagueiro de forma destrambelhada. Segundo amarelo e expulsão, bola na cal. Gol de Hernane Brocador que comemorou com a coreografia do verão baiano: A metralhadora da banda Vingadora. Antes do apito que encerrou o primeiro tempo, a defesa vacilou e quase o Cancão de Fogo recuperou a vantagem – a bola chocou-se com o poste.

No ritmo do verão baiano: Jogadores dançam o hit da banda Vingadora                                          Foto: Felipe Oliveira
Com a vantagem numérica o técnico Doriva ousou no intervalo: Tirou o volante Paulo Roberto – novamente discreto – e colocou o meia Rômulo no jogo. Danilo foi recuado para função de volante e o time manteve a estrutura anterior de 4-1-4-1 na fase defensiva. A equipe passou a ser mais incisiva no jogo e Edigar Junio desperdiçou boa oportunidade em tabela com o próprio Rômulo aos 2 minutos. Na cobrança ensaiada de escanteio, João Paulo colocou a bola com perfeição na cabeça de Edigar que cabeceou na trave e aproveitou o rebote para, enfim, finalizar com perfeição. Primeiro gol do atacante com a camisa tricolor.

A partir daí o Bahia passou a empilhar chances desperdiçadas. A mais clara com Luisinho, livre de marcação, após lindo corta-luz de Hernane. Na cobrança do tiro de meta, quase um replay do lance do primeiro tempo: Chutão de Tigre, lado esquerdo da defesa mal posicionado e Ebinho levando vantagem na velocidade. Só que dessa vez Lomba não saiu da meta e o atacante da Juazeirense fuzilou o arqueiro quase da pequena área. Empate em 2 a 2 e apreensão nas arquibancadas. Mas ainda faltavam 30 minutos de jogo.

Bahia seguiu pressionando para recuperar a vantagem. O time conseguia avançar bem, especialmente pela direita onde o lateral Hayner aparecia como boa opção e dava sequência às jogadas. Rômulo também arriscava muitos chutes de fora da área, até que encontrou uma brecha na defesa e deixou Luisinho em condições de marcar. No entanto ele preferiu servir o artilheiro Hernane, que finalizou sem goleiro para recuperar a vantagem tricolor. Sem comemoração devido às câimbras, Hernane deu lugar a Zé Roberto.

O time tricolor passou a mostrar sinais de cansaço e não conseguiu ampliar a vantagem, mantendo o clima de suspense até o final. João Paulo pediu substituição e Mário entrou na partida, mostrando tranquilidade quando acionado. Time segurou o triunfo e quebrou esse jejum que perdurava desde 2010. É aguardar para ver se o final também será tão feliz quanto o início.

Ficha técnica: Juazeirense x Bahia
Campeonato Baiano – 1ª rodada

Local: Metropolitano de Pituaçu, em Salvador
Data: 31/01/2016
Horário: 16h
Árbitro: Diego Pombo Lopez (BA)
Assistentes: Adailton José Jesus da Silva (BA) e Marcus Welb Rocha de Amorim (BA)
Cartão Amarelo: Marcelo Lomba, Ricardo Braz (2x), Tigre, Luisinho, Nino Guerreiro, Fernandinho, Emerson, Hayner
Cartão Vermelho: Ricardo Braz
Gols: Nino Guerreiro, Hernane (2), Ebinho

Juazeirense: Tigre; Alex, Braz, Emerson e Fernandinho; Naldo, Capone e Manteiga (Rodrigo); Ebinho, Willian Carioca (Elvis) e Nino Guerreiro (Sassá). Técnico: Sérgio Araújo.

Bahia: Marcelo Lomba; Hayner, Robson, Gustavo e João Paulo (Mário); Paulo Roberto (Rômulo); Danilo Pires, Juninho, Luisinho e Edigar Junio; Hernane Brocador (Zé Roberto). Técnico: Doriva.

ANÁLISE: A equipe de Doriva mostrou as virtudes e defeitos que apresentara no amistoso de pré-temporada e nos jogos-treinos. O meio-campo e ataque, totalmente reformulados, mostraram um bom repertório, ainda que visivelmente o desentrosamento e o início de temporada façam que a intensidade nas transições seja comprometida. A defesa – composta basicamente de remanescentes de 2015 é que não inspira confiança. Na lateral direita Hayner ganhou a posição de Cicinho com autoridade – ratificada pela boa atuação neste domingo. A dupla de zaga não se entende e tem dificuldades por jogar avançada [Doriva não abre mão de ter um time compacto], o que tem exposto as deficiências técnicas e a falta de velocidade do lado esquerdo na recomposição – João Paulo e Gustavo permitiram duas vezes que Ebinho saísse na cara de Lomba apenas na velocidade. Além de Hernane – destaque não apenas pelos gols, mas pela movimentação inteligente – vale ressaltar a grande partida de Danilo Pires que dominou o meio-campo jogando tanto como meia interior como volante no 4-1-4-1 desenhado por Doriva. Juninho esteve bastante discreto, algo que não havia acontecido na pré-temporada. Edigar Junio evoluiu bastante, aparecendo mais na área, encostando-se a Hernane e fazendo bem a diagonal para o gol. Luisinho lutou bastante e movimentou-se a contento, mas não tomou boas decisões no jogo – exceto no lance do terceiro gol. Desperdiçou uma chance que poderia ter custado o triunfo.  Entre os substitutos vale destacar Rômulo que criou duas oportunidades claras de jogo e teve uma boa finalização, ainda que tenha abusado dos chutes de fora da área. A análise fica um pouco comprometida pelo fato do adversário atuar mais de um tempo em desvantagem numérica, porém é de se esperar evolução até o dia 11/02 quando a equipe volta a atuar novamente em Salvador, mas dessa vez na Arena Fonte Nova contra o Flamengo de Guanambi. Um novo triunfo deixaria a classificação bem encaminhada – já que oito dos 12 participantes avançam de fase.

Alex Rolim -  @rolimpato #BBMP

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