O Arsenal entrou em campo nesta terça-feira com uma
sonora goleada na cabeça: Os 5-1 do jogo de ida. E "para ajudar" nesta dura caminhada que teríamos na noite, cerca
de duzentos fãs fizeram muito barulho antes da partida, nas redondezas do
estádio, todos efusivamente pedindo a saída de Arsène Wenger. A atmosfera para
o jogo era de pouco apoio e muitas críticas, mas sobre isso falarei logo
mais...
Quando a escalação foi anunciada, esbocei certo
otimismo na esperança de uma atuação, no mínimo, positiva da equipe: Tínhamos
Xhaka e Ramsey juntos e Oxlade jogando pelo meio, onde tem tido um bom
rendimento na temporada. Alexis, Theo e Welbeck na frente, prometiam muita
força pelas pontas, com um ataque veloz e que pressionaria a saída de jogo do
Bayern, contudo, algo que me pegou de surpresa — e nem foi o fato de ter Özil,
que estava praticamente fora desta partida (por gripe forte), como opção no
banco de reservas — poucos minutos antes do jogo, Danny Welbeck sentiu uma
lesão no aquecimento e mesmo anunciado como titular minutos antes, ficou fora
da partida, dando lugar a Giroud. A entrada do francês mudaria completamente a
cara do ataque do Arsenal no jogo, já que com Olivier, perderíamos a mobilidade
na frente, como teríamos com Danny ou até mesmo com Lucas Perez, deixado no
banco novamente; Algo difícil de entender.
Fizemos uma primeira etapa extremamente digna,
pressionamos o Bayern o tempo todo e tomamos o controle da partida, sem dar
muito espaço para a equipe alemã. Largamos na frente, todavia, em jogada
individual, Theo Walcott invadiu a área e fuzilou as redes de Manuel Neuer, aos
19 minutos; Theo foi de longe o jogador mais efetivo do Arsenal no primeiro
tempo. Comemorei muito o gol, mas como qualquer ser que tenha o mínimo de
consciência, tinha a noção exata de que uma classificação era impossível, já
havíamos sido eliminados na Alemanha.
O segundo tempo veio e, com ele, um Arsenal que no
início manteve seu ritmo e continuou pressionando, em busca do segundo gol. Aos
10 minutos da etapa complementar, eis que é marcado um pênalti para os alemães,
o lance capital do jogo, que matou o Arsenal na partida. Laurent Koscielny se
chocou com Lewandowski na área, o árbitro marcou pênalti e em seguida expulsou
nosso capitão por reclamação. Creio que, se não todos, a maioria esmagadora
acha o lance um tremendo absurdo, um contato absolutamente normal de jogo.
O que veio em seguida foi um verdadeiro desastre, eu
como um Gooner, sinto vergonha só de lembrar. Recuso-me a acreditar que uma
expulsão de um jogador, por mais importante que ele seja, possa desestabilizar
o time de tal forma. O elenco mostra, novamente, uma fraqueza psicológica
acentuada em momentos importantes. O Bayern apenas jogou futebol e nos mostrou
como deve ser jogado, aplicou em pleno
Emirates Stadium outro 5-1, no agregado, 10-2 para os alemães.
Nem nos meus piores pesadelos, nem o mais pessimista
torcedor do Arsenal ou até mesmo o mais otimista torcedor do Bayern, ninguém
poderia imaginar que seria desta forma, tamanha surra, lá e cá, chega a ser
surreal. O Arsenal não é assim. Nós, fãs
de toda a parte do mundo, que apesar do momento ser péssimo, estamos juntos com
o time em todos os jogos, acompanhando as partidas e torcendo; O que esperamos
são, no mínimo, apresentações dignas, que honrem o que este clube representa,
honrem o sentimento que há por trás daquele canhão estampado na camisa
vermelha.
Só não precisava se expor ao ridículo para o mundo todo, Arsenal (Foto: Mirror). |
Antes do vexame, a onda de protestos e movimentos
contra o Boss, tomou conta das redondezas de Highbury. A marcha deu-se início
em frente ao antigo estádio, tendo destino final no Emirates Stadium. Havia por
volta de uns 200 ou mais fãs do Arsenal participando deste protesto, cantando
coisas do tipo: "We wants Wenger Out" - "Queremos que o Wenger saia".
Procuro respeitar ao máximo todo o tipo de opinião,
mas neste caso, não é um simples posicionamento quanto ao futuro do clube.
Creio que hoje, apesar de existirem alguns fãs que defendam a permanência de
Arsène, estes representam uma minoria indiferente. Praticamente todos os fãs do
Arsenal concordam que é preciso mudar, pois infelizmente, o tempo de Arsène
Wenger chegou ao fim no clube. Não dá mais.
Dito isso, entretanto, sou totalmente contrário a essa
onda de abusos e insultos que parte da torcida tem adotado. Apesar de tudo,
Arsène Wenger merece o respeito de todos os torcedores. A história que ele
construiu dentro do Arsenal é fantástica e merece ser preservada e enaltecida,
sempre que possível.
A situação atual chegou a níveis incontroláveis, algo entristecedor (Foto: Mirror). |
O ideal não seria um adeus desta forma, mas percebi
que não há momento certo para dizer adeus, muito menos que há justiça no
futebol. O justo, com certeza seria uma despedida com títulos, por tudo o que
ele representa para o clube, mas não é bem assim que funciona. O momento de
dizer adeus chegou, ele será feito da pior maneira possível, com o clube
vivendo uma crise catastrófica, poucas vezes antes vista, porém, é a realidade
e devemos encarará-la.
Por: Thalles Monari // Twitter:@_thallesmonari
0 Comentários