Lucidez na abordagem dos temas, sereno nas coletivas
mesmo pós-derrota. Paulo Autuori sempre foi uma figura admirável no esporte e
na vida. É um intelectual do futebol. Antes da grande parcela dos torcedores atentar-se
a conceitos táticos, metodologias que ultrapassam os 90 minutos muito além do
futebol de resultado, resultado que veio em sua passagem pelo oriente médio,
mas que por questões administrativas (e de palavra de dirigentes, ou falta
delas), resultaram na alegria do hoje torcedor atleticano de Curitiba. Uma
entrevista torna-se aula de conceitos táticos e humanos, pois futebol não é uma
analogia da vida, é sinônimo.
Paulo Autuori conquistou a América, o mundo, e legião
de torcedores por onde passou. Torcedores que para ele são pilares do futebol,
como dito em entrevista ao globoesporte.com, em 2013, sobre o que, no seu ponto
de vista, o futebol no Oriente Médio não evolui: “Tem de mudar muita coisa. Não há público nos estádios, e futebol para
mim tem dois protagonistas: jogadores e torcedores. Quando técnicos, dirigentes
e árbitros querem ganhar protagonismo, estragam o espetáculo”.
Campeão brasileiro pelo Botafogo, da Libertadores da
América por Cruzeiro e São Paulo, e mundial pelo tricolor paulista, o técnico é
um dos que acreditam que a base de um clube deve ser levada a sério, e
trabalhada no sentido literal da palavra. Foi um dos argumentos apresentados do
modelo de gestão do clube rubro negro que mais pesaram para a decisão de
dirigir o clube à beira dos gramados: “Acho
que o clube de futebol, nos dias atuais, precisa ter um olhar profundo e
delicado para sua formação e proporcionar este processo em condições não só
materiais, mas acima de tudo em termos de ideais. Pela primeira vez na minha
vida, de forma surpreendente, uma instituição me propôs desenvolver um trabalho
que eu acredito e que eu gostaria de ter desenvolvido em outros clubes...”,
disse o treinador e técnico a um repórter do mesmo site, no final do ano
passado. Mas o que mais chama a atenção nesta reportagem é o anúncio do fim da
carreira de treinador ao fim do seu contrato com o Atlético. O vínculo vai até
o final do ano de 2017. Se tratando de um homem de forte personalidade, que
prioriza muito as palavras, acredita-se que realmente esse seja o último ano de
Paulo Autuori no banco de reservas. Azar o nosso.
A notícia boa fica por conta do que vem após a
aposentadoria. A tendência é que o treinador, como diz em diversas entrevistas,
reforce os bastidores do futebol brasileiro sendo dirigente. Sorte do futebol.
Enquanto o futuro parece incerto, nos resta acompanhar
de perto a possível última temporada de Autuori comandando uma equipe à beira
dos gramados. Acompanhe o Atlético Paranaense nessa temporada.
(Foto: Antonio More/A Tribuna PR)
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