Você deve estar se perguntando: Qual o lado positivo
de um empate em casa, quando se é preciso vencer para se recuperar na
temporada?
A verdade, é que, se analisarmos o atual momento do
Arsenal, este empate, mesmo sendo em nossos domínios, não foi algo tão ruim
assim. Infelizmente estamos vivenciando uma das crises mais espantosas da
história do clube. Em todos estes anos acompanhando o Arsenal, nunca vi tanta
bagunça como agora. A onda de protestos a Arsène Wenger têm sido a tônica
dessas últimas semanas, mas, além disso, muitos de nossos jogadores
encontram-se em má fase, temos sofrido com a falta de reação da equipe em
seguidas derrotas, corremos o risco de perder nossos principais jogadores já na
próxima janela de transferências e, na tabela, nos encontramos bem longe do top
four – lugar em que o Arsenal sempre esteve durantes esses 20 anos da era
Wenger.
Com todos estes agravantes, recebemos o Manchester
City neste domingo (02), em partida válida pela 30ª rodada da Premier League,
com um certo favoritismo dos Citizens, que vinham de uma excelente apresentação
da partida contra o Liverpool, antes da pausa internacional. Eles vieram nos
enfrentar com um time extremamente ofensivo, praticamente sem jogadores de
marcação no meio-campo e apostando no bom momento de seus homens de frente. O
Arsenal, com alguns desfalques: Petr Cech, Aaron Ramsey, Lucas Perez e
Oxlade-Chamberlain, todos lesionados – além de Cazorla, fora da equipe há algum
tempo.
Como já era previsto, a equipe de Manchester apostou
em uma pressão inicial com bastante volume de jogo, logo aos cinco minutos,
Leroy Sané aproveitou o espaço deixado por Mustafi, invadiu a área após
lançamento de De Bruyne, driblou Ospina e abriu o placar no Emirates. Seguimos
sofrendo com a pressão adversária e sem muitas variações. Nossas principais
jogadas saiam da esquerda, com Alexis e Monreal. Do lado direito, pouco se viu
em jogadas ofensivas, Walcott pouco fez por lá, contudo, foi o autor do gol de
empate do Arsenal, após vacilo da defesa do City; Theo, mesmo com um chute sem
tanta precisão, venceu Caballero e igualou o marcador, aos quarenta minutos.
Mal tivemos tempo para comemorar, já que em seguida, aos quarenta e dois
minutos, após um tremendo vacilo do Arsenal, Sérgio Agüero recebeu sozinho na
área e chutou cruzado para por os visitantes novamente em vantagem.
Na segunda etapa – sem Koscielny, que saiu lesionado
dando lugar a Gabriel – o Arsenal conseguiu logo nos primeiros minutos impor
alguma pressão e criar oportunidades. Logo aos noves minutos do segundo tempo,
Shkodran Mustafi empatou novamente a partida, com gol de cabeça, após cobrança
de escanteio de Özil – com este gol, o Arsenal se tornou a equipe com mais gols
de cabeça (14) na atual edição da Premier League. Özil por sua vez, com esta
assistência, chegou a 38 desde a sua estreia na competição, mais do que
qualquer outro jogador neste período.
Uma dupla que dá certo nas bolas paradas (Foto: Stuart MacFarlane) |
O que se viu após o gol, foram os Gunners tentando a
virada, com quase todas as jogadas passando pelo lado esquerdo do ataque. O
City, entretanto, conseguiu diminuir tal ímpeto do Arsenal, através da posse de
bola, que chegou a ser de mais de 60% na metade do segundo tempo. Eles chegaram
a oferecer perigo, mas pararam em Ospina, que desta vez, teve uma boa atuação,
assim como Nacho Monreal, que fez uma partida que merece elogios, sendo se não
o melhor, um dos melhores em campo pelo Arsenal. Com o empate, o Arsenal segue
em 6º lugar na Premier League, distante dos quatro primeiros.
O time continua bem longe de sua forma ideal, nossa
defesa apesar de formada por defensores de bom nível, continua sofrendo muitos
gols e permitindo muitas chances ao adversário – algo necessário a ser
corrigido. Com os desfalques de Cazorla, Ramsey e Ox, tivemos volantes de
difícil transição para o terço final do campo e com pouca influência nas
jogadas ofensivas. Xhaka e principalmente Coquelin se limitaram apenas a marcar
e a sair jogando, com muitos erros de passe – além dos cartões que ambos
levaram. Özil, apesar da assistência, se mostrou muito longe de seu bom nível,
principalmente por estar voltando à equipe neste domingo. No ataque, tanto
Welbeck, quanto Theo Walcott pouco fizeram, mesmo o camisa 14 sendo autor de um
dos gols do time. Alexis Sanchez como sempre, lutou e tentou muito, mas desta
vez não teve a mesma felicidade de outros jogos.
Temos muito a melhorar, precisamos reagir e sair desta
crise estabelecida na equipe, é o momento de dar uma trégua a toda esta onda de
protestos, ao menos durante os noventa minutos de cada jogo. É preciso apoiar,
torcer e passar confiança aos jogadores. Podemos terminar de forma digna esta
temporada, lutando para voltar ao top four e brigar em possíveis dois jogos
cruciais em Wembley, para conquistar mais uma taça de FA Cup. Não seria
suficiente para salvar a temporada, longe disso, mas seria um bom suporte para
um recomeço na próxima temporada, independente das incertezas que temos hoje. É
hora de reagir, a começar pela próxima quarta-feira (05), em duelo londrino
contra o West Ham, novamente no Emirates Stadium.
Por: Thalles Monari // Twitter: @_thallesmonari
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