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Os facínoras bianconeri

Com licença poética ao grande Rômulo Mendonça, a Juventus foi facínora.

No dia de ontem (29) a Juventus bateu o Sassuolo pelo placar de 0x2, em pleno Stadio Città del Tricolore e manteve-se na liderança do Campeonato Italiano.

Em meu último texto (A surpresa de Allegri) eu havia questionado se Massimiliano Allegri seria capaz de manter a escalação ousada do 4-2-3-1 que bateu a Lazio facilmente no Juventus Stadium. Ele não apenas manteve o esquema, bem como o time se postou muito bem, com um entrosamento maior dos jogadores, principalmente pelo lado esquerdo com Mandzukic e Alex Sandro.

Allegri iniciou o jogo com o seguinte 11: Buffon, Lichsteiner, Bonucci, Chiellini e Alex Sandro; Khedira, Pjanic, Cuadrado, Dybala, Mandzukic; Higuaín.

A partir da derrota para a Fiorentina parece que Allegri entendeu que faltava algo mais para esse time da Juventus. Nos últimos anos o esquema que nos fez voltar às vitórias, o 3-5-2 instituído por Conte parecia “manjado” pelos adversários. Já o esquema que nos fez chegar até a final da Champions League em 2015, um 4-1-2-1-2 (um 4-4-2 losango) parecia não funcionar sem o tridente Pirlo-Vidal-Pogba, pois faltava uma mistura de vários fatores que Marchisio-Pjanic-Khedira não demonstravam.

O grande segredo para um esquema que tem quatro jogadores de origem ofensiva na frente dar certo no futebol atual é eles entenderem que precisam jogar de forma coletiva, que nem todos irão brilhar em todos os jogos e que, sem a bola, se não iniciarmos o sistema defensivo pelo primeiro homem do ataque não iremos chegar a lugar nenhum.

A Juventus foi até Reggio Emilia pegar um Sassuolo que sempre é “chato” de ser batido em casa. Encontramos alguns velhos conhecidos como Peluso, Aquilani (sim, se lembra da passagem deste flop por aqui?) e Matri.

Ainda no texto passado, afirmei que o lado esquerdo sem Alex Sandro não conseguiu criar e que Mandzukic não era um exímio criador de jogadas para dar conta da função. Pois bem, com o retorno de Alex e um Mandzukic inspirado a Juventus abriu o placar em jogada exatamente pela esquerda. Um passe espetacular de Mandzukic de calcanhar para Alex Sandro, que de um cruzamento-passe rasteiro para ele, sempre ele, Gonzalo Higuaín marcar seu 15º gol no Campeonato Italiano, tornando-se artilheiro junto com Dzeko.

Higuaín comemora seu 15º gol na Série A Tim. Foto: Juventus.com
Higuaín é o atacante que a Juventus procurava desde o final do auge de Trezeguet, desde a saída de Ibrahimovic, passando por Quagliarella, Amauri, Iaquinta, Vucinic, Tevez, Morata... Uns com mais e outros com menos sucesso. Até o momento a compra do argentino é um sucesso marcante dessa temporada.

O domínio no primeiro tempo foi total. Paolo Cannavaro bobeou com Higuaín a sua frente, este fez jogada individual pela esquerda e cruzou rasteiro, Dybala fez lindo corta-luz e Khedira chegou batendo de primeira na entrada da área. O segundo gol bianconero trazia tranquilidade ao jogo.

Novamente me valho do último texto que analisei o novo esquema de jogo para falar de Khedira. Caso queira manter essa formação, Allegri teria Marchisio, Khedira e Pjanic brigando por duas vagas no meio campo. Khedira e Pjanic largaram na frente, mas é difícil para qualquer torcedor da Juve ver Cláudio Marchisio no banco de reservas.

A partir de então a Juventus fez sua velha tática de cozinhar o jogo. Um domínio absoluto, sem quaisquer chances de gol ao Sassuolo. Mandzukic e Dybala ainda quase aumentaram o placar, que ficou em 2x0 para a Juventus.

Exatamente neste ponto que a Juventus faz jus ao título deste texto. Os adversários odeiam a forma com que a Juventus vence seus jogos. Faz parecer com que os adversários não tentaram de tudo para vencerem os líderes. Há piadas dizendo que os times de meio de tabela do Italianão não jogam tudo o que podem contra a Juventus com a certeza de derrota e guardam para os outros que disputam na cabeça do campeonato.

A Juventus é facínora porque engana os adversários. Sempre enganou. Adora, principalmente fora de casa, dar uma falsa sensação de moleza, de que o time da casa pode vencer o jogo em algum momento. Entretanto, de forma sorrateira dá o bote e põe o adversário para dormir. Crime consumado.

Mudando um pouco de assunto, nas redes sociais, na Itália, Brasil e no mundo os torcedores bianconeri exaltam a cara desse time que é Mario Mandzukic. O croata está em todos os lugares do campo, defende, arma, passa, finaliza. Chega a ser incrível como Allegri vem conseguindo tirar algo deste jogador que talvez nem ele soubesse que seria capaz de entregar.

Mario Mandukic é o destaque do 4-2-3-1 de Massimiliano Allegri. Foto: Juventus.com
Mandzukic surgiu no NK Zagreb, o time menos conhecido de Zagreb. Logo foi contratado pelo irmão mais rico, o Dinamo Zabreb, para substituir o brasileiro Eduardo da Silva, que havia se transferido para o Arsenal. Após ganhar notoriedade em seu país o Wolfsburg contratou Mario para ser reserva de Dzeko, que já despertava os olhares de grandes clubes europeus (inclusive da Juventus). Assim que Edin foi para o City, Mandzukic se destacou, sendo que após momentos ótimos com a camisa do time da Volks chegou ao Bayern para ser campeão da UCL fazendo gol na final contra o Borussia Dortmund.

Após passagem apagada pelo Atlético de Madrid, Mandzukic chegava com desconfiança dos torcedores a Torino. Após bom início, mas muita irregularidade, quase que ele saiu do clube após a chegada de Higuaín. Hoje em dia, para surpresa de muitos (inclusive a minha), eles (Mandzukic, Higuaín e Allegri) vão mostrando que os dois atacantes podem jogar – e bem – juntos.

É muito claro que não ganhamos nada na temporada, estamos sólidos no campeonato e temos uma dura Champions League pela frente, mas é muito bom ver a Juventus jogando bem, com autoridade e tendo boas perspectivas.

Com uma boa rodada para nós, derrota da Roma por 2x1 para a Sampdoria em Genova e o empate do Napoli em casa por 1x1 contra o Palermo, a Juventus abriu quatro pontos de vantagem para a segunda colocada Roma, lembrando que temos um jogo a menos por conta da final da Supercoppa da Itália.

Nosso próximo jogo é o Derby d’Itália contra a Inter, no Juventus Stadium, próximo domingo (5).

Um excelente teste para o novo esquema de Allegri.

Fino alle fine, FORZA JUVENTUS!

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