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Gigante Bowl: realização de um sonho

Uma noite épica e inesquecível. É assim que o Gigante Bowl pode ser lembrado pelos fãs de futebol americano no Rio Grande do Sul. No sábado, dia 18, o Santa Maria Soldiers enfrentou o Juventude FA, que até então estava invicto há oito partidas, no Beira-Rio. O "Super Bowl" gaúcho contou com tudo que um megaevento norte-americano pedia, mas em suas devidas proporções.

O Internacional realizou o sonho de muitos e os pouco mais de 12 mil torcedores presentes no estádio puderam consumir um bom espetáculo dentro e fora de campo. Banda marcial; show antes e durante o intervalo; entrada triunfal das equipes; interpretes para os hinos. Porto Alegre viveu algo parecido com o que acontece na final do principal campeonato nos Estados Unidos.

O torcedor de Futebol Americano pode ver e se emocionar com o Beira Rio no Clima de um "Super Bowl"Foto: Acervo
Se a versão norte-americana contou com Lady Gaga, a do Sul tinha Christina Sorrentino cantando o hino riograndense.  Se Coldplay que foi a atração nos Estados Unidos, Porto Alegre tinha como representante a banda Papas da Língua para abrilhantar o "Show do Intervalo". As duas equipes entraram igualmente aos moldes do Super Bowl: bandeiras, músicas e muita vibração dos fãs da bola oval. O jogo, que estava programado para às 18h30, começou pontualmente no horário quando o kicker Matheus Ely chutou a bola para os ares.

O Juventude FA tinha todo o favoritismo, enquanto o Soldiers estava disposto a sobrepor o time da Serra. A equipe de Santa Maria já começou forte e no primeiro drive chegou a Redzone. Entretanto, eles não conseguiram pontuar pelo erro do kicker Maurício Faé, que desperdiçou um field goal de 28 jardas.

No segundo quarto, o zero saiu do placar. Em uma corrida de 11 jardas, o RB Guilherme Busanello colocou o time de Santa Maria na frente. Os caxienses responderam logo em seguida com um field goal de 33 jardas de Ely. O primeiro tempo acabou com um placar aberto de Juventude FA 3 a 7 SM Soldiers. A temperatura na segunda etapa caiu, mas a intensidade dos Soldados de Santa Maria não. Fabrício Ziegler interceptou o QB do Juventude em duas oportunidades; e Douglas Elesbão e Guilherme Busanello ampliaram o placar, finalizando o jogo em 3 a 21.

Santa Maria Soldiers e Juventude FA entraram em um estádio de Copa do Mundo e deram um espetáculo. Foto: Acervo
Ao apito final, ninguém se preocupou em controlar a emoção. A alegria misturada com o suor brindaram o título do Santa Maria Soldiers. Entre os mais emocionados estava o OL Jean Ibaldo. Colorado, o atleta disputou a partida com a camisa do Internacional por baixo do uniforme. Quando o jogo acabou, Ibaldo, que é um dos atletas mais experientes do grupo, entre gritos e lágrimas, enfatizou: “É um sonho realizado. Sou colorado e é incrível estar aqui, no lugar onde vi duas Libertadores, Sul-Americana... Vi o Inter ganhar tudo da arquibancada e hoje ganhar um título com o futebol americano, que é o esporte que eu amo, dentro da minha casa, não tem comparação”.

Para fechar o evento, foi realizada a premiação dos melhores do campeonato. O MVP do ataque foi o RB Cleiton Paz, jogador do Santa Cruz Chacais. Na defesa, o premiado foi o DL Kawan Pivatto, do Juventude. O K Maurício Faé, do Santa Maria Soldiers, ficou com o prêmio do time de especialistas. Kauan Santos, CB que atua no Bento Gonçalves Snakes, venceu a disputa entre os indicados no Sub20 e Paulo de Tarso, do Restinga Redskulls, foi eleito o melhor HC. Entre as zebras, Evandro Fernando foi escolhido como melhor árbitro.

O MVP da partida foi o RB Guilherme Busanello. O jogador do Soldiers, autor de dois touchdowns e o mais acionado pelo QB Wagner Freitas durante o jogo, era só sorrisos e comemorou muito o resultado dos esforços do time. “Foi uma alegria conseguir marcar o primeiro TD do Gigante Bowl, esse baita evento que tomou uma grande proporção. Graças a Deus a gente treinou muito. Duvido que algum time tenha treinado mais, se dedicado mais, respeitado mais o adversário que o nosso. A gente foi recompensado e agora é só felicidade”, declarou Busanello.

Se em 2008 – ano em que foi realizada a primeira edição do Gauchão de FA – alguém dissesse que em menos de dez anos 12 mil pessoas acompanhariam a final do torneio em um estádio de Copa do Mundo, certamente seria chamado de louco. O primeiro campeonato foi realizado em um único dia, em Santa Cruz do Sul, com quatro equipes participantes e partidas com 40 minutos corridos. O torneio, na época, era no pads e as dificuldades nos anos seguintes continuaram sendo muitas, como, por exemplo, a falta até mesmo de vestiários. 

As marcações de Jardas dentro do gramado do Beira Rio foram a realização do sonho de qualquer adepto de Football. Foto: Acervo
O presidente da Federação Gaúcha de Futebol Americano, Jéferson Mendes, destacou a importância do Gigante Bowl para o futuro da modalidade, tanto no estado como no país. Jéferson enfatizou também a evolução técnica das equipes em relação a anos anteriores, principalmente dos finalistas. “Um dia histórico. O Rio Grande do Sul viu hoje um grande jogo. Uma partida disputada por duas equipes sensacionais. O Santa Maria se mostrou melhor e mereceu a vitória, mas o Juventude tem também uma baita equipe. Acima de tudo, quem ganhou foi o evento, o público e os 10 times da Federação”, salientou.

O Juventude entrou como o favorito. Estava até então invicto, havia sofrido apenas nove pontos em cinco partidas, era o atual campeão do torneio e é o único representante gaúcho na Superliga Nacional. Contudo, de acordo com o presidente Eduardo Ferreira, não havia no grupo um pensamento de superioridade em relação ao adversário. “A gente tinha consciência das nossas limitações e do potencial do rival. Sabíamos que tudo poderia acontecer em uma final”, afirmou.

O presidente falou ainda sobre a importância do Gigante Bowl e reiterou que o Juventude continuará focado no restante da temporada. “É nítido o crescimento do futebol americano no nosso estado. Eu olho pra trás e vejo que valeu tudo o que a gente passou e sei que tem muita coisa boa pra acontecer ainda. Não foi possível curtir a festa da forma que queríamos, mas bola pra frente e cabeça erguida sempre”, disse Eduardo Ferreira. O Juventude volta agora o seu pensamento para a disputa da Superliga – principal competição nacional.

O time de Santa Maria foi o grande campeão e levou seu terceiro troféu para a sua cidade. Foto: Acervo
Nada de fórmula mágica ou sorte: estudo e treino foram o diferencial do Soldiers durante todo o campeonato. Não que as outras equipes não tenham se dedicado, mas no time de Santa Maria o assunto foi levado muito a sério. Todos trabalharam duro e queriam mostrar que o time é muito mais do que a quarta força do estado. “É felicidade demais. A gente trabalhou, a gente sai de casa sábado, quarta-feira, nessa última semana a gente treinou quase todos os dias. Então isso ai é fruto do nosso trabalho”, contou o LB Gustavo Mendonça.

Para o head coach do Soldiers, Gustavo Petter, faltaram palavras para comentar o momento. “Três dias sem dormir e comer direito. Muitas horas de estudo. E agora ver todo mundo feliz, não tem como descrever”, revelou o treinador. O Soldiers foca agora na Liga Nacional, uma espécie de segunda divisão do futebol americano. O primeiro duelo será já no início de julho, contra o Porto Alegre Pumpkins, em Santa Maria.


Linha de Fundo|@SiteLF
Ismael Schonardie|@Ismahsantos
Janaina Wille | @Jaanaw_

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