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Baixada: Casa do inimigo

Tem como aproveitar algo do jogo contra o GrĂªmio? Mesmo com os Ăºltimos resultados pĂ­fios, com nove jogos sem vitĂ³ria, com a 4ª derrota dentro de casa no mĂªs de julho, ainda dĂ¡ para se aproveitar algo do jogo contra o GrĂªmio. Uma liĂ§Ă£o que vale para todos os Atleticanos sejam eles jogadores, torcedores, diretores ou atĂ© funcionĂ¡rios do clube. NĂ£o se pode almejar a vitĂ³ria, o tĂ­tulo, a glĂ³ria, sem fĂ©, amor, empenho, raça e dedicaĂ§Ă£o e principalmente que devemos antes de tudo, nos orgulharmos de sermos Atleticanos, mesmo que o momento seja infeliz.

Sou Atleticano com orgulho! Sou daqueles que acreditam em milagres, embora tenha visto poucos. Acredito que o impossĂ­vel Ă© questĂ£o de mentalidade, sĂ³ Ă© impossĂ­vel se vocĂª julgar ser. Sou Atleticano de um tempo em que grandes conquistas nĂ£o eram nem sonhadas, quanto mais alcançadas. Sou daqueles que veste a camisa na vitĂ³ria ou na derrota e em qualquer dia da semana, sem me importar com o sarro adversĂ¡rio e atĂ© mesmo do “torcedor” Atleticano, que hoje Ă© mais comum do que dos adversĂ¡rios, Ă© essa nova facĂ§Ă£o de idiotas que torcem contra.

Eu e mais 11 mil Atleticanos (3 mil eram gremistas) fomos a Baixada, numa gĂ©lida noite de quinta, acreditando no impossĂ­vel. SĂ³ torcedores apaixonados pelo time colocam 11 mil, em um jogo desses, com diferença de quatro gols, e com um time reserva em campo. E sabe por que fomos a Baixada? Para ver o AtlĂ©tico jogar. NĂ£o fomos ver o GrĂªmio, ou o “curinthia”, ou o “flamĂ­dia”, fomos ver o AtlĂ©tico. E nĂ£o importa se ganhamos ou se perdemos, o que importa Ă© que estĂ¡vamos lĂ¡ para levar nosso apoio ao clube que amamos. Isso jĂ¡ Ă© suficiente para mostrar ao Brasil que somos grandes, nĂ£o somos o clube verde que colocaria no mĂ¡ximo duas mil pessoas em um jogo assim.

Foto: Marco Oliveira / Site Oficial
Somos os verdadeiros Atleticanos, forjados no fogo do CaldeirĂ£o, com resultados negativos e derrotas acachapantes no passado, derrotas de todos os tipos. Sobrevivemos, ainda sobrevivemos e somos uma raça Atleticana em extinĂ§Ă£o. Enquanto estivermos vivos, nĂ£o nos entregaremos e ficaremos atĂ© o apito final, para ao menos vibrar no Ăºltimo lance com um gol de falta e mesmo que isso nĂ£o valha nada, ainda assim vale muito. E com esse desabafo Atleticano abro a coluna de hoje sobre o jogo.

O resultado foi pĂ©ssimo, a classificaĂ§Ă£o nĂ£o veio, vimos muitas coisas horrĂ­veis, mas ainda assim prefiro aproveitar o que vi de bom, o que pode ajudar o futuro do FuracĂ£o. O jogo começou em ritmo forte, pegado, correria, dedicaĂ§Ă£o, empenho, dividida, gostaria de ver isso em todos. Recheado de reservas o AtlĂ©tico foi para cima do GrĂªmio e conseguiu ter o apoio dos 11 mil Atleticanos que cantaram e lutaram junto com o time nos 90 minutos, ao invĂ©s de vaiarem. Sim, estĂ¡vamos temerosos de uma goleada na Arena, mas a dedicaĂ§Ă£o do time, mesmo que limitadĂ­ssimo, impediu um vexame monstruoso.

Aos 5’ faltou um "pĂ©" para Matheus Anjos abrir o placar. O GrĂªmio administrava o jogo, afinal veio com um mistĂ£o. Chegou duas vezes. Mas o FuracĂ£o, mesmo limitado, era valente e aos 15’ colocou uma gota de esperança no coraĂ§Ă£o da torcida. Coutinho deixou a marcaĂ§Ă£o para trĂ¡s na direita e cruzou na medida para Pablo completar para o gol. A torcida explodiu de alegria, fazia um mĂªs que nĂ£o sabĂ­amos o que era comemorar um gol na Baixada. Coutinho atĂ© que estava bem no jogo, nĂ£o era aquele jogador decisivo e brilhante, pelo menos se dedicava.

Foto: Marco Oliveira / Site Oficial
O AtlĂ©tico perdia o meio. Eduardo Henrique sĂ³ figurava em campo, quando tinha a bola nĂ£o sabia o que fazer e quase sempre matava qualquer chance de ataque ou de ligaĂ§Ă£o direta, tocava de lado ou para trĂ¡s e Ă s vezes atĂ© de forma displicente, totalmente pĂ­fio e diria atĂ©, um a menos em campo. Rossetto e Matheus Anjos tentavam de todas as formas burlar a marcaĂ§Ă£o. E como todos sabem hĂ¡ mais de 100 anos, Ă© primordial em qualquer jogo de futebol primeiramente ter o controle do meio campo, sem isso, o caminho para derrota Ă© mais curto.

A festa rubro-negra durou 11 minutos. 26’ Pedro Rocha recebeu na Ă¡rea, deu um drible de vĂ¡rzea em Cascardo e empatou o jogo. Que balde de Ă¡gua fria nas esperanças de um milagre. O time corria muito, mas sem eficiĂªncia. Gedoz ajudava na marcaĂ§Ă£o, mas errava muitos passes. Pablo sempre sufocado por dois ou trĂªs marcadores, e com a falta de entrosamento e de orientaĂ§Ă£o, ninguĂ©m chegava para auxiliar. Matheus Anjos fazia boa partida, o garoto Ă© bom, tem habilidade e em um time com jogadores de qualidade tem futuro. Cleberson bem cortava tudo, nĂ£o teve culpa no gol do GrĂªmio. Wanderson tambĂ©m dava conta do recado.

Segundo tempo começou sem muitas emoções, o AtlĂ©tico chegou apenas aos 9’ com Pablo que bateu fraco e cruzado, faltou alguĂ©m para acompanhar a jogada e complementar para o gol. Aos 10’ Sidcley entrou no lugar de Nicolas e confesso nĂ£o gostei da substituiĂ§Ă£o, mesmo sabendo que Nicolas estava amarelado. Eduardo Henrique era uma peça nula como volante e esse lugar poderia ser bem aproveitado atĂ© por Matheus Anjos, dando liberdade para Sidcley mais avançado.

Foto: Marco Oliveira / Site Oficial
Aos 18’ Pablo bateu na saĂ­da do goleiro apĂ³s boa jogada de Gedoz, a bola passou rente a trave. 22’ Coutinho cruzou perigosamente e Grohe desviou. O GrĂªmio administrava como lhe convinha e nĂ£o demorou para aproveitar nova bobeira da zaga. Aos 24’ a bola foi levantada na Ă¡rea, de cabeça em cabeça, nenhum Atleticano para cortar e caiu nos pĂ©s de Everton, 2x1 GrĂªmio. Aos 27’ outra substituiĂ§Ă£o que discordo. É difĂ­cil ver Coutinho bem na maioria dos jogos, mas neste jogo ele estava sendo fundamental, com a velocidade e alguns cruzamentos perigosos ele ainda ajudava a municiar o ataque, que perdeu força com a sua saĂ­da.

Eduardo Henrique continuava em campo. Mas sabe o que ainda valia a pena? Era ver que alguns dos garotos tentavam de todas as formas alguma mĂ¡gica, correndo, marcando, se dedicando e nesse ponto tinha apoio da torcida, mesmo sabendo que nĂ£o resultaria em muita coisa. Aos 30’ Gedoz cobrou falta e Grohe salvou. Aos 33’ Rossetto recebeu de Yago e chutou em cima da zaga gremista, a bola pipocou com perigo e Grohe acabou evitando o gol, ligou o contra-ataque com Everton livre no meio, que tocou para Pedro Rocha marcar o terceiro.

Onde estava Eduardo Henrique? Com o motor desligado! EntĂ£o Soares sacou Eduardo Henrique e colocou Eduardo da Silva. O time embora limitado demais, continuou brigador e aos 40’ Pablo arriscou de longe, a bola passou perto. Pablo era o atacante mais efetivo, aquele que realmente tentava algum milagre e foi nele a falta que aos 46’ Gedoz transformou em gol em uma cobrança perfeita. ApĂ³s o gol, apito final e fim da agonia! 3x2 para o GrĂªmio em um jogo que para o AtlĂ©tico valeu mesmo pelo espĂ­rito de luta dos jogadores.

Em tempo: Tirinhas valiosas

Estamos arrasados com os Ăºltimos resultados, mas a hora Ă© de encontrar forças para ainda tentar um milagre na Libertadores e evitar uma queda pra segundona. SĂ³ se decepcionam com desclassificações e derrotas, torcedores que tem um time que participe de vĂ¡rias competições. Clubes milionĂ¡rios como o AtlĂ©tico MG e Palmeiras ficaram de forma lastimĂ¡vel fora da CB. O Flamengo “multimilionĂ¡rio” foi eliminado no nosso grupo da Libertadores, o Corinthians nem lĂ¡ chegou e estĂ¡ fora da CB e os “xoxinhas”, bem, desses a natureza cuida.

Nos prĂ³ximos dias revelarei salĂ¡rios de jogadores brasileiros. Simplesmente absurdo e desleal. Por isso a Globo "ajuda" tanto os times do eixo. NĂ£o hĂ¡ como competir! Tem salĂ¡rio de R$ 1 milhĂ£o mensais. E com isso exposto, quero ver quem poderĂ¡ indicar reforços Ă  altura daqueles que estĂ£o nos times do eixo. Jogadores brasileiros bons e custo baixo sĂ£o raros. A Ăºnica forma de encontrar um talento Ă© aplicando na base como o clube faz. O problema Ă© que a torcida queima logo jovens valores e nĂ£o dĂ¡ o devido tempo para amadurecimento, como foi o caso de Marcos Guilherme que irĂ¡ brilhar no SĂ£o Paulo, lĂ¡ a filosofia da torcida Ă© outra. Nossa salvaĂ§Ă£o Ă© a base!

JĂ¡ encheu o saco o nĂºmero de ofensas pessoais e atĂ© preconceituosas de muitos "torcedores" (pelo menos se dizem) do prĂ³prio AtlĂ©tico. Uma leva de gente que Ă© pior que torcedor coxa e deveria migrar para o Chicouto com urgĂªncia, lĂ¡ eles serĂ£o mais Ăºteis. E como jĂ¡ escrevi, xingar pelas redes Ă© fĂ¡cil, coisa de frouxo, quando Ă© cara a cara viram galinhas. Fases ruins acontecem de tempos em tempos, pior seria estar nas SĂ©ries B, C ou D. Se o momento Ă© ruim pelo menos hĂ¡ salvaĂ§Ă£o. Se esse ano nĂ£o deu, vamos para o ano que vem, o negĂ³cio Ă© bater a poeira e dar a volta por cima.

ParabĂ©ns Ă queles que tĂªm opiniĂ£o diferente da minha, mas prezam pela educaĂ§Ă£o e debates sadios. Nos Ăºltimos dias conheci pessoas que mesmo com opiniões diferentes, sĂ£o educadas e de uma Ă©tica sensacional. Pensamento de ontem durante o jogo: Bom se pudĂ©ssemos aplicar na maioria em jogadores estrangeiros, eles se doam mais que brasileiros, sĂ£o mais raçudos e nĂ£o se entregam fĂ¡cil, mas a regra nĂ£o permite. PrĂ³ximo jogo Ă© clĂ¡ssico contra o Vasco, times que se equivalem no momento, dĂ¡ para beliscar os trĂªs pontos no Rio.

Por: Robson Izzy Rock @Robson_IzzyRock

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2 ComentĂ¡rios

  1. Robson como sempre um texto muito inteligente. NĂ£o fui ao jogo ontem, mas torci, esperando um milagre como os 11 mil que estavam na Arena.

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    1. Obrigado pelo elogio Mauro.
      Necessitamos de Atleticanos como vocĂª, que estarĂ£o sempre de um jeito ou de outro com o AtlĂ©tico na alegria ou na tristeza, atĂ© a morte.

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