Gilmar Dal Pozzo, 46 anos, natural de Quilombo (SC),
iniciou sua carreira no futebol como goleiro aos 20 anos na Pratense, atuou em
grandes times como Goiás e Avaí e até fora do Brasil pelo Marítimo de Portugal.
Aposentou, e decidiu seguir a carreira de treinador no Veranópolis, onde teve
três passagens (2008, 2009-2010, 2011-2012), seu auge foi em 2012 quando
assumiu a Chapecoense no meio da disputa do campeonato Brasileiro da Série C,
onde levou a mesma ao acesso, em 2013, surpreendeu o Brasil com as atuações da Chape
que jogava um futebol bem trabalhado e efetivo, levando a mesma ao acesso a
elite e um vice-campeonato, após sua saída da Chape em meados de 2014, na Série
A assumiu o Criciúma onde também não conseguiu bons resultados, foi demitido,
também não obteve sucesso no time do ABC onde foi demitido, e contratado pelo
Náutico quando tirou o time da parte de baixo da tabela e quase levou ao acesso
terminando o campeonato em 5º.
No dia 7 de junho deste ano, após uma derrota medíocre
em casa para o Náutico por 3x1, o técnico Dado Cavalcanti pediu demissão após a
série negativa e críticas. E na tarde do dia 8 iniciava-se a era Dal Pozzo no
Paysandu. Até o momento, são seis jogos ao comando do bicolor paraense em 25
dias de trabalho, invicto, são três vitórias e três empates, o time saiu da
incômoda 18ª posição para a 12ª, tendo um aproveitamento de 66,6% dos pontos
conquistados. Apesar do início promissor, o mesmo vem sofrendo críticas
pelas atuações do time, e é sobre isso que iremos falar.
Desde o início da carreira, Gilmar sempre prezou por
um futebol bem jogado, competitivo, com marcação rápida, um time vibrante e que
soubesse trabalhar a bola, assim foi campeão gaúcho do interior em 2010. Em
2013, no seu auge na Chape, o mesmo tinha um time com grande solidez defensiva,
boa marcação, posse de bola, forte bola parada e contra-ataque, assim,
conseguiu o acesso a Série A, e teve Bruno Rangel como grande artilheiro do
campeonato com 31 gols. Em 2015 no Náutico, o mesmo se repetiu, um time
compactado em campo, uma defesa sólida, saindo em velocidade e perigoso nas
bolas paradas, assim quase conseguiu o acesso também. Estas são as
características de Gilmar, um time equilibrado em campo, com uma rigidez
defensiva, forte nas bolas paradas e altamente competitivo.
Dal Pozzo comandando o lobo. Créditos: Flickr Paysandu SC Oficial |
Características essas que vemos no Paysandu nessa era Dal
Pozzo, o time voltou a ter uma forte marcação, a defesa deixou de ficar
exposta, assim as falhas e espaços acabaram, e o time completou sete jogos sem
sofrer gols, isso são 630 minutos sem ser vazada, após isso, o Paysandu deixou
de ser a segunda defesa mais vazada do campeonato para a sétima, esta solidez
defensiva fez com que o time obtivesse melhores resultados, pois sofria com os gols no início dos jogos. O time também ganhou uma maior movimentação com a
entrada de Johnnatan no meio de campo, pois Gilmar modificou toda a forma de
jogar, tendo quando no ataque Johnnatan fazendo a função de um meia, enquanto
na defesa, o mesmo faz a função de volante marcando, variando o sistema de jogo
do 4-2-3-1 para o 4-3-2-1 na defesa, possibilitando uma maior
liberdade aos laterais, Edson Ratinho e Lucas hoje chegam com maior frequência
ao ataque, apesar de, não aproveitarem isso na maioria das vezes, estas
melhorias no time foram cruciais para a sequência invicta do time e subida na
tabela, o bicolor segue a cada jogo evoluindo aos poucos e se encaixando método
de jogo de Gilmar.
Entretanto, houve sim grandes avanços nesse período em
relação ao time de Dado, porém o time ainda apresenta
problemas principalmente do meio para frente, Rafael Costa não consegue
cadenciar o jogo bicolor, vem se movimentando mais e tentando, porém, sem
sucesso, o meio pouco consegue criar jogadas de perigo mesmo com a chegada de
Johnnatan que melhorou, mas ainda não resolveu o problema, a volta de Celsinho
quem sabe pode resolver, assim, quando não consegue avançar trabalhando a bola
pelo meio, o time fica apostando nas laterais com Lucas, Edson Ratinho e
Fabinho Alves, contudo, os erros na definição da jogada vem ocorrendo com muita
frequência, principalmente com Lucas e Fabinho, já Edson Ratinho teve uma leve
crescida de rendimento, mas ainda peca nos cruzamentos. Essa falta de
criatividade no meio vem prejudicando o ataque bicolor, antes com Alexandro, Leandro Cearense e agora Betinho, que pouco conseguem fazer, pois a bola não chega, ou
chega de forma errada, gerando um jejum de 12 jogos e 1100 minutos sem um gol de atacantes,
Leandro que vem ajudando mais saindo da área e quebrando a marcação adversária.
O time ainda possui problemas, sim e muitos, não vêm
tendo boas atuações longe disso, o futebol jogado ainda não é aquele que o
torcedor espera, alguns jogos em casa sofremos sufoco, porém o resultado veio,
no momento o resultado é o mais importante para sairmos do sufoco do Z4, agora,
o time a cada jogo vem tendo suas evoluções e encaixando no padrão Dal Pozzo de
jogo, a defesa foi arrumada, a proteção e saída de bola também, o espírito do
time foi renovado, a competitividade e forte marcação e as coisas vão se
ajustando com o passar do tempo, falta arrumar o meio de campo e ataque para
assim o time encaixar de vez, e subir cada vez mais na tabela e voltar a sonhar
com o acesso, Gilmar Dal Pozzo tem um início promissor no Papão da Curuzu e
pode sim nos dar muitas alegrias assim que o time encaixar no seu padrão que
como foi mostrado é de sucesso.
Eduardo Maya || @EduMaya7
2 Comentários
Excelente análise.
ResponderExcluirExcelente análise.
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