Se alguém da Conmebol oferecesse a possibilidade do
empate logo após a expulsão do Vitor Hugo diante do horrível Atlético Tucumán,
certamente o palmeirense aceitaria com grande satisfação considerando o tempo
restante do jogo. O gol espírita sofrido dois minutos depois faria os mais
resistentes aceitarem de vez o negócio.
(Foto: Divulgação/Cesar Greco/Ag. Palmeiras) |
Mesmo assim, após o Palmeiras conseguir voltar com um
ponto na bagagem da Argentina jogando 70 minutos com um jogador a menos e
saindo atrás no placar, a torcida tratou de culpar e reclamar do treinador
Eduardo Baptista. Será que ele realmente merece tantas críticas assim? Eu acho
que não.
Eduardo apresentou um erro ontem: Entrar com dois
volantes marcadores contra um time que tinha muita dificuldade em trabalhar a
bola. Poderia sim ter ousado e trocado Thiago Santos por mais um meia-armador.
Neste caso, o time jogaria no 4-1-4-1 que a torcida tanto reclama. Ele,
reconhecendo que o desempenho tem sido melhor, optou por manter a dupla de
volantes na frente da área seguida pela linha de três meias.
Vale lembrar, Eduardo não tinha Tchê Tchê ou Moisés
para fazer esse segundo volante. É bem verdade que poderia também ter escalado
Zé Roberto nesse papel, trazendo Egídio pela esquerda – e deixando a
tradicional avenida pela esquerda que já é comum quando Egídio está em campo. O
que parece é que qualquer ação do treinador seria motivo para críticas e
reclamações. O desenvolver do jogo confirmou isso.
O Palmeiras controlava bem a partida e já tinha criado
uma grande chance com Borja (a primeira de três perdidas pelo ótimo atacante em
noite infeliz) quando Vitor Hugo foi expulso infantilmente. Eduardo optou
(corretamente) por recompor a defesa tirando o menos combativo Michel Bastos.
Novamente parte da torcida se manifestou contra, pedindo pela improvisação de
um volante que não está habituado a jogar em linha na zaga e poderia colocar
tudo a perder em um posicionamento errado.
A seguir, as reclamações foram para a falta de ousadia
em manter Guerra no banco e seguir com os dois volantes em campo, ignorando o fato
de que mesmo com um jogador a mais o time argentino pouco exigiu de Fernando
Prass. Ao contrário, quem assustou mais foi o Palmeiras que poderia ter vencido
a partida caso Borja não perdesse outra grande chance no segundo tempo ou a
bola de Jean escapasse cinco centímetros da cabeça de Dudu.
Mais uma vez, as cornetas voltam a soar pelo nome de
Cuca, sem nenhuma razão. Cuca não colocaria Guerra com um jogador a menos
empatando fora de casa. A imagem de um time ofensivo que parece morar na
memória do torcedor palmeirense ficou no primeiro turno de 2016. O Palmeiras da
reta final era bastante conservador, jogando com volante fixo e muitas vezes
sem o meia-armador (Cleiton Xavier) – e não apenas por lesão, mas também por
opção.
Por vezes esquecemos que o jogo dentro de campo não é
um videogame. Eduardo fez as opções corretas e ficou próximo de vencer. A
torcida, porém, parece nutrir um ódio cego apenas pela inexperiência do
treinador. Tivesse o Cuca feito exatamente as mesmas opções de ontem seria
enaltecido (merecidamente) pela mesma torcida.
O segredo da Libertadores sempre foi empatar fora e
vencer em casa, cenário que está dentro do conforme para o Palmeiras até o
momento. A torcida, porém, parece esquecer-se disso com uma soberba que não é
normal. Achar que vai ganhar e golear sempre é um erro que pode custar caro.
Nem Barcelona e Real Madrid conseguem vencer sempre e não raro passam muitas
dificuldades nas suas partidas.
O Verdão poderia ter vencido sim ao se lançar ao
ataque, como poderia ter perdido em um contra-ataque. Não existe nenhuma
garantia de qualquer cenário abrindo totalmente o time que, mesmo assim, teve
boas chances para marcar e vencer o jogo. O que nos tirou a vitória não foi
necessariamente a falta de coragem (como tantos falaram), mas a falta de
pontaria.
Será que aproveitando uma das várias chances criadas,
sem nenhuma alteração diferente, as críticas seriam tão duras assim? A
humildade é uma das virtudes de ser humanos, ao contrário da soberba que nunca
ajudou dentro da história do clube. Sobre isso, aliás, vale lembrar uma frase
importante: "a soberba nunca desce
de onde sobe, mas cai sempre de onde subiu". Espero que ela não faça a
queda sinônimo de eliminação.
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