O que você, leitor, irá ler agora não será mais um pós-jogo
como estão acostumados ou uma opinião que costumamos deixar aqui. O texto de
hoje será um pouco diferente do que normalmente deixo aqui, será uma história
de como foi uma das classificações mais suadas da história do Flamengo.
Como em 90% dos jogos do Flamengo, costumo vê-los ao
lado do meu pai e meu irmão, desse jeito vimos inúmeras vitórias e títulos e
algumas decepções. Uma dessas decepções certamente está na memória à eliminação
para o Atlético-MG em 2014, em uma situação muito parecida com o que viveríamos
nesta ultima quarta-feira.
Aquela derrota para o Galo somada às eliminações para
América-MEX e Llibertadores 2017 me ensinaram que o Flamengo nunca pode ser
taxado como classificado e dessa vez eu tinha aprendido, não brincava com
nenhum rival, não cravava classificação, nada. Ainda tinham 90 minutos para ser
jogados dentro do alçapão da Vila Belmiro.
Antes de a bola rolar, a Nação já estava tensa com a
escalação. Alex Muralha ressuscitou no gol Rubro-Negro e Rafael Vaz continuava
como titular absoluto, Márcio Araújo nem se fala mais. Justificando a
escalação, Zé Ricardo disse que Muralha havia treinado em alto nível e sua
experiência era importante para o time naquela noite.
Foto: Gilvan de Souza |
Começou o jogo, no meu quarto ainda todos tensos, mas
ainda sim tranquilos, pois aquele time de alguma forma nos deixava "confiantes"
por mais que não venham mostrando isso. O Santos tentava ensaiar uma pressão, o
Flamengo mantinha a calma e encontrava uma boa escapatória com Berrío nas
costas de Jean Motta. Algumas tentativas e nada, talvez na 3° ou 4° Guerrero e
Diego tabelaram no meio-campo e o camisa 35 achou um passe magistral para
Berrío entrar cara a cara com Vanderlei, o colombiano não hesitou e deu uma
cavadinha e abriu o placar para o Mengão. Aqui, o clímax da noite, estamos
classificados! Porém algo me segurava e lá no fundo vinha a imagem do gol de
Éverton no Mineirão, a história se repetiria?
Algum tempo depois, Bruno Henrique, o único Santista
que jogou o 1°tempo driblou Berrío e Pará e mandou um chutaço de rara
felicidade, sem chances para o "experiente" Muralha pegar, jogo
empatado, 3 a 1 no agregado e mais uma vez era o filme de 2014 na minha cabeça.
Um pouco mais tarde, o polêmico lance entre Réver e Bruno Henrique. Pênalti?
Não pênalti? Enquanto isso meu pai só se lamentava, eu só olhava para o chão e
pensava: "Por que só com o Flamengo?".
Vuaden voltou atrás e corretamente. Obrigado São Judas Tadeu, essa a gente tá
te devendo.
Assim como em 2014, o 1° tempo terminara 1 a 1. Coincidência
ou não, eu já tava semimorto no meu quarto, gostaria de ter a mesma calma que
meu irmão tem para ver jogos. Com menos de 1 minuto, Guerrero recebeu de
Éverton e mandou de canhota para o gol, 2 a 1 e ali eu esqueci todos os
vexames, estávamos classificados. Pobre torcedor, esqueceu que a zaga tinha
Rafael Vaz que menos de 10 minutos depois inventou de driblar dentro da área e
cedeu o escanteio derradeiro para o Alvinegro Praiano. Cruzamento e gol de
Copete, 2 a 2, e talvez no mesmo lance, eu não sei o que aconteceu, estava
abatido o suficiente para assistir aquele jogo ainda, Victor Ferraz mandou um
balaço e incrivelmente virou o jogo. Ali tudo acabou, eu nunca ouvi tanto
xingamento vindo do meu pai em um jogo do Flamengo, a vontade que tínhamos era
entrar pela televisão e arrancar aquele uniforme do camisa 33, inacreditável.
Foto: Gilvan de Souza |
O 2° tempo demorou alguns dias para passar, o Flamengo
não jogava e aquele maldito jogo de 2014 não saía da minha cabeça, a certeza
que seríamos eliminados era maior a cada ataque do Santos. Dentro do meu quarto
a respiração alta e nervosa minha e de meu pai fazia meu irmão olhar para nós
com um jeito de "esses morrem hoje"
e quase que foi assim mesmo. Mais pro fim do jogo, o Flamengo começou a trocar
passes e passes, mas mesmo assim meu emocional já tinha ido pro espaço, tudo
que eu queria ali era que o juiz acabasse o jogo com 15 minutos faltando ainda.
Faltando 30 segundos para acabar o jogo, o Flamengo
ainda inventou de tomar o 4° gol para piorar a situação, não lembro mais o que
aconteceu no final daquele jogo, estava ajoelhado no chão com a cara enterrada
no colchão e o travesseiro por cima, só lembro-me de ter recebido uma mensagem
da minha namorada perguntando: "Você
tá vivo?", não muito, mas estava. Após o apito de Vuaden, aquela
mistura de ódio pela passividade do time e felicidade pela classificação e
êxtase dentro do meu quarto, era Mengão classificado para mais uma semifinal de
Copa do Brasil, e vamos em busca do Tetra.
Essa foi a história de três Rubro-Negros dentro de um
quarto minúsculo que por muito pouco não morreram durante aquele jogo. Mãe e
vizinhos. desculpem-nos pelos gritos.
Vamos, Flamengo!
Rumo ao Tetra.
Por: Matheus Subtil
Twitter: @matheusubtil
4 Comentários
Boa história Matheus. Isso deve ter acontecido em milhares de lares ontem. Espero que a torcida do Flamengo não tenha diminuído...Agora é com o meu Fogão. Só espero que a ajuda da divina TV não os ajude e ganhe quem jogar maia bola em campo.
ResponderExcluirBoa história Matheus. Isso deve ter acontecido em milhares de lares ontem. Espero que a torcida do Flamengo tal tenha diminuído...Agora é com o meu Fogão. Só espero que a ajuda da divina TV não os ajude e ganhe quem jogar mais bola em campo.
ResponderExcluirBoa história Matheus. Isso deve ter acontecido em milhares de lares ontem. Espero que a torcida do Flamengo não tenha diminuído...Agora é com o meu Fogão. Só espero que a ajuda da divina TV não os ajude e ganhe quem jogar mais bola em campo.
ResponderExcluirFoi ótimo secar o flamengo. Kkkk foi divertido ver o sofrimento dos torcedores em barzinho kkk
ResponderExcluirA propósito, você escreve muito bem. Esta de parabéns