Um herói improvável. (Foto: Cesar Greco/Ag Palmeiras/Divulgação) |
Raça, catimba, técnica, camisa pesada... Cenário
perfeito para um típico jogo pegado, com "cara" de Libertadores. E
foi isso mesmo que aconteceu na quarta-feira (12), quando o Palmeiras recebeu o
Peñarol no Alliaz Parque lotado pela Copa Libertadores. Dois campeões frente a
frente, dois times que já inclusive decidiram a competição. Nada poderia
atrapalhar esse clima, certo? Errado, ao menos para o senhor Roddy Zambrano,
árbitro do jogo. Mas vamos com calma aos fatos...
O 11 inicial escolhido por Eduardo Baptista foi
formado por Fernando Prass; Fabiano, Mina, Edu Dracena e Zé Roberto; Felipe
Melo, Tchê Tchê, Guerra, Dudu e William; na frente, Borja.
Desde o início do jogo, nenhum dos times teve vida
fácil. Muitas faltas e pouco futebol marcaram o começo da partida,
especialmente por parte dos uruguaios. Mesmo também não conseguindo ser
efetivo, o Palmeiras ditava as ações.
O sistema defensivo do Peñarol se mostrava bastante
sólido, e uma alternativa para escapar disso eram as jogadas individuais de
Dudu pelo lado esquerdo do campo. No entanto, todas eram paradas com faltas.
Aos 32 minutos, saiu o primeiro gol da partida. Após
cobrança de escanteio, o zagueiro Ramón Arias apareceu sozinho (Fabiano não o
acompanhou) na área para testar a bola para o fundo das redes de Fernando
Prass. 1 a 0 Peñarol. Um gol completamente inesperado visto o que produziu os
visitantes até então, e que pareceu abalar um pouco o time da casa, que passou
a cometer algumas faltas bobas e se mostrou um tanto desatento. Por pouco o
Peñarol não fez 2 a 0, não fosse por uma grande defesa de Prass. Descemos para
o intervalo atrás no placar.
Para o segundo tempo, Eduardo optou por não fazer
mudanças na equipe. Ainda bem. Voltamos a campo muito mais ligados, para
compensar o futebol que faltou na primeira etapa. O maior anseio do time era
marcar o mais rápido possível para buscar a virada o quanto antes. Dito e
feito. Logo aos dois minutos da segunda etapa, William apareceu sozinho na área
para empurrar para o fundo das redes, jogo empatado no Allianz Parque.
O primeiro objetivo já tinha ido, mas era pouco,
queríamos mais. E conseguimos! Apenas quatro minutos após o primeiro gol, Dudu
já fez o segundo: Guerra recebeu sozinho pelo lado direito, ergueu a cabeça e
enxerga o camisa 7 livre de marcação do outro lado da área para mandar a bola
para o fundo das redes. Em seis minutos de segundo tempo, já havíamos virado o
jogo aplicando um futebol extremamente dominante. Havia roteiro melhor que esse?
A resposta é sim. A chance de isso acontecer veio dos pés de Borja em cobrança
de um pênalti sofrido por Dudu. O atacante colombiano, sempre tão frio quando a
bola está na marca da cal, isolou a cobrança e desperdiçou a chance de aumentar
a vantagem palmeirense. Minutos após desperdiçar o penal, Borja ainda teve a
chance de se redimir, mas parou no bom goleiro Guruceaga. Coisas do futebol.
Nosso capitão fez o segundo gol palmeirense. (Foto: Cesar Greco/Ag Palmeiras/Divulgação) |
O gol de pênalti não veio, mas em momento algum o
Palmeiras tirou o pé, pelo contrário, seguia em cima todo o tempo. O Peñarol
pouco fazia além de cometer faltas e enrolar na bola parada, um gol naquele
momento praticamente mataria o jogo. Oportunidades de abrir 3 a 1 não faltaram,
mas marcar não estava sendo uma tarefa fácil. Em outra oportunidade clara,
Guruceaga fez grande defesa em chute de Michel Bastos (entrou no lugar de
Borja) e no rebote, Hernández salvou em cima da linha a finalização de Tchê
Tchê. Lance incrível.
No lance seguinte ao quase-gol de Tchê Tchê, o
improvável de novo aconteceu: Gol de empate do Peñarol. Após falta levantada na
área, Gastón Rodriguez apareceu livre para aproveitar o rebote de Prass e ainda
provocou a torcida palmeirense na comemoração, apontando para o patch com os
cinco títulos de Libertadores na camisa do Peñarol. A partir daí, só conseguia
pensar em uma coisa, "mexeu com a
torcida errada Rodriguez, mexeu com time errado". Queriam jogar com o
peso da camisa, logo contra nós, o maior campeão do Brasil, o primeiro campeão
mundial. Aquilo não ia ficar daquele jeito.
Com o decorrer do jogo, Roddy Zambrano foi
escancarando sua inaptidão para arbitrar uma partida com tamanha importância
como a que foi requisitado. Nunca antes vi um juiz que demorasse tanto para
assinalar suas marcações. Completamente perdido em campo. Os uruguaios, que claramente
tinham a proposta de cozinhar o jogo, usufruíram bem da situação, especialmente
após seu segundo gol.
Não havia outro resultado imaginável para nós se não a
vitória. Não seria catimba uruguaia ou um péssimo juiz que nos parariam naquela
noite. Ainda tínhamos quinze minutos mais os acréscimos para conquistar os três
pontos, então seguimos pressionando.
Minutos após o gol de empate do Peñarol, aconteceu o
lance mais INACREDITÁVEL da partida: Tchê Tchê acha William no meio da zaga
uruguaia; o atacante avança em velocidade e dribla o goleiro. Este que vos
escreve já pulara do sofá com o grito de gol na beira da garganta, mas em uma
fração de segundo, fico calado e as mãos vão à cabeça. William acertou o
travessão. Por que tinha que ser tão sofrido? Eu me perguntava.
O Peñarol simplesmente não queria mais jogar futebol.
Se durante o jogo todo já havíamos tido mais tempo de bola parada do que
rolando, nos minutos finais do jogo isso se agravou consideravelmente. O pouco
caso dos uruguaios em jogar somados à enrolação natural do árbitro tornavam
cada bola parada e substituição do Peñarol em uma eternidade. Quando a placa
subiu indicando cinco minutos de acréscimo podia parecer um tempo adicional
considerável, mas visto os fatores já citados, era pouco.
(Foto: Cesar Greco/Ag Palmeiras/Divulgação) |
A cera do Peñarol era tanta que até seu técnico
Leonardo Ramos foi expulso por chutar uma bola para dentro de campo. Aos 46’,
já nos acréscimos tivemos uma falta para cobrar na lateral do campo. Dudu se
posicionou para cobrar, mas um jogador adversário ficava em frente à bola,
impedindo a cobrança. Ao invés de interferir, Zambrano preferiu deixar rolar
por mais de dois minutos, até que Dudu compreensivelmente se irritou e reclamou
com o árbitro. Quando pensei que Zambrano finalmente puniria o jogador do time
visitante que impedia a cobrança, o árbitro equatoriano puxou o cartão amarelo
para DUDU! Nosso capitão, irritado com a decisão do juiz, como qualquer outro
palmeirense, reclamou novamente. Zambrano aparentemente não gostou de ouvi-lo e
EXPULSOU DUDU, vermelho direto! Eu, como torcedor, não me lembro de ter ficado
tão irritado com algo relacionado à futebol como nesse lance. Como um juiz
pífio como esse pode ser arbitro FIFA desde 2012? Um completo absurdo.
Depois de o jogo ficar parado por quase cinco minutos,
a falta finalmente pode ser cobrada, agora por Michel Bastos. Para tentar
compensar o tempo perdido, foi adicionado mais três minutos de jogo aos
acréscimos, isso quando a partida já passara dos 50 minutos no segundo tempo.
O Palmeiras tentava a todo custo chegar ao gol. Com
quase que todos os jogadores no campo ofensivo, nos expomos demais, proporcionando
à equipe uruguaia a chance de contra-atacar. Em uma dessa, quase sofremos a
virada, mas Gastón Rodriguez -aquele que
fez o segundo gol- finalizou por cima do gol de Prass.
Quando o segundo tempo já beirava os 54 minutos,
partimos para o ataque pela última vez. No melhor estilo Cucabol do ano
passado, um arremesso lateral foi cobrado para área, Mina desviou de cabeça e
Fabiano quase marcou, mas Guruceaga mandou para escanteio. Do córner esquerdo,
viria nossa chance final. Michel Bastos levanta a bola na área, Fabiano sobe de
cabeça e faz explodir o Allianz Parque. ERA O GOL DA VITÓRIA! Logo dele, de
Fabiano, nossa peça mais fraca em campo. Mais uma vez Fabiano foi herói, mais
uma vez um herói improvável. Eu, como qualquer Palmeirense, gritei até perder a
voz. Sem duvida alguma, o gol que mais comemorei desde muito tempo.
Um fato no mínimo curioso sobre a péssima arbitragem
de Roddy Zambrano foi como a imprensa brasileira e uruguaia trataram do jogo.
Ambas viram o time de seu país prejudicado; no Brasil pela enrolação e pela
expulsão de Dudu e no Uruguai por Zambrano ter deixado o jogo durar mais que o
acréscimo determinado. Só mais uma forma de exemplificar o quão ruim foi a
noite de Zambrano.
É, Rodriguez; pelo visto também sabemos jogar no peso
da camisa. Respeitem o Palmeiras; agora queremos a América! AVANTI!
Por: Matheus Moraes // Twitter: @mathmoraees
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