Quem assistiu o clássico paulista na Vila Belmiro
nessa quarta-feira foi premiado com um ótimo jogo de futebol. De um lado o
Santos e o seu já conhecido DNA ofensivo, com um jogador da terceira linha de
meio campo escalado na zaga para que a saída de bola tenha mais qualidade. Do
outro, um São Paulo embalado pela vitória em casa sobre a Ponte Preta,
abastecido pelo suor de um treinador com sede vitórias aliada a uma bela
apresentação. O resultado dessa equação não poderia ser diferente: Gols.
Na primeira etapa, como de praxe nos jogos na Vila, o
Santos partiu para cima de seu adversário, intimidando com chances de gols
variando as jogas pelos lados (assim que saiu o gol) com infiltrações dos
laterais causando aquele alvoroço organizado que a garotada da baixada santista
faz como poucos no futebol brasileiro, com chutes contra a meta do goleiro
Sidão. No lado adversário, o Tricolor paulista iniciou o jogo com aquela que
vem se tornando uma de suas características: Muita troca de passes, ontem sem
muita objetividade. Mas já demonstrando um esboço da estratégia para a partida:
Pressão na marcação alta forçando o erro adversário, recuperação da posse da
bola e saída rápida no contra-ataque. O que só viria na segunda etapa.
A parte final da partida foi muito nivelada, o que não
quer dizer uma queda de rendimento da equipe alvinegra, mas sim uma evolução na
tricolor. Cueva com ótima visão de jogo explorou a velocidade do ataque são
paulino, formado por Luiz Araújo e Gilberto. E tudo que Rogério Ceni planejou
para a partida surtiu efeito, pois os gols e as chances que poderiam aumentar
ainda mais o placar surgiram depois de uma forte marcação sob pressão,
recuperação da bola e intensidade na finalização da jogada. Um jogo a altura do
confronto.
A quebra de tabu no estádio santista (há seis anos o
time não perdia em seu estádio pelo Campeonato Paulista) fez com que vaias
ecoassem na Vila mais famosa do mundo. O que culminou com a entrevista coletiva
de Dorival Júnior um pouco fora do habitual. Um repórter ao questionar se o
técnico “levou um nó tático” de Rogério Ceni ouviu não uma resposta, mas uma
pergunta: O que significa o termo? Vou dar o meu pitaco: Foi sim um nó
professor. Um nó consiste em entrelaçar o adversário, o popular envolver.
Exatamente o que a equipe São Paulina fez nos últimos 45 minutos de partida: Rodeou
a equipe santista na marcação, não dando espaços para a criação de jogadas. Nó
no futebol é interpretativo, relativo. Nesse caso foi real, literal. Mas não
foi cego. Do mesmo jeito que reinventou um Santos ofensivo até no setor
defensivo, Dorival tende a ajustar a equipe antes da estreia na competição
continental, até pelas opções justamente para o setor que mais preocupa hoje e
que ainda não estrearam, como é o caso do zagueiro Cléber. Paciência é a
palavra. Até para a eufórica torcida São Paulina. Do mesmo jeito que é cedo
para criticar, é para elogiar.
(Foto: Ricardo Saibun / Santos FC) |
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