Nos vestiários mais lágrimas, muita comemoração, a euforia era inevitável, os guerreiros verdes e brancos estavam a dois jogos da maior conquista de suas vidas. O som de VAMO VAMO CHAPE, que virou marca registrado de todos integrantes do elenco, comissão técnica, diretoria e funcionários, transformavam o vestiário em uma arquibancada.
A má notícia chegou minutos após a conquista, através da boca do
presidente Sandro Pallaoro, o mandatário informou que a final não poderia ser
disputada em Chapecó. A dúvida era entre duas cidades, Porto Alegre ou
Curitiba? Arena do Grêmio, Beira-Rio, Arena da Baixada ou Couto Pereira?
A decisão foi tomada na sexta-feira (25), a escolha foi único estádio
com as cores do clube, o majestoso Couto Pereira. Logo o torcedor já correu,
com quem ir? Que horas sair? No sábado não existia mais ônibus na cidade para
alugar, restava a busca por liberação do trabalho, era o jogo da nossa
história, os 90 minutos mais importantes da vida dos torcedores Chapecoenses.
Em meio as finais, uma outra final, quis o destino que o Palmeiras pudesse receber a Chapecoense em busca do título Brasileiro, um empate já bastava. O técnico Caio Júnior pensando nos jogos mais importantes da história do Verdão do Oeste, poupou alguns titulares, dando chances aos “reservas”. A derrota por 1x0 não abalou, muito pelo contrario, deu ainda mais moral e força para o duelo do meio de semana, quem entrou em campo não decepcionou, e poderia sim ter saído de campo com o empate. Mas lá estavam os guerreiros, presentes na festa Palmeirense, seria o destino mostrando como se faz uma festa de campeão?
A semana iniciava e o torcedor não conseguia trabalhar, não conseguia
estudar, e dormir quem consegue? Só nos restava esperar o tempo passar, vem
logo quarta-feira, é nosso jogo, é a nossa história, NÓS VAMOS SER CAMPEÕES.
O torcedor Chapecoense deitou na noite de segunda-feira, sonhando como
será o duelo, será que o Danilo vai fazer aquele milagre de novo? E o Caramelo
ou o Gimenez, vão acertar aquele cruzamento buscando o centroavante? O Neto vai
desarmar até a mãe dos adversários? E o que falar do Thiego, o zagueiro
artilheiro vai aproveitar a falha da zaga e marcar de novo? O Dener acertará
aquele chute como contra o São Paulo, por favor! Josimar não deixa ninguém
passar, dá no meio deles. Gil nosso motor, vai sair àquela jogada de efeito apoiando
pela direita? Ah e o Cléber Santana, nem precisa sonhar, todos sabemos que vai fazer
uma partida mágica como todas em 2016. E no ataque, Tiaguinho e Ananias pelas
pontas, em velocidade, contra o vento, leves como uma pena. Dentro da área a
dúvida, Kempes ou Rangel, quem usar? Nessa acho que até o Caio Júnior tinha
dúvida.
Em meio a esse sonho, o telefone resolve soar sem parar, ACORDA MARCELO,
o que tu ta fazendo ai dormindo? Eis que o sonho se torna um pesadelo terrível,
“meu, o avião da Chape caiu” era a mensagem que recebia do meu irmão Suyan,
companheiro de Barra da Chape, do Chiqueirinho, de CHAPECOENSE. Eu me negava
acreditar, era tudo brincadeira, deixa eu acessar o Globo Esporte, não vai ter
nada, é tudo brincadeira de muito mal gosto.
Não era... As notícias confirmavam tudo o que ele me avisou, a final é
adiada e sem data para ser disputada, os noticiários na TV não falavam de outra
coisa, a Chapecoense era falada mundialmente, aos poucos as mensagens de apoio
chegavam, era do Neymar, do Lucas Leiva, do atacante espanhol Raul, do goleiro
Iker Casillas entre outros.
O dia 29 de Novembro de 2016 se tornava o pior dia da minha vida, as
lágrimas que na semana passada eram de felicidade, de confiança, hoje era com a
pior tristeza, somente três jogadores sobreviveram, um narrador esportivo de
uma rádio de Chapecó, o restante todos foram perdidos.
Perdemos a diretoria que levou o time da Série D para a A, essa mesma que
lutou, defendeu todos jogadores, treinadores e comissão técnica, respeitou cada
funcionário igualmente, nunca atrasou um salário, pagou o 14° salário para
TODOS funcionários, desde o roupeiro até o presidente.
Não existe mais Sandro Pallaoro, Cadu Gaúcho, Maurinho, Chinho, Boião,
Cocada, Serginho, Anderson Paixão, Duca, Pipe, Gobbato, o médico Marcio, Luiz,
a segurança do Adriano, as fotos do Cleberson Silva, os vídeos do Giba, eterno
torcedor Chapecoense, do Anderson, outros membros da diretoria como Nilson,
Decio, Mauro, Jandir, Edir, Ricardo.
Perdemos também vozes que nos emocionaram, seja nas rádios, nas TVs,
como ver o gol do Apodi e não se lembrar da voz do Fernando Doesse, dos
comentários do Douglas Dorneles, do Renan Agnolin, do Picolé, do sonho do
Galiotto de narrar uma final internacional, Giovane Klein, Guilherme Marques,
Ari Ferreira, Guilherme Laars, Bruno Mauri, Djalma, André, Laion, Victorino,
Rodrigo, Lilacio, Paulo Julio, Mário Sério, Jacir Biavatti, e o dono da voz que
emocionou a campanha da Chape na Sul-Americana, que o espírito de Condá esteja
contigo Danilo, vai com Deus Deva Pascovicci.
Acabou o sonho dos guerreiros, dos campeões, quando pedimos para dar a
vida, não era dessa forma, era apenas no campo, no gramado, dentro das quatro
linhas, perdemos o paredão Danilo, vivendo a melhor fase da sua careira,
perdemos o Caramelo, o Gimenez, Dener sendo elogiado até pelo Tite, técnico da
Seleção Brasileira, perdemos o Marcelo, a alegria do Filipe Machado, perdemos
junto com o Santos, o zagueiro Thiego, o Josimar, Matheus Biteco, Gil, Sérgio
Manoel, Arthur Maia, Lucas Gomes, Ananias, o futuro pai e jovem Tiaguinho, o
monstro Kempes, perdemos o capitão, o maestro, o cérebro do time Cléber
Santana, e ele, nosso maior artilheiro, o cara que mais deu alegrias ao
torcedor Chapecoense, autor de 81 gols, muitos deles importantíssimos, nunca
mais a Arena Condá irá ouvir “uh terror o Rangel é matador”, e o que falar do
Caio Júnior, esse monstro que nas palavras conquistou o coração do torcedor, deu
alegria ao povo Chapecoense, encheu a todos de orgulho, obrigado comandante,
obrigado a cada jogador por tudo que fez por esse clube, vocês jamais serão
esquecidos.
Como falamos aqui em Chapecó, o elenco que conquistou tudo sem nenhuma
estrela, sem nenhum jogador querendo ser superior ao outro, agora é o
contrário, todos viraram estrelas, hoje do céu estão nos olhando, nos guiando e
com certeza torcendo para quem voltar a vestir essa camisa, honrar da mesma
forma que todos fizeram, sobrou nós torcedores e a Arena Condá, perdemos
jogadores, perdemos nossa diretoria, comissão técnica, mas jamais vamos perder
o amor pelo clube, pela camisa, vamos cantar por vocês, lembrar-se de todas as
glórias futuras, pois NÓS TE APOIAREMOS ATÉ MORRER.
Marcelo Weber || @acfmarcelo
Marcelo Weber || @acfmarcelo
1 Comentários
Sensacional mano..parabéns
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