O famoso placar dessa vez teve
dono diferente. No Citrus Bowl Stadium, o Brasil conseguiu massacrar os haitianos
e conquistou sua primeira vitória na Copa América Centenário sem dificuldade
alguma - se bem que já era esperado que a seleção haitiana não traria ameaças à
Seleção.
O primeiro tempo teve três gols
logo de cara, eliminando qualquer chance de reação do Haiti. Além disso, o
Brasil não demorou a voltar a marcar na segunda etapa, ampliando o marcador e
marcando sete gols. No meio disso tudo, os haitianos surpreendentemente
conseguiram marcar uma vez quando Marcelin mandou para o fundo da rede após
falha de Alisson Becker e da defesa, que conseguiram fazer a proeza tomar gol
do Haiti, fechando o 7 a 1.
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Foto: Mike Ehrmann/Getty Image |
Haiti: Apesar da goleada, alguns pontos positivos
Sim, o Haiti
levou sete gols e não pode ter feito um bom jogo justamente pelo número de
bolas que entraram. É claro que não foi o melhor dia do mundo para a seleção
haitiana, já que os buracos defensivos e um pouco de amadorismo no futebol
acabaram com a proposta de Patrice Neveu já no primeiro tempo, já que o Brasil
foi para o intervalo com 3 a 0 no placar.
Precisamos
levar em consideração alguns pontos que chamam atenção na equipe do Haiti.
Inicialmente, a defesa apresenta muitos espaços, mas também tem capacidade de
se recuperar rápido. Graças aos erros de finalização do Brasil e o bom desempenho
do goleiro Placide, que evitou um vexame grande apesar de levar sete gols, o
Haiti poderia ter tido um desempenho muito pior.
Além disso, a
seleção brasileira deixou um incontável número de bolas nos pés dos haitianos,
abrindo espaços que poderiam ter sido bem utilizados por eles. O que falta no
Haiti, e provavelmente é a ausência mais sentida, é um atacante que tenha
"faro de gol", se movimentando bastante atrás das boas jogadas. É
fato que o time azul e vermelho poderia, assim como o Brasil, ter feito mais se
quisesse.
Já eliminado,
o Haiti enfrenta o Equador na última rodada e pode usar toda paixão e confiança
de sua torcida para fazer bonito pelo menos uma vez. Não é possível imaginar um
cenário de vitória, mas certamente uma melhora e garra maiores, assim como as
apresentadas contra o Peru.
Brasil: Apesar da goleada, mais do mesmo
Já vou
antecipando que a equipe da CBF - sim, vou continuar chamando de equipe da CBF
até que a verdadeira Seleção Brasileira volte - não será aliviada só pelo fato
de ter aplicado 7 a 1 contra a fraquíssima seleção haitiana (com todo respeito
ao Haiti).
No jogo válido
pela segunda rodada da fase de grupos, o Haiti lembrou o Brasil da Copa do
Mundo de 2014, mas a Seleção nem de longe pareceu à Alemanha. Na verdade, o
Brasil pareceu o mesmo que temos visto nos últimos jogos mesmo. A equipe da CBF
tem apresentado a cada jogo um futebol gourmetizado e longe de lembrar o
verdadeiro jeito brasileiro. Isso fica cada vez mais claro quando vemos uma
vitória e não comemoramos com emoção, não vestimos a camisa no dia seguinte e
não fazemos nada.
Depois do
vexame contra a Alemanha, quando perdemos dolorosamente de 7 a 1, o Brasil
virou o "filho que tira notas boas no colégio com os pais exigentes".
Quando a Seleção vence, não fez mais que a obrigação e às vezes ainda recebe
críticas por não convencer - como essa que está sendo feita. Mas quando perde
não fica de castigo, vira chacota e recebe contestações mais duras em relação
aos jogos que vence sem convencer. Esse é o atual cenário quando se trata de
futebol brasileiro.
Quando fiz a
comparação do Brasil com o "filho que tira notas boas no colégio e tem os
pais exigentes", expliquei que o Brasil é o filho, mas não expliquei os
"pais exigentes" que somos e nossos motivos para isso. Somos os pais
exigentes, e cobertos de razão, pelo simples fato de já termos visto, ao longo
da história da Amarelinha, uma constelação de craques e jogadores que jogavam
com raça, honrando a camisa, como Zico, Romário, Bebeto, Pelé, Ronaldo,
Ronaldinho, Dida, Juninho Pernambucano, Juan, Lúcio, Garrincha, que quando
faltavam com a técnica, compensavam com a raça e amor ao verde e amarelo.
Na Seleção de
hoje, quase não vemos craques com a camisa do Brasil graças aos empresários -
Gilmar Rinaldi se enquadra nesses -, que só têm interesse de colocar seus
atletas na equipe para conseguir um contrato melhor e uma valorização deles.
Exemplos é o goleiro Alisson Becker, que saiu do Internacional para a Roma após
ter se tornado o titular da equipe da CBF, e Hulk, que, quando foi convocado,
saiu do Porto para o Zenit com cifras astronômicas.
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Hulk sendo
apresentado no Zenit-RUS após sair do Porto-POR (Foto: Site oficial do Zenit)
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Infelizmente,
temos raros exemplos de jogadores que têm amor à camisa que estão vestindo.
Desses, vou dar destaque para Philippe Coutinho, que atua no Liverpool,
Willian, do Chelsea, e Renato Augusto, atualmente no futebol Chinês (?!). É aí
que pegamos o primeiro erro. Como é possível que um dos nossos destaques atue
no fraquíssimo campeonato da China? Renato chegou à equipe da CBF com as ótimas
atuações na época de Corinthians, com mérito. Mas logo depois foi vendido para
o outro lado do mundo recebendo rios de dinheiro.
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Willian e
Philippe Coutinho, destaques em seus clubes e no Brasil, disputando bola em um
Liverpool x Chelsea (Foto: Getty Images)
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Coutinho, que
marcou três contra o Haiti, é destaque no Liverpool e não "se vende"
como muitos (tanto que já recusou grandes equipes da Europa para se manter no
Liverpool) e Willian, que é destaque no Chelsea - mas que também só chegou no
clube inglês após as convocações - e foi convocado por conta das suas boas
atuações na Ucrânia. Esse 7 a 1 contra o Haiti só serviu para iludir os
críticos (como pude ver em alguns sites das mídias esportivas), acalmar os
ânimos, encaminhar a classificação e tentar dizer que "A Seleção
voltou". Bem, tomara que tenha voltado mesmo. Mas ultimamente, o futebol
do Brasil tem respirado por aparelhos - como tenho dito - e essa goleada foi
apenas um "balão de oxigênio" pra tentar recuperar a nossa Seleção.
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Foto: Eitan Abramovich/AFP/Arquivo |
Sem mais
delongas, torço muito para que o Brasil volte a ser A Seleção. Antes de
concluir, só lhes deixo um último recado: não se iludam com esse 7 a 1, o time
não fez mais que sua obrigação.
LEO FERNANDES || @leo_fernandes_9
MARIANA SÁ || @imastargirl
LINHA DE FUNDO || @SiteLF
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