Jogadores comemoram a vitória contra o Hull (Foto: Paul Childs/Reuters) |
Há uma tese quando se fala de Premier League: dezembro
é um mês que serve para definir o que cada time almeja no restante do
campeonato. É, também, importantíssimo para fazer um balanço da primeira parte
da temporada e serve para medir a capacidade de cada elenco. Até o momento, os
Spurs têm cumprido às expectativas do mês, venceu os três jogos que fez no
White Hart Lane e só perdeu pontos na derrota fora, contra o Manchester United.
Porém, conseguir êxito através dos resultados não significa jogar um futebol
vistoso e, no caso dos Spurs, a segunda parte não têm sido feita. Foi assim nas
vitórias contra Swansea (apesar da goleada), Hull City e Burnley.
Alias, já faz um tempo que têm sido assim. Desde o
início desta temporada, tenho a expectativa de assistir o Tottenham da
temporada 2015/16, cujo era jogado um futebol vistoso – para mim e para muitos,
o time que jogou mais bonito naquela edição. Até aqui, essa expectativa têm
sido frustrada, já que foram raros os lampejos de atuações que ao menos chegassem
próximas àquelas. Ou será que alguém ousa dizer que a equipe está jogando em
sua plenitude?
A exigência alta se faz necessária, pelo fato do
elenco contar com a permanência da maioria dos jogadores e o entrosamento já
existir, tendo ainda alguns reforços que chegaram ao período; a estrutura
tática também é a mesma da temporada passada, o 4-2-3-1; os picos de posse de
bola é um dos mais altos da Europa, mas muitas vezes a equipe carece de jogadas
trabalhas e sofre mais do que deveria para furar retrancas de adversários
inferiores. Por incrível que pareça, talvez a grande apresentação do time de
Pochettino tenha sido contra um forte candidato na briga pelas primeiras
posições, quando inquestionavelmente foi superior e venceu com autoridade
("apenas" 2 a 0, sem sofrer muitos riscos e tirando a invencibilidade
do time de Guardiola).
O sistema defensivo, contudo, é digno de elogios. Seja
com Lloris ou Vorm na meta, em sete oportunidades os goleiros garantiram o
'clean sheets', sem serem vazados nenhuma vez em quase metade dos jogos. Apesar
do desfalque de Alderweireld em vários jogos, Dier supriu bem a ausência e colaborou
para manter a defesa sólida. Com o retorno do belga, que é o melhor zagueiro da
equipe e um dos melhores da competição, é indispensável a sua presença na
equipe titular. Independentemente de quem formou a dupla com Vertonghen, foram
apenas doze gols em dezessete rodadas até aqui, sendo o segundo melhor da
competição neste quesito – apenas o líder Chelsea sofreu menos e essa diferença
é de um tento.
Os laterais Walker e Rose estão voando (Foto: Squawka Football) |
Ainda na defesa, os laterais são peças fundamentais,
dando amplitude pelos flancos. Walker e Rose, que às vezes atacam
simultaneamente, são os motores da equipe e contribuem bastante para a
construção de jogadas, sem deixarem a defesa exposta. A tamanha importância de
ambos não é algo ruim, desde que o coletivo não fique refém da boa atuação
deles, o que tem sido comum nesta temporada. Quando vão mal, o coletivo também
vai mal – o jogo contra o United é o maior exemplo.
Em contrapartida, o meio campo é pouco criativo, visto
que Wanyama e Dembélé (eventualmente o jovem Winks ou o próprio Dier) dão
equilíbrio à ofensividade dos laterais e contribuem pouco para a construção de
jogadas ofensivas. Ao meu ver, Dele Alli é quem deveria atuar em uma das vagas
neste setor, mas há certa insistência em fazer dele um armador. O principal
responsável por isso é justamente Eriksen, que demonstrando ainda ser um dos
protagonistas da equipe nos últimos jogos, voltando a fazer o que se espera
dele, marcando gols e dando assistências.
Embora não tenha jogado bem nos últimos jogos, Kane
também é unanimidade e ainda não possui um substituto à altura, já que Janssen
demonstrou não ter capacidade para tal. O holandês parece não ter culhão para
jogar Premier League e, na ausência do nosso principal jogador, a ausência de
recursos ficou nítida. Son, por sua vez, é um jogador de muitos recursos e
pouca regularidade.
Poch ainda não conseguiu fazer o Tottenham desempenhar o seu melhor futebol nesta temporada (Foto: AFP) |
O Tottenham da temporada 2016/17, portanto, não é o
time encantador como já mostrou ser, que ainda busca chegar ao seu melhor
estágio e, sobretudo, tem jogado pelo resultado. Por isso, a ausência de Lamela
é, sim, muito sentida e o seu retorno talvez sirva para mudar um pouco a
característica da equipe, que é muito possessiva e pouco criativa. Outro que dá
esperanças neste sentido é Sissoko, que foi contratado na última janela e não
têm tido tantas oportunidades, mas nos minutos que teve demonstrou merecer mais
minutos.
Convenhamos que, o principal objetivo dos Spurs dentro
da competição não é e nunca foi encantar – nem o Chelsea tem jogado um futebol
de encher os olhos, muito menos o Leicester na temporada passada. Longe disso,
o objetivo é desbancar elencos melhores, retornar à Champions na próxima
temporada e, quem sabe, flertar com o título mais uma vez. Levando em conta que
jogar bem e jogar bonito é conceitos diferentes, a torcida só espera que o time
jogue apenas bem e consiga seus objetivos, mas não há dúvidas que as atuações
da temporada passada nos trás certa nostalgia.
#COYS
Por: Marcelo Júnior
Twitter: @marcelinjrr / @SiteLF / @LFEuropa
1 Comentários
Acho que o Poch tem enorme influência na atuação da equipe nessa temporada. Algumas idéias que deram certo ano passado, como a alternância dos laterais e inclusão de garotos no time principal, esse ano não tem surgido tanto efeito. Parece que sempre há uma expectativa messiânica naquelas que estão ausentes, também não acho que seja por aí. Poch deveria dar uma atenção especial para Kane e ali, apesar de estarem marcando gols, estão muito longe do que já apresentaram, principalmente kane. Deixá-lo mais fixo como pivô não tem feito muito bem a ele, lembro de vários gols na pequena área e pouca participação a construção das jogadas, para mim ele tem habilidade para criar também.
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