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A trave pune

Já dizia Muricy Ramalho: “a bola pune”. E ela puniu o Palmeiras com requintes de crueldade na eliminação da Libertadores, com direito a goleada e boa atuação na despedida. A trave do gol norte do Allianz Parque ainda balança do chute feito por Lucas, já aos 47 minutos do segundo tempo contra o Nacional-URU. Aquele gol, hoje, classificaria o Palmeiras.

O “se” não joga, é evidente. É possível que essa bola tivesse entrado e que o Palmeiras perdesse o jogo na Argentina. É impossível prever o que de fato aconteceria. Mas o chute de Lucas vai explodir na trave mental de cada palmeirense por algum tempo. Como também acontecerá com outra bola na trave de Gabriel Jesus, já em solo argentino. Essa bola poderia ter dado uma vantagem de 3x1 sobre os argentinos e uma possível vitória.

O acaso, porém, faz parte do jogo. E isso não é novidade nem para jogadores, nem para dirigentes e muito menos para torcedores. Se o acaso faz parte do jogo – e como faz! -, resta aos envolvidos minimizar a possibilidade dele atuar. E isso, definitivamente, o Palmeiras não fez.

É óbvio que a eliminação não aconteceu hoje. A partida diante do fraco River Plate uruguaio foi muito boa, inclusive. Marcação, pressão, ataque o tempo todo. Foram quatro gols, poderiam sair muito mais se não fosse boa a partida do goleiro adversário. A eliminação veio dos pontos perdidos para esse mesmo River, na primeira rodada, ou para as derrotas para o Nacional – que só venceu o Palmeiras na chave e em dose dupla.

Alecsandro aplaudiu a torcida: Palmeiras passou fácil pelo River,  mas não foi suficiente. (Foto: Globo Esporte)
O fracasso, porém, era uma morte anunciada ao manter Marcelo Oliveira no cargo. Não houve avaliação técnica do que representava a sua manutenção, o título da Copa do Brasil escondeu todos os vários problemas do time alviverde. Era evidente que eles retornariam em 2016 e custaram valiosos pontos na competição sul-americana – justamente os mais lamentados.

Ainda que tarde, Cuca chegou e aos poucos tenta recuperar o futebol que foi perdido em algum lugar com Marcelo Oliveira. Mesmo na Libertadores, foram boas atuações diante do Rosário (em um estádio onde nenhum brasileiro conseguiu vencer pelo torneio até hoje) e do passeio diante do River.

É verdade, também fica o sentimento de decepção. Dava para ter ido além, especialmente considerando o melhor futebol dos últimos jogos. Mas o débito era grande e com direito a juros e correção monetária. Pelo investimento que fez, o Palmeiras não poderia sair tão cedo da competição, mas nem tudo é terra arrasada.

Cuca melhorou o time que agora trabalha a bola e têm jogadas ensaiadas até nas bolas paradas mesmo sem tempo para treinar. A evolução promete se acentuar para a disputa do Brasileirão e anima. E o tal do camisa 10 tão procurado pode ter feito sua estreia hoje: Cleiton Xavier fez ótima partida e, se não voltar a se machucar, deve pegar a vaga do Robinho sem muita dificuldade.

E nem há tempo para lamentações: segunda-feira já tem outra decisão, desta vez contra o surpreendente São Bernardo.

O DESTAQUE: difícil julgar um time em um jogo que teve ambiente e desenvolvimento de jogo-treino. Em momentos, pareceu até jogo de churrasco, aquele típico casados x solteiros. A fragilidade do River não permite grandes análises, mas vale a moral para Thiago Martins que ficou muitas vezes no 1x1 e ganhou rigorosamente todas. Allione marcou dois e merece menção honrosa.

BOLA MURCHA: mais uma vez ele, Robinho. Errou rigorosamente tudo que tentou, embora ao menos tenha participado do jogo. A julgar pelo retorno de Cleiton Xavier, não deve durar muito como titular jogando como nas últimas partidas.

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