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México arrasador passa por um Uruguai apenas valente

Alô amigo leitor, sócio torcedor do Linha de Fundo. Copa América Centenário de vento em poupa (Soy louco por ti América!).

Fonte: Jornal El País
De um lado um lado todo o peso da Celeste Olímpica, camisa que enverga o varal de tão pesada, 15 títulos da Copa América, inclusive o primeiro, há exatamente 100 anos, em 1916.  Apesar de uma história gloriosa, e um passado recente de uma geração com bons resultados internacionais (Quarto lugar na Copa de 2010, Campeã da Copa América em 2011), a seleção está envelhecida, nomes como Álvaro Pereira, Fucile, Arévalo Rios e Victorino ainda encontram-se presentes, todos com mais de 30 anos. Contudo é uma seleção fortíssima. Conta com uma dupla de zaga entrosada, os companheiros de Atlético de Madrid: Godin e Jimenez; e um ataque arrasador com Cavani, e o melhor camisa nove do mundo Luisito Suarez (grande ausência do confronto ante os mexicanos).

Do outro lado temos Los Chicos (os meninos da Vila do Chaves, se me permitam a piada). Para falar do México na história do futebol, uma palavra deve ser dita: Evolução. Os mexicanos tem aquela ginga especial dos habitantes latinos, dançam em campo, são habilidosos e tem um povo fanático por futebol. O México notadamente é um celeiro de craques, que precisava apenas ser mais bem organizado digamos. Contudo, uma sobra paira sobre a seleção dos Asteca, que seria uma falta de poder de decisão quando é chamada. Nas últimas Copas do Mundo, por exemplo, foi eliminada nas oitavas de final. Porém essa geração que caminhará para Copa de 2018 promete quebrar esse estigma, trata-se da base do time campeão olímpico em 2012. Ou seja, jovens jogadores, alguns deles protagonistas na Europa, nos EUA e no próprio futebol Mexicano, cuja liga talvez seja a mais rica das Américas, pareada em igualdade com a MLS Americana.  Andrés Guardado, Chicarito Hernandes, Raul Gimenez, Layunn são nomes lembrados de imediato.

No banco de reservas novamente o contraste entre o velho e o novo. Se os Uruguaios são comandados pelo Maestro Óscar Tabarez, velha raposa do futebol Sul-americano, já no seu terceiro ciclo de Copa do Mundo a frente dos Uruguaios, responsável não só pela seleção principal, mas por toda filosofia implantada pela Celeste desde as divisões de base. Portanto caros leitores, Tabarez é intocável, patrimônio histórico do futebol Uruguaio, uma lenda do futebol de lá. Enquanto no México temos o Professor Juan Carlos Osório, de excelente trabalho no Atlético Nacional de Medellin, e passagem digamos conturbada por terras tupiniquins a frente do São Paulo, entretanto a passagem de Osório pelo Brasil passa longe de ser fracassada, como ele ficou claro quanto estamos atrasados em termos de tática, metodologia de treinamento e organização defensiva. Osório é daqueles com mente arejada, joga abafando o adversário, é um técnico que prioriza o futebol bem jogado, além de ser conhecedor contumaz de da mecânica do jogo, é daqueles técnicos que exige que seus jogadores atuem em mais de uma posição para que o mesmo tenha maior liberdade em alterar as peças de seu tabuleiro com mais desenvoltura.

Elaboração dos Autores
Feito o preâmbulo do confronto, das possibilidades de ambas as seleções vamos à peleja propriamente dita. Jogo em no Arizona, Glendale. O México tinha toda atmosfera, estádio abarrotado de Mexicanos, e muito, mas muito barulhento. O México contava com um caldeirão fervente ao seu lado, fato que seria fundamental para o desenvolvimento do seu jogo. Taticamente o México estava alinhado em um 5-4-1, que por vezes se transformava em um 4-1-4-1, a depender da movimentação do interminável Rafa Marques que por hora se descolava da linha de zaga se posicionando tanto entre linhas, como também na sobra (como um autêntico líbero). Os 11 iniciais foram: Tavalera, Néstor Araújo, Diego Reyes, Rafa Marques (ora zagueiro, líbero ou volante), Hector Moreno, Layun, Herrera, Guardado, Javier Aquino, Jesus Corona e Javier “Chicarito” Hernandes. Enquanto o Uruguai foi a campo com um 4-4-2, porém com uma espécie de losango no meio campo: com Muslera, Maxi Pereira, Godin, Gimenez, Álvaro Pereira, Arévalo Rios, Vecino, Carlos Sanches, Lodeiro, Cavani e Diego Rolán.

Para descrever o primeiro tempo peço aos amigos leitores para imaginarem uma carreta sem feio, um rolo compressor, uma máquina de futebol. Esse foi o México desde o primeiro minuto de jogo imprimiu aos Uruguaios um ritmo de jogo fortíssimo. Talvez as duas últimas vezes que a Celeste viu tamanha supremacia tenham sido na Copa das Confederações de 2013, quando encararam a Espanha do Tiki-Taka inspiradíssima, e na longínqua Copa de 74, quando a celeste se deparou com a incrível Holanda, a Laranja Mecânica original. Vocês podem achar exagero, mas o passeio Mexicano foi comparável a esses dois. Nem tanto pelas finalizações, mas pelo domínio do jogo. Mais de 60% de posse de bola com o jogo se desenrolando apenas na defesa Uruguaia.

A pressão era tão intensa que a defesa uruguaia sucumbiu com apenas 3 minutos do primeiro tempo. Andrés Guardado, volante, se esgueirou pela ponta esquerda, cruzamento seco Aquino e Álvaro Pereira dividiram no ar, e a bola, desviada pelo Uruguaio estufou as redes de Fernando Muslera. México 1 x 0 Uruguai. 

Fonte: Jornal El País
A pressão continuou, as laterais mexicanas eram extremamente efetivas Aquino na direita, Corona na esquerda, davam a México amplitude. Guardado era o Pêndulo, enquanto Chicarito se movimentava intensamente, não guardava posição, deixando a dupla de zaga Uruguaia quase sem função. Aos 30 minutos do primeiro tempo a posse era de 65% a 35%. O expediente mexicano era constante, bolas viajando da direita para a esquerda, posse de bola efetiva, Uruguai não se achava e começava apelar para faltas. Sanchez e Vecino foram amarelados, sendo que o segundo jogador foi expulso aos 45 do segundo tempo. Se a vida Uruguaia estava difícil, ficaria agora quase impossível.

O segundo tempo começou, e o passeio mexicano não aconteceu como se esperava. Logo no intervalo Alvaro Gonzales substituiu o desaparecido Lodeiro. A mística da Celeste resolveu entrar em campo, os Uruguaios igualaram as ações com um a menos na base do vamos que vamos, na base da raça. Logo aos 5 minutos, Sanchez bate escanteio para a cabeça de Cavani, que quase sem querer igualou o placar. Aos 14’ o excelente Diego Godin, como um autêntico meio encontrou Cavani, que inverteu para Diego Rolan, que desperdiçou outra grande chance; aos 26 minutos em um ato de extrema falta de inteligência Andrés Guardado, autor da assistência do gol mexicano cometeu faltas seguidas, já tinha cartão amarelo, recebido no primeiro tempo e foi expulso. Dois minutos após o castigo veio também pelo alto, aos 28’ do segundo tempo. Bola parada ofensiva, Sanchez bate falta na cabeça de Diego Godin, o jogo estava empatado – México 1 x 1 Uruguai (Detalhe: primeiro gol sofrido pela esquadra mexicana desde a entrada do Professor Juan Carlos Osório). Os mexicanos novamente estavam entregando uma partida praticamente ganha, dominada, controlada. Interessante notar que o domínio territorial continuou, a posse de bola ficou na casa dos 60%, contudo os erros ofensivos, quase inexistentes no primeiro tempo, foram constantes e fatais na segunda etapa.

Fonte: Jornal El País
O México após o gol voltou a acordar, porém pressionava de forma atabalhoada, dando contra-ataques aos Uruguaios. Ao mesmo tempo a seleção charrua, já demonstrava sinais de cansaço, ficou com um a menos por um tempo maior, na intensidade que o jogo foi disputado, é um fator que pesa, pesa bastante. Tanto que aos 39 minutos, a massa Mexicana voltou a explodir. Escanteio curto, jogada combinada. Lozano (substituiu Javier Aquino) para Rafa Marques, que errou na primeira bola, a pepita acabou nos pés de Raul Jimenez (havia entrado no lugar de Chicarito) que devolveu a bola ao capitão, que disparou um petardo ao gol de Muslera, sem chances para o Uruguaio. 2x1 México.

Os momentos finais foram dignos de um duelo mata-mata. Uruguaios desesperados em busca do empate, enquanto os Mexicanos se seguravam como podiam, e ao mesmo tempo em que tentariam achar um contra-ataque mortal.

Dito e feito, aos 46 do segundo tempo, Lozano que entrou muito bem no jogo, saiu como uma flecha pela esquerda entrou na área e cruzou; Raul Jiménez, meio atabalhoado quase se atrapalhou na definição, mas conseguiu descolar um passe para o meio da área que encontrou o volante Herrera sozinho, tendo apenas o trabalho de conferir para as redes. México 3x1 Uruguai.

Como lição dessa peleja vimos um México forte, contundente que manteve o 100% de aproveitamento da era Osório. Entretanto os comandados de Osório ainda tropeçam demais na própria imaturidade. É notória uma semente de filosofia, com um jogo de muito volume, muita movimentação. O México vem forte, e nessa Copa América é sim protagonista, e até favorito. Tem time, técnico e jogará como mandante moral na maioria dos jogos.

Já o Uruguai deu mostras que é valente, raçudo, entretanto apenas a bravura não será suficiente para devolver a Celeste o topo das Américas. O selecionado charrua precisa urgentemente preencher o seu meio campo com um pouco mais de qualidade. Nicolás Lodeiro, precisa ser o enganche, precisa entrar mais no jogo, ser mais participativo para que a seleção tenha ao menos algum controle das ações, que não dependa apenas de chutões para os atacantes, e de bolas paradas. É claro que a Celeste Olímpica pode jogar mais futebol, tem bola para isso.

Por: Matheus Valle - @Mhfernandes89 e Pedro Henrique - @peeedrito17

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